Poltrona dos Dragões

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"O Salão de Vidro" projetado por Paul Ruaud com móveis de Eileen Gray, com destaque para a segunda poltrona, a "Poltrona dos Dragões" à esquerda.

A Poltrona dos Dragões (francês: "Fauteuil aux Dragons") é uma peça de mobiliário projetada pela arquiteta e designer irlandesa Eileen Gray entre 1917 e 1919. A poltrona dos dragões foi vendida por 21 milhões e 905 mil euros em 2009, estabelecendo um novo recorde para uma peça de arte decorativa do século XX.

Design[editar | editar código-fonte]

A cadeira é uma poltrona estofada de madeira com dois dragões lacados estilizados. Tem 61cm de altura, 91 cm de largura e 67cm de profundidade.[1]

A descrição feita pelos leiloeiros da Christie's foi:[1]

Além disso, a Christie's colocou também que a cadeira "...destila tudo o que é tão pessoal e mágico na primeira fase intimamente expressiva da carreira da srta. Gray - surpreendente, imaginativa, sutilmente esculpida e trabalhada, é uma obra-prima da invenção e da execução".[1]

Eillen Gray trabalhou na cadeira entre 1917 e 1919, envernizando a peça manualmente e deixando a laca em seu banheiro úmido antes de passar dias polindo a peça. Era parte dos móveis criados para Juliette Mathieu-Lévy, socialite parisiense que foi a primeira cliente que permitiu que Eillen criasse todo um ambiente em seu apartamento. O estofamento original era de cor salmão pálida, adequando-se à estética geral de Gray para o local.[2]

Jennifer Goff, curadora da exposição permanente de Eillen Gray no Museu Nacional da Irlanda, achava que a cadeira era o "perfeito exemplo da designer que a criou - completamente única (e) bastante excêntrica".[3]

As imagens do dragão e as nuvens representadas na cadeira foram comparadas às encontradas na iconografia da arte chinesa tradicional[1], e a natureza fluida dos apoios de braços esculpidos foi comparada a um "monstro marinho" e deu a cadeira o apelido de "Dragões".[4][5]

História[editar | editar código-fonte]

O primeiro proprietário da cadeira foi a principal cliente de Gray, Juliette Mathieu-Lévy, fazendo parte da coleção Suzanne Talbot.[1][6] Foi adquirida pelo negociante de arte parisiense Cheska Vallois em 1971 por 2.700 dólares e depois vendida por ele ao estilista francês Yves Saint Laurent em 1973.[5]

A cadeira foi colocada à venda como parte da coleção Yves Saint Laurent e Pierre Bergé em fevereiro de 2009 na casa de leilões da Christie's em Paris. Ele foi vendido por 21 milhões e 905 mil euros, contra uma estimativa de pré-venda de 2 a 3 milhões, estabelecendo um novo recorde para uma obra de arte decorativa do século XX. O preço bateu o recorde anterior em 22 milhões de dólares.[1] O comprador da cadeira em 2009 foi o mesmo negociador de arte que a comprou em 1971, Cheska Vallois, que mais tarde comentou que o custo de aquisição da poltrona era "o preço do desejo" - dessa resposta vem o nome do filme The Price of Desire, um filme biográfico de Eillen Gray, que tem uma recriação da cena do leilão.[3]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f «Fauteuil Aux Dragons, Vers 1917-1919» (em inglês). Christie's. Consultado em 20 de maio de 2020 
  2. Van De Walle, Mark (5 de maio de 2011). «Eileen Gray's Modern Masterpieces» (em inglês). Departures. Consultado em 20 de maio de 2020 
  3. a b Edgar, Ray (25 de setembro de 2015). «Are you sitting down? How a $43m chair brought to light a forgotten designer». Sydney Morning Herald (em inglês). The Sydney Morning Herald. Consultado em 20 de maio de 2020 
  4. Flint, Anthony (2014). Modern Man: The Life of Le Corbusier, Architect of Tomorrow (em inglês). [S.l.]: Houghton Mifflin Harcourt. p. 110. 256 páginas. ISBN 978-0-544-26222-5 
  5. a b «Small brown armchair sells for £19 million» (em inglês). The Daily Telegraph. 25 de fevereiro de 2009. Consultado em 20 de maio de 2020 
  6. Mackenzie, James (25 de fevereiro de 2009). «Record-breaking YSL art auction shrugs off crisis» (em inglês). Reuters. Consultado em 20 de maio de 2020