Priyè Ginen

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A Priyè Ginen (crioulo haitiano: oração da África) é uma prece popular haitiana, utilizada nas aberturas dos rituais de Vodu.[1] A oração, ícone da simbiose entre a cosmologia cristã e africana que se desenvolveu no país, mescla elementos do catolicismo popular e de tradições animistas provenientes da África, invocando, a um só tempo, a proteção do Deus cristão, de diversos santos católicos e dos loás, ancestrais divinizados que, conforme crê-se, teriam a faculdade de se fazer presentes entre os fiéis mediante a possessão de um de seus devotos.[2]

Priye, vocábulo crioulo para oração, deriva do francês prière, de mesmo significado, ao passo que Ginen tem sua provável origem em guinéen, termo francês para guineense ou habitante da Guiné,[3] região da África que passou a denominar o continente em sua inteireza.

Em seus trechos iniciais, a priyè Ginen assemelha-se às litanias do catolicismo oficial, sendo cantada em francês.[3] Invoca-se, preliminarmente, a proteção dos santos católicos, sendo recorrentes as rogativas à Virgem Maria, Jesus e à eucaristia, entoadas de início pelo sacerdote oficiante após qual se segue toda a congregação, em uníssono. Neste momento, são infrequentes os toques dos tambores, instrumento de percussão que rege o culto vodu, embora, em determinados momentos, os participantes batam palmas, em respeito às entidades que, conforme acreditam, se fariam presentes no recinto do ritual. Orações do catolicismo normativo, tais como o Pai Nosso e a Ave Maria, são frequentemente recitadas em conjunto com as estrofes iniciais da prece africana, invariavelmente em francês.

Finda a etapa preliminar, segue-se a invocação às entidades de origem africana, fase que é comumente referida com priye Dyo.[3] A oração torna-se, a partir de então, mais frenética,[2] entrecortadas de trecho em línguas africanas. Os toques dos tambores tornam-se, então, mais frequentes, além das palmas, usadas, como já mencionado, para aclamar as entidades. Terminada a prece, que pode se processar por um período considerável, iniciam-se os rituais que culminarão com a possessão dos fiéis pelas divindades.

Referências

  1. Kail (201-, p. 226)
  2. a b Louis (2007, p. 185)
  3. a b c Smith (2015, p. 10)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • KAIL, T. M. Narco-Cults: Understanding the Use of Afro-Caribbean and Mexican Religious in the Drug Wars. CRC: Boca Raton, 201-.
  • LOUIS, A. Voodoo in Haiti: Catholicism, Protestantism and a Model of Effective Ministry in the Context of Voodoo in Haiti. Tate Publishing: Mustang, Oklahoma, 2007
  • SMITH, T. J. The journey of Voodoo from Haiti to New Orleans: Catholicism, slavery, the Haitian Revolution in Saint-Domingue and its transition to New Orleans in the New World. Tese de PhD. Universidade Estadual do Texas: San Marcos, 2015.