Projeto de João Kahir para o Plano Piloto de Brasília

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Projeto de João Kahir para o setor de habitações de Brasília.

O Projeto de João Kahir para o Plano Piloto de Brasília foi um dos 26 esboços de construção da atual capital do Brasil participantes do Concurso para o Plano Piloto de Brasília, realizado em 1957, que determinava uma infraestrutura em dois eixos, sendo o projeto do arquiteto paulista João Kahir baseado nos preceitos modernos de habitação, com blocos residenciais sobre pilotis e casas ao redor de áreas de lazer e áreas livres, tendo como foco evitar as diferenças de classes, distribuindo toda a população em áreas semelhantes e moradias padronizadas.[1]

João Kahir, embora fosse um arquiteto renomado por diversas obras realizadas no Rio de Janeiro e também pelo projeto do Estádio Trapichão, antigo Estádio Rei Pelé, localizado em Maceió, [2]não teve seu projeto de Plano Piloto de Brasília classificado entre os finalistas do referido concurso.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Exposição fotográfica dos planos de Brasília.

Em 1956, o então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, que tinha como uma de suas principais metas de governo a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para o Planalto Central e estava em seu primeiro ano de mandato, anunciou o Concurso para o Plano Piloto de Brasília, processo licitatório este que teve edital publicado no Diário Oficial da União, no dia 30 de setembro daquele ano e foi organizado pela Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal, comissão criada por Kubitschek após Oscar Niemeyer, arquiteto de sua confiança, recusar-se a realizar o projeto urbanístico, optando e se responsabilizando apenas pelo planejamento arquitetônico das edificações.[3]

As condições e normas previstas no documento compreendiam a participação exclusiva de pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no país, regularmente habilitadas para o exercício da engenharia, da arquitetura e do urbanismo e um plano de cidade, transcrito em papel com tinta e cópia heliográfica, contendo um traçado básico, indicando a disposição dos principais elementos da estrutura urbana, projetada para quinhentas mil pessoas em uma área de cinco mil quilômetros quadrados, com um relatório de justificativa dos cálculos e do esquema cartográfico.[3]

Ao todo, foram realizadas 62 inscrições no concurso, entre pessoas físicas e jurídicas, sendo a maioria esmagadora de pessoas físicas, das quais algumas se dividiram em equipes para a idealização das propostas, que totalizaram 26 anteprojetos. O plano de João Kahir foi feito individualmente e estava cadastrado como o anteprojeto de número 18.[4]

Proposta[editar | editar código-fonte]

O projeto de João Kahir para o Plano Piloto de Brasília foi baseado na arquitetura moderna do século XX. Sua proposta compreendia a construção de blocos residenciais sobre pilotis e a edificação de casas padronizadas ao redor de áreas livres e áreas de lazer.

A construção de blocos residenciais, moradias coletivas verticais, seria realizada sobre pilotis, grelha de pilares ou colunas em um pavimento térreo que sustentam uma edificação. [5]Tal ideia teria a finalidade de evitar segregacões sociais.

Em contrapartida, as casas, residências individuais horizontais, ficariam distribuídas ao redor de superquadras com áreas livres e áreas de lazer, sendo que todas essas casas teriam um padrão homogêneo, enfatizando ainda mais o foco de João Kahir em prevenir as diferenças de classes.[6]

Decisão do júri[editar | editar código-fonte]

O júri do concurso, composto por dois representantes da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), um representante do Instituto de Arquitetura do Brasil, um representante do Clube de Engenharia e dois urbanistas estrangeiros, deveria selecionar dez finalistas, embora somente os cinco primeiros classificados fossem receber premiações, sendo um milhão de cruzeiros para o primeiro lugar, quinhentos mil cruzeiros para o segundo lugar, quatrocentos mil cruzeiros para o terceiro lugar, trezentos mil cruzeiros para o quarto lugar e duzentos mil cruzeiros para o quinto lugar. [7]O resultado foi divulgado no Diário Oficial da União no dia 25 de março de 1957, sendo eleito vencedor o projeto do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, proposta que se caracterizava, principamente, por um Eixo Rodoviário e um Eixo Monumental, e foi executada. Já o projeto de João Kahir sequer ficou entre os dez finalistas.[4]

Referências

  1. Tavares, Jeferson Cristiano (30 de agosto de 2004). «Projetos para Brasília e a cultura urbanística nacional» 
  2. Ticianeli (24 de agosto de 2015). «Trapichão, o estádio que já foi Rei Pelé». História de Alagoas. Consultado em 23 de julho de 2020 
  3. a b «Edital do concurso para o Plano Piloto de Brasília». Brasília Web. Consultado em 24 de julho de 2020 
  4. a b Tavares, Jeferson Cristiano (30 de agosto de 2004). «Projetos para Brasília e a cultura urbanística nacional» 
  5. Rego, Renato (2002). «Natureza, cultura, artifício e paisagem». Revista UEM. Consultado em 28 de julho de 2020 
  6. Costa, Aline (2002). «(Im)possíveis Brasílias». Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 28 de julho de 2020 
  7. «Edital do Concurso do Plano Piloto de Brasília». doc.brazilia.jor.br. Consultado em 2 de agosto de 2020