Projeto de Rubem de Luna Dias, Belfort de Arantes e Hélio de Luna Dias para o Plano Piloto de Brasília

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O Projeto de Rubem de Luna Dias, Belfort de Arantes e Hélio de Luna Dias para o Plano Piloto de Brasília, chamado por eles de Plano Piloto para a Futura Capital do Brasil, foi um dos projetos submetidos ao Concurso Nacional do Plano Piloto para a construção da nova capital do Brasil, realizado a partir de 30 de setembro de 1956, com critério de abranger o traçado básico da cidade e estrutura urbana. A proposta da equipe era a de número 10.

O plano de Rubem, Belfort e Hélio é inspirado pela inovação modernista e alinhado pelos dados históricos e soluções vanguardistas, ou seja, duas metodologias utilizadas para esclarecer um projeto híbrido e eclético.[1][2]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Inscrição para o concurso[editar | editar código-fonte]

O concurso para o Plano Piloto de Brasília foi criado em setembro de 1956 visando a construção da nova capital federal, inaugurada em 1960.

Em 30 de setembro de 1956, o Diário Oficial da União publicou o edital do concurso de construção para o Plano Piloto de Brasília, sendo que o projeto deve abranger o traçado básico da cidade e características da estrutura urbana.[3] Além disso, os concorrentes tiveram que apresentar elementos para evidenciar seus planos como: esquema cartográfico para a área do Distrito Federal, os cálculos e abastecimento de energia elétrica, água e transporte; programa de desenvolvimento da cidade, a estabilidade econômica da região, entre outros.[3]

Somente profissionais como arquitetos, engenheiros ou urbanistas que puderam participar do concurso, sendo que o projeto teve que ser apresentado em até 120 dias (desde o dia de inscrição) e executado por meio de tinta e cópia heliográfica.[3] Os autores do projeto que ficaram em primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto lugar foram premiados com um milhão de cruzeiros, quinhentos mil, quatrocentos mil, trezentos mil e duzentos mil, respectivamente.[3]

As influências[editar | editar código-fonte]

Oscilando pela inovação modernista, o projeto destaca uma metodologia que se alinha aos dados históricos e soluções vanguardistas no desenvolvimento do Plano Piloto de Brasília. Os candidatos do plano, composto por Rubem de Luna Dias, Belford de Arantes e Hélio de Luna Dias, incorporam os dois métodos para a definição de um projeto híbrido.

Os autores, vindos de atividades da construção civil,, fizeram carreira em construtoras da época e tinham uma postura eclética, vinda de suas tradições neocoloniais, por isso o projeto tinha as características modernas, essenciais para a concorrência, já que era sabido que a comissão julgadora teria tendência pro modernismo, mas também experiência histórica mais tradicional. A influência do Congresso Internacional da Arquitetura Moderna (CIAM) era nítida no centro urbano humanizado e multifuncional, mas o traçado e a expansão eram baseados na experiência prática nas cidades já construídas. Não há um predomínio de ideias, sendo mais focado na aplicabilidade do que no ideal e nas pesquisas de cidades tão variadas quanto Chandigarh, Roma, Camberra, Washington e São Paulo.[4][5][6]

O Plano de Rubem, Belfort e Hélio[editar | editar código-fonte]

A implantação da cidade no plano da equipe é bem maior que as dos demais projetos, apenas sendo comparável a do projeto de Carlos Cascaldi, João Vilanova Artigas, Mário Wagner Vieira da Cunha, Paulo de Camargo e Almeida. A densidade habitacional acabou ficando baixa, entre 31 e 51 habitantes por hectare nas residências unifamiliares e 200 na região dos blocos. A expansão habitacional se daria na zona no noroeste do plano, com a estranha justificativa de que as cidades se expandem para o poente baseadas em observações de cidades antigas.

A equipe usa o ponto mais alto do terreno para ser seu centro da cidade, de onde parte as avenidas monumentais. Ao leste da cidade, uma avenida perimetral de 50 quilomêtros, que contorna a cidade, se conectariam as monumentais, que teriam 9 e 5 quilômetros. Lá também foi colocado pela equipe um cinturão verde. Os centros de transporte ficam nas bordas do plano. Esse projeto é bem menos setorizado que seus concorrentes, mesmo que o centro e as zonas residenciais estejam definidas, boa parte do projeto é plurifuncional, com áreas de preservação do meio ambiente, áreas de lazer e comércio espalhadas conforme a topografia.

Referências

  1. Braga, Milton (2010). O Concurso de Brasília. Rio de Janeiro: Cosac e Naify. ISBN 978-8575038963 
  2. «Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil - Participantes». brazilia.jor.br. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  3. a b c d «Edital do concurso para o Plano Piloto de Brasília». Edital de 30 de setembro de 1956, no Diário Oficial. Brasília web. 12 de setembro de 2005. Consultado em 23 de julho de 2020 
  4. Tavares, Jeferson. «Projetos para Brasília e a cultura urbanística nacional» (PDF). Teses USP 
  5. Braga, Milton (2010). O Concurso de Brasília. Rio de Janeiro: Cosac e Naify. ISBN 978-8575038963 
  6. BRAGA, Aline. (IM)POSSÍVEIS BRASÍLIAS: Os projetos apresentados no concurso do Plano Piloto da Nova Capital Federal. São Paulo: Alameda, 2011. 402p.