Protocolo de Kapshtica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Protocolo de Kapshtica, também conhecido como Acordo de Kapshtica, foi um acordo entre os albaneses e os gregos assinado na cidade fronteiriça de Kapshticë em 28 de maio de 1920, confirmando a fronteira sudeste da Albânia com a Grécia e a revogação das reivindicações gregas para a região de Korçë.[1][2][3] O protocolo incluiu também disposições para a proteção da população local grega do Distrito de Korçë e seus direitos educacionais e religiosos.[4]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Grécia foi um dos sete países a ocupar a Albânia, preenchendo o vácuo deixado após o colapso do Império Otomano nos Bálcãs durante as Guerras dos Bálcãs. A Grécia reivindicava partes do sul da Albânia como "Epiro do Norte", uma vez que uma minoria grega considerável vivia ali. Em 1915, as posições gregas foram ocupadas por tropas italianas em Gjirokastër e por tropas francesas em Korçë.[carece de fontes?]

Após o desmantelamento da República Autônoma Albanesa de Korçë, as tropas francesas deixaram a área a qual foi incorporada no recém-criado Estado albanês, e a Conferência de Paz de Paris reafirmou as fronteiras.[5] No entanto, as tensões estavam presentes naquela parte da fronteira greco- albanesa.[carece de fontes?]

Acordo[editar | editar código-fonte]

As tropas francesas permaneceram em Korçë até 24 de maio de 1920. Dois dias depois, em 26 de maio de 1920, depois de uma grande reunião realizada em Korçë, e mais tarde em Bilisht e Pogradec, os albaneses exigiram a incorporação da antiga República Autônoma Albanesa de Korçë dentro do Estado albanês, informando ao governo de Tirana através de representantes locais de lá sobre a situação tensa em Korçë, especialmente na fronteira com a Grécia.[6] O governo grego estava à espera de uma aprovação do lado britânico e não conduziria qualquer ação militar no sul da Albânia sem o seu consentimento. Considerando (supostamente) as recentes descobertas de petróleo e as negociações pela Trácia e Ilhas do Dodecaneso ocorrendo naquela época, os britânicos mudaram seu posicionamento em prol da conservação da fronteira atual e apoiaram o Estado albanês, e assim, o único caminho foram as negociações.[7] Depois de uma rápida reunião, feita em Florina entre representantes gregos e albaneses, foi decidido em 28 de maio de 1920 pelo prosseguimento da reunião em Kapshticë no qual o acordo seria assinado e ficaria conhecido como "Protocolo de Kapshtica" ou "Protocolo Grego-Albanês de Kopshtica", que permaneceria em vigor até que a questão fosse resolvida pela Conferência de Paz.[3][8] Os chefes das delegações foram Josif Kočí para o lado albanês e Achilleas Kalevras para o lado grego. Este seria o primeiro protocolo assinado entre a Albânia e qualquer país estrangeiro.[9]

Termos[editar | editar código-fonte]

Ambas as partes declararam suas relações amigáveis. O lado albanês declarou que irá respeitar os direitos das comunidades gregas da região, incluindo o funcionamento de escolas e igrejas gregas.[10]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Do ponto de vista estratégico, este tratado foi importante para o Estado albanês. Não somente a fronteira sudeste foi temporariamente assegurada, mas o lado albanês poderia reunir forças e se concentrar nas áreas ocidentais de Vlorë, ocupadas pelos italianos, o qual seria concluída com a Guerra de Vlora.[11]

Após a reconciliação ítalo-albanesa, em agosto de 1920, o lado albanês recusou-se a reconhecer a validade do Protocolo de Kapshtica. Este último, em 1921, declararia para a Liga das Nações que respeitará os direitos da população grega. No entanto, uma minoria grega seria reconhecida apenas em torno de Gjirokastër, no sudoeste da Albânia.[10]

Referências

  1. Robert Elsie (19 de março de 2010). Historical Dictionary of Albania. Col: Historical Dictionaries of Europe. 75 2 ed. [S.l.]: Scarecrow Press. p. xxxiv. ISBN 978-0-8108-6188-6. Consultado em 6 de outubro de 2013 
  2. Michael Schmidt-Neke (16 de novembro de 1987). Entstehung und Ausbau der Königsdiktatur in Albanien (1912–1939): Regierungsbildungen, Herrschaftsweise und Machteliten in einem jungen Balkanstaat [Emergence and expansion of the royal dictatorship in Albania (1912–1939): Government formation, and way of ruling elites in a young Balkan state] (em alemão). [S.l.]: Oldenbourg Wissenschaftsverlag. p. 59. ISBN 978-3-486-54321-6. Consultado em 5 de novembro de 2013 
  3. a b Ekrem Vlora (1973). Lebenserinnerungen: 1912 bis 1925 [Memoirs: 1912–1925]. [S.l.]: Oldenbourg Verlag. p. 137. ISBN 978-3-486-47571-5. Consultado em 5 de novembro de 2013 
  4. Stickney, Edith Pierpont (1926). Southern Albania Or. Northern Epirus in European International Affairs: 1912–1923. [S.l.]: Stanford University Press. p. 126. ISBN 978-0-8047-6171-0. Provision was made for the protection, in the meantime of the Greeks of the district 
  5. Robert Elsie (19 de março de 2010). Historical Dictionary of Albania. Col: Historical Dictionaries of Europe. 75 2 ed. [S.l.]: Scarecrow Press. p. 174. ISBN 978-0-8108-6188-6. Consultado em 6 de outubro de 2013 
  6. Institute for Balkan Studies, Society for Macedonian Studies (1972), Balkan Studies, ISSN 0005-4313, 20 (2), p. 407, consultado em 5 de novembro de 2013 
  7. Harris Mylonas (11 de abril de 2013). The Politics of Nation-Building: Making Co-Nationals, Refugees, and Minorities. Col: Problems of International Politics. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 100. ISBN 978-1-107-66199-8 
  8. Prifti, Vladimir (7 de dezembro de 2007), Pavarësia e Shqipërisë dhe krahina autonome e Korçës [Albanian Independence and Autonomous Region of Korçë] (em albanês), tribuna-news.com, consultado em 1 de maio de 2016, arquivado do original em 12 de outubro de 2013 
  9. Albert Habazaj (23 de julho de 2013), Ç’THONË STUDIUESIT E HUAJ PËR LUFTËN E VLORËS [What foreign researchers say regarding the Vlora War] (em albanês), Dielli, Based on Kapshtica Protocol (15 May 1920) between the Government of Tirana and Greece (the first agreement with another government), Albanians managed to make it possible for Korca to pass to Albanian troops and not Greeks after the withdrawal of French forces. 
  10. a b Mylonas, Harris (2013). The politics of nation-building : making co-nationals, refugees, and minorities. New York: Cambridge University Press. pp. 100–101. ISBN 978-1-107-02045-0 
  11. Albert Habazaj (5 de junho de 2013), KËNDVËSHTRIMI I SOTËM SI REFLEKSION PËR NGJARJEN HISTORIKE TË LUFTËS SË VLORËS, 1920 [Today's point of view over the historical event of Vlora War, 1920] (em albanês), Dielli, consultado em 5 de novembro de 2013, On May 28, the Albanian-Greek Protocol of Kapshtica was signed, where, even though the Greek prime minister responded negatively to the request for assistance to "Albanian action against the Italian presence in Vlora", signed by Josif Koçi of the Tirana government and General Governor of Epirus Kalevras, it became clear that Athens would not take advantage of the conflict with the Italians, to attack Albanians's back and submit any attack on Gjirokastra, which troubled much the Albanian side. 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Protocol of Kapshtica».