Provas de identidades trigonométricas

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As principais identidades trigonométricas entre funções trigonométricas são provadas, usando principalmente a geometria do triângulo retângulo. Para ângulos maiores e negativos ver funções trigonométricas.

Identidades trigonométricas elementares[editar | editar código-fonte]

Definições[editar | editar código-fonte]

Funções trigonométricas especificam as relações entre comprimentos laterais e ângulos internos de um triângulo retângulo. Por exemplo, o seno do ângulo θ é definido como sendo o comprimento do lado oposto dividido pelo comprimento da hipotenusa.

As seis funções trigonométricas são definidas para todo número real, exceto, para algumas delas, para ângulos que diferem de 0 por um múltiplo do ângulo reto (90°). Referindo-se ao diagrama na direita, as seis funções trigonométricas de θ são, para ângulos menores que o ângulo reto:

Identidades de proporção[editar | editar código-fonte]

No caso de ângulos menores que um ângulo reto, as seguintes identidades são conseqüências diretas das definições acima através da identidade da divisão

Elas permanecem válidas para ângulos superiores a 90° e para ângulos negativos.

Ou

Identidades de ângulos complementares[editar | editar código-fonte]

Dois ângulos cuja soma é π/2 radianos (90 graus) são complementares. No diagrama, os ângulos nos vértices A e B são complementares, assim podemos intercambiar a e b, mudando θ para π/2 − θ, obtendo:

Identidades pitagóricas[editar | editar código-fonte]

Identidade 1:

Os dois resultados a seguir seguem desta e das identidades de proporção. Para obter o primeiro, dividir ambos os lados de  por ; para o segundo, dividir por .

Similarmente

Identidade 2:

A identidade seguinte envolve todas as três funções recíprocas.

Prova 2:

Considerar o diagrama do triângulo acima. Notar que pelo teorema de Pitágoras.

Substituindo com funções apropriadas

Rearranjando resulta:

Identidades de soma de ângulo[editar | editar código-fonte]

Seno[editar | editar código-fonte]

Ilustração da fórmula da soma.

Desenhar uma linha horizontal (o eixo x); marcar uma origem O. Desenhar uma linha de O com um ângulo acima da linha horizontal e uma segunda linha com um ângulo acima desta; o ângulo entre a segunda linha e o eixo x é .

Colocar P na linha definida por a uma distância unitária da origem.

Seja PQ uma linha perpendicular à linha OQ definida pelo ângulo , desenhado a partir do ponto Q nesta linha até o ponto P. OQP é um ângulo reto.

Seja QA uma perpendicular do ponto A no eixo x para Q e seja PB uma perpendicular do ponto B no eixo x até P. OAQ e OBP são ângulos retos.

Desenhar R em PB tal que QR seja paralelo ao eixo x.

Agora o ângulo (porque , fazendo , e finalmente )

, então
, então

Substituindo em lugar de e usando simetria resulta

Outra prova rigorosa, e bem mais simples, pode ser obtida usando a fórmula de Euler, conhecida da análise complexa. A fórmula de Euler estabelece que

Segue que para ângulos e resulta:

Também, usando as seguintes propriedades de funções exponenciais:

Manipulando o produto:

Igualando as partes real e imaginária:

Cosseno[editar | editar código-fonte]

Observando a figura acima,

, então
, então

Substituindo por e usando simetria é obtido:

Usando as fórmulas para ângulos complementares,

Tangente e cotangente[editar | editar código-fonte]

Das fórmulas para seno e cosseno resulta

Dividindo numerador e denominador por , resulta

Subtraindo de , usando ,

Similarmente, das fórmulas para seno e cosseno resulta

Dividindo então numerador e denominador por , resulta

Ou, usando ,

Usando ,

Identidades de ângulo duplo[editar | editar código-fonte]

Das identidades para soma de ângulos resulta

e

As identidades pitagóricas dão as duas formas alternativas para a último destes:

As identidades de soma dos ângulos também fornecem

Também pode ser provado usando a fórmula de Euler

Elevando ambos os lados ao quadrado

Substituindo o ângulo pela sua versão dupla, que fornece o mesmo resultado no lado esquerdo da equação, resulta

Segue que

.

Expandindo o quadrado e simplificando no lado esquerdo da equação resulta

.

Como as partes real e imaginária da equação devem ser iguais, resulta

,

e

.

Identidades do ângulo metade[editar | editar código-fonte]

As duas identidades que fornecem as formas alternativas para cos(2θ) levam às seguintes equações:

O sinal da raiz quadrada deve ser escolhido adequadamente—notar que se 2π é adicionado a θ, as quantidades na raiz quadrada não são alteradas, mas os lados esquerdos das equações mudam de sinal. Assim, o sinal correto a usar depende do valor de θ.

Para a função tangente a equação é:

Multiplicando então o numerador e o denominador dentro da raiz quadrada por (1 + cos(θ)) e usando identidades pitagóricas leva a

Além disso, se o numerador e o denominador forem ambos multiplicados por (1 - cos(θ)), o resultado é

Isso também fornece

Manipulações similares para a função cot fornecem

Diversos - a identidade da tripla tangente[editar | editar código-fonte]

Se meia circunferência (por exemplo, , e são os ângulos de um triângulo),

Prova:[1]

Diversos - a identidade da tripla cotangente[editar | editar código-fonte]

Se um quarto de circunferência,

.

Prova: Substituir cada um dos , e com seus ângulos complementares, então as cotangentes se transformam em tangentes e vice-versa.

Dado

então o resultado segue da identidade da tripla tangente.

Identidades soma para produto[editar | editar código-fonte]

Prova de identidades senoidais[editar | editar código-fonte]

Iniciar com as identidades da soma de ângulos

Adicionando ambas resulta

Similarmente, subtraindo as duas identidades de soma de ângulos

Sejam e ,

e

Substituindo e

Portanto,

Prova de identidades cossenoidais[editar | editar código-fonte]

Similarmente para cossenos, começando com as identidades de soma de ângulos

Novamente, adicionando e subtraindo

Substituindo e como antes

Desigualdades[editar | editar código-fonte]

Ilustração das desigualdades seno e tangente.

A figura na direita mostra um setor de um círculo com raio 1. O setor é θ/(2π) de todo o círculo, portanto sua área é θ/2. É assumido que θ < π/2.

A área do triângulo OAD é AB/2, ou sin(θ)/2. A área do triângulo OCD é CD/2, oo tan(θ)/2.

Como o triângulo OAD está completamente dentro do setor, que por sua vez fica completamente dentro do triângulo OCD, temos

Este argumento geométrico baseia-se nas definições de comprimento do arco e área, que atuam como premissas, portanto é mais uma condição imposta na construção de funções trigonométricas do que uma propriedade comprovável.[2] Para a função seno podemos lidar com outros valores. Se θ > π/2, então θ > 1. Mas sin θ ≤ 1 (por causa da identidade pitagórica), então sin θ < θ. Temos então

Para valores negativos de θ temos, pela simetria da função seno

Então

e

Identidades envolvendo cálculo[editar | editar código-fonte]

Preliminares[editar | editar código-fonte]

Identidade da razão seno e ângulo[editar | editar código-fonte]

Em outras palavras, a função seno é diferenciável em 0, e sua derivada é 1.

Prova: Das desigualdades prévias temos, para ângulos pequenos,

,

e portanto

,

e consideremos a desigualdade do lado direito. Como

Multiplicando por

Combinando com a desigualdade do lado esquerdo:

Tomando no limite

Portanto,

Identidade da razão cosseno e ângulo[editar | editar código-fonte]

Prova:

Os limites destas três quantidades são 1, 0 e 1/2, então o limite resultante é zero.

Identidade da razão cosseno e quadrado do ângulo[editar | editar código-fonte]

Prova:

Como na prova precedente,

Os limites destas três quantidades são 1, 1 e 1/2, então o limite resultante é 1/2.

Prova de composições de funções trigonométricas e trigonométricas inversas[editar | editar código-fonte]

Todas estas funções seguem da identidade trigonométrica pitagórica. Podemos provar por exemplo a função

Prova:

Partindo de

dividimos esta equação por

Então usando a substituição , e também usando a identidade trigonométrica pitagórica:

Então usando a identidade

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Archived copy». Consultado em 30 de outubro de 2013. Arquivado do original em 29 de outubro de 2013  dead link
  2. Richman, Fred (março de 1993). «A Circular Argument». The College Mathematics Journal. 24 (2): 160–162. JSTOR 2686787. doi:10.2307/2686787 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]