Prurigo nodular

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Prurigo nodular (PN) é uma doença da pele caracterizada por nódulos com prurido (coceira) que geralmente aparecem nos braços e pernas. Pacientes frequentemente apresentam múltiplas lesões (escoriações) causadas pela coçadura. PN é também conhecido como prurigo nodular de Hyde.

Liquen simples crônico é uma entidade clínica distinta.

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Pápulas com prurido e nódulos espalhados podem ser vistos (a) nas pernas, (b) nos braços e (c) no tronco deste paciente com prurigo nodularis.
  • Nódulos são discretos, geralmente simétricos, hiperpigmentados ou purpúricos, e firmes. Eles são maiores que 0.5 cm tanto em largura como em profundidade (em oposição a pápulas que são menores que 0,5 cm). Eles podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas geralmente começam nos braços e pernas.
  • Escoriações são geralmente planas, umbilicadas ou possuem um topo crostoso.
  • Nódulos podem parecer se iniciar nos folículos pilosos.
  • O padrão do nódulo pode ser folicular.
  • No prurigo nodular verdadeiro, o nódulo se forma antes do aparecimento de qualquer coceira. Tipicamente, esses nódulos são extremamente pruríticos e são aliviados apenas com esteroides.

Causas[editar | editar código-fonte]

A causa do prurigo nodularis é desconhecida, embora outras condições possam induzi-lo. PN tem sido relacionada ao nevo de Becker,[1] doença do IgA linear, uma condição autoimune,[2] doença hepática.[3] Prurido sistêmico tem sido relacionado a colestase, doença tireoidiana, policitemia vera, uremia, doença de Hodgkins, HIV e outras doenças ligadas a imunodeficiência.[4][5] Malignidade interna, insuficiência renal ou hepática, doença psiquiátrica podem induzir PN, embora estudos mais recentes têm refutado uma causa psiquiátrica para PN. Pacientes informam uma constante batalha para distingui-los daqueles com desordens psiquiátricas, como ilusão de possuir parasitose ou outras condições psiquiátricas.[6][7]

Patofisiologia[editar | editar código-fonte]

Coçar, furar, esfregar de forma crônica e repetitiva os nódulos pode resultar em alterações permanentes na pele, incluindo liquenificação nodular, hiperceratose, hiperpigmentação e espessamento da pele. Escoriações não tratadas são geralmente escamosas, crostosas ou sarnentas. Muitos pacientes reclamam de dificuldade de cicatrização mesmo quando medicamentos aliviam a coceira e consequentemente a coçadura.

Pacientes com frequência:

  • procuram tratamento na meia-idade, embora PN possa ocorrer em qualquer idade.
  • têm uma história de prurido crônico severo.
  • têm um histórico médico significativo de condições não relacionadas.
  • sofrem de disfunção hepática ou renal.
  • sofrem infecções de pele secundárias.
  • têm uma história pessoal ou familiar de dermatite atópica.
  • têm outras doenças autoimunes.

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Diagnóstico se baseia no exame visual e na presença de coceira. Uma biópsia de pele é geralmente feita para excluir outras doenças. Lesões na biópsia vão tipicamente mostrar altos níveis de eosinófilos no PN.[8] Uma cultura de pelo menos uma lesão pode descartar infecção por estafilococos, que tem sido significamente relacionada a dermatite atópica.[9] [10][11]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Prurigo nodular é difícil de ser tratado, mas terapias em uso incluem esteroides, vitaminas, criocirurgia, talidomida e luz UVB. Caso estafilococos ou outra infecção esteja presente, antibióticos são efetivos, mas tendem a causar mais danos do que que benefícios nessa doença. Um médico pode administrar uma alta dose de prednisona, que vai interromper quase que imediatamente a coceira e parar a coçadura. Entretanto, a interrupção do uso pode permitir que haja recidiva, usualmente dentro de algumas semanas. Horiuchi et al. recentemente publicou uma melhora significativa em PN com antibioticoterapia.[12]

História[editar | editar código-fonte]

Prurigo nodular foi primeiramente descrito por Hyde e Montgomery em 1909.[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Lockshin BN, Brogan B, Billings S, Billings S (2006). «Eczematous dermatitis and prurigo nodularis confined to a Becker's nevus». Int. J. Dermatol. 45 (12): 1465–1466. PMID 17184268. doi:10.1111/j.1365-4632.2006.02971.x 
  2. Torchia D, Caproni M, Del Bianco E, Cozzani E, Ketabchi S, Fabbri P (2006). «Linear IgA disease presenting as prurigo nodularis». Br. J. Dermatol. 155 (2): 479–80. PMID 16882196. doi:10.1111/j.1365-2133.2006.07315.x 
  3. Hazin R, Abu-Rajab Tamimi TI, Abuzetun JY, Zein NN.
  4. Hiramanek N (2004). «Itch: a symptom of occult disease». Australian family physician. 33 (7): 495–9. PMID 15301165 
  5. Berger TG, Hoffman C, Thieberg MD (1995). «Prurigo nodularis and photosensitivity in AIDS: treatment with thalidomide». J. Am. Acad. Dermatol. 33 (5 Pt 1): 837–8. PMID 7593791. doi:10.1016/0190-9622(95)91846-9 
  6. Kieć-Swierczyńska M, Dudek B, Krecisz B,; et al. (2006). «[The role of psychological factors and psychiatric disorders in skin diseases]» [The role of psychological factors and psychiatric disorders in skin diseases]. Med Pr (em polaco). 57 (6): 551–5. PMID 17533993 
  7. Vargas Laguna E, Peña Payero ML, Vargas Márquez A (dezembro de 2006). «[Influence of anxiety in diverse cutaneous diseases]» [Influence of anxiety in diverse cutaneous diseases]. Actas Dermosifiliogr (em espanhol). 97 (10): 637–43. PMID 17173825 [ligação inativa]
  8. Johansson O, Liang Y, Marcusson JA, Reimert CM (2000). «Eosinophil cationic protein- and eosinophil-derived neurotoxin/eosinophil protein X-immunoreactive eosinophils in prurigo nodularis». Arch. Dermatol. Res. 292 (8): 371–8. PMID 10994770. doi:10.1007/s004030000142 
  9. Gong JQ, Lin L, Lin T; et al. (outubro de 2006). «Skin colonization by Staphylococcus aureus in patients with eczema and atopic dermatitis and relevant combined topical therapy: a double-blind multicentre randomized controlled trial». Br J Dermatol. 155 (4): 680–7. PMID 16965415. doi:10.1111/j.1365-2133.2006.07410.x 
  10. Lin YT, Wang CT, Chiang BL (dezembro de 2007). «Role of bacterial pathogens in atopic dermatitis». Clin Rev Allergy Immunol. 33 (3): 167–77. PMID 18163223. doi:10.1007/s12016-007-0044-5 
  11. Guzik TJ, Bzowska M, Kasprowicz A; et al. (abril de 2005). «Persistent skin colonization with Staphylococcus aureus in atopic dermatitis: relationship to clinical and immunological parameters». Clin Exp Allergy. 35 (4): 448–55. PMID 15836752. doi:10.1111/j.1365-2222.2005.02210.x 
  12. Horiuchi Y, Bae S, Katayama I (2006). «Uncontrollable prurigo nodularis effectively treated by roxithromycin and tranilast». Journal of drugs in dermatology : JDD. 5 (4): 363–5. PMID 16673805 
  13. Hyde JN, Montgomery FH: A practical treatise on disease of the skin for the use of students and practitioners. 1909; 174–175.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]