Régis Duprat

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Régis Duprat
Nascimento 11 de julho de 1930
Rio de Janeiro
Morte 19 de dezembro de 2021 (91 anos)
Residência Brasil
Cidadania Brasil
Irmão(ã)(s) Rogério Duprat
Alma mater
Ocupação professor universitário
Empregador(a) Universidade de São Paulo, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Universidade de Brasília

Régis Duprat (Rio de Janeiro, 11 de julho de 1930 — São Paulo, 19 de dezembro de 2021)[1] foi um músico, musicólogo e professor brasileiro.

Descendente patrilinear do segundo prefeito da história da cidade de São Paulo, o barão de Duprat,[2] filho de Delio Duprat e Olga Ronchi, e irmão de Rogério Duprat, estudou violino e viola com Joahanes Oesner, e contraponto e composição com Olivier Toni e Claudio Santoro. Formou-se em História pela USP e cursou o Instituto de Musicologia e o Conservatório de Paris, onde foi aluno de Marcel Beaufils. Foi professor de viola e de História da Música na Universidade de Brasília, onde fez seu doutorado em musicologia. Professor de Cultura Brasileira da Universidade Federal Fluminense. Professor Titular de Estética e História da Música da Universidade Estadual Paulista - UNESP e da Universidade de São Paulo - USP.[3][4]

De 1950 a 1966 atuou como violista em vários conjuntos de câmara e sinfônicos. Dirigiu o Sindicato dos Músicos e a Associação dos Professores da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Foi cofundador da Orquestra de Câmara de São Paulo e da Orquestra Angelicum do Brasil.[3]

Destaca-se sua atuação como musicólogo e pesquisador. Foi um dos principais e um dos mais citados pesquisadores da música colonial brasileira. Segundo o professor e pesquisador da USP Diósnio Machado Neto, Duprat foi um dos que exerceram maior impacto na musicologia histórica nacional, ultrapassando as correntes do modernismo nacionalista e a escola do determinismo antropológico liderada pelo influente Curt Lange, e impulsionando a musicologia brasileira "a uma atualização constituída pela proximidade teórica com a linha hermenêutica, considerando a condição humana vivida em sociedade como elemento primordial, e não a raça ou a cultura, [...] uma transformação teórica de fato que trazia à musicologia aspectos teóricos de ponta do pensamento histórico-filosófico coevo, principalmente superando as posturas estruturalistas vividas intensamente na segunda metade do século XX".[5]

Dedicou especial atenção a André da Silva Gomes, sobre quem foi uma das principais autoridades, redescobriu a maioria das partituras hoje conhecidas e foi o autor do catálogo geral das suas composições. Dois trabalhos sobre este compositor são especialmente importantes: A Música na Sé de São Paulo Colonial (1995), que inclui o catálogo, e uma edição comentada de sua Arte explicada do contraponto (1998). Outros livros que merecem nota são Garimpo Musical (1985) e a série Música do Brasil Colonial (1997). Foi sócio honorário da Sociedade Brasileira de Musicologia e membro eleito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1994) e da Academia Brasileira de Música, onde ocupou a cadeira nº 10 da ABM, cujo patrono é Cândido Ignácio da Silva e seu fundador o maestro Octavio Maul.[3][6] Integrou o Conselho Editorial da Revista Brasileira de Música, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ, e da revista Modus, da Universidade do Estado de Minas Gerais. Tem grande obra científica publicada no Brasil e exterior. Coordenou a organização a Coleção de Manuscritos Musicais Francisco Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, sendo o principal responsável pela elaboração de três catálogos sobre os manuscritos musicais lá depositados. Suas pesquisas sobre a música colonial paulista lhe valeram um prêmio especial oferecido em 1970 pela Associação Paulista de Críticos Teatrais e recebeu o Prêmio Clio em 1996 da Academia Paulistana de História.[3] [7].

Membro do Movimento Música Nova e do Manifesto de 1963, que teve como redator principal Rogério Duprat e assinado também por Régis Duprat, Gilberto Mendes, Willy Corrêa de Oliveira, Damiano Cozzella, Júlio Medaglia, Sandino Hohagen e Alexandre Pascoal.[7] [8]

Referências

  1. Coelho, João Marcos (20 de dezembro de 2021). «Morre Régis Duprat, pesquisador da música brasileira colonial - Cultura». Estadão. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  2. Figueira Fernandes, Luana. «Rogério Duprat em Movimento» (PDF). docplayer.com. Consultado em 19 de abril de 2022 
  3. a b c d Academia Brasileira de Música. Cadeira 10-Régis Duprat
  4. ARLAC IMS | Musicología para América Latina y el Caribe. Regis Duprat.
  5. Machado Neto, Diósnio. "Curt Lange e Régis Duprat: os modelos críticos sobre a música no período colonial brasileiro". In: Revista Brasileira de Música, 2010; 23 (2):73-94
  6. Nota de Pesar Régis Duprat: 1930-2021 Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2021. Facebook, página oficial da Academia Brasileira de Música. Disponível em: https://www.facebook.com/abmusicabr/photos/a.466994386804800/1932864973551060/?type=3. Acesso em: 21 de abril de 2023.
  7. a b Nogueira, Ilza (outubro de 2010). «Régis Duprat em seus 80 anos». Universidade Federal do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Música. 23 (2): 293–302. ISSN 0103-7595. doi:10.47146/rbm.v23i2.29295. Consultado em 28 de fevereiro de 2022 
  8. Stuani, Ricardo de Alcantara (2013). «A ESCRITA PARA PERCUSSÃO DOS COMPOSITORES DO GRUPO MÚSICA NOVA». Anais do SEFiM - Simpósio de Estética e Filosofia da Música. 1 (1): 539-552. ISSN 2525-3778. Consultado em 28 de fevereiro de 2022 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]