Rafael Sanzio Araújo dos Anjos

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Rafael Sanzio Araújo dos Anjos
Nascimento 1961
Santo Antônio de Jesus
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação professor universitário, geógrafo, escritor, pesquisador, servidor público
Empregador(a) Universidade de Brasília, Universidade Federal da Bahia
Página oficial
https://www.portalprojetogeoafro.com/prof-dr-rafael/

Rafael Sanzio Araújo dos Anjos (Santo Antônio de Jesus, 1961) é um geógrafo brasileiro, primeiro Professor Titular Afrobrasileiro da Universidade de Brasília,[1] autor de estudos sobre as espacialidades das matrizes africanas no território do Brasil.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Rafael Sanzio é o terceiro de cinco filhos de José Tibúrcio dos Anjos, natural de Salvador onde seu pai, avô de Rafael Sanzio, Jacinto Manoel dos Anjos era mestre de ofício na Escola Técnica da Bahia, e de Antonieta Araújo dos Anjos, natural de Feira de Santana onde sua mãe (avó de Rafael Sanzio) Maria dos Anjos que cedo ficara viúva e fazia doces com os quais sustentava a família, havendo formado as filhas professoras; circulando nesses dois ambientes, na capital baiana pode em criança conhecer o ambiente intelectual e social do avô paterno que o levava para reuniões na Sociedade Protetora dos Desvalidos do qual era membro da Diretoria e, em Feira, ouvir relatos da avó materna que registrava pela oralidade da ancestralidade iorubá; dos pais recebeu a orientação que lhe valeu por toda a vida: "Estudo é tudo!".[2]

Acompanhou a mãe em muitas de suas viagens pela Região do Recôncavo da Bahia, para aquisição de móveis e objetos antigos, do período colonial e portanto escravista, que mais tarde eram restaurados para a decoração de moradias, desde cedo levando-o a conhecer ambientes e histórias cujo registro não jazia feito em meio algum, quer dos livros quer da academia.[2]

Realizou o segundo grau na capital baiana no Colégio Central da Bahia, formando-se ali no Curso Técnico de Desenho, que junto ao tio Engenheiro Civil, Antônio dos Anjos, influenciaram-no na escolha do curso de geografia, no qual ingressou em 1978; formou-se pela Universidade Federal da Bahia em 1982; durante o período de estudo realizou estágios que levaram-no à realização de cartografia na COELBA, CONDER e Prefeitura Municipal de Salvador. Na Prefeitura realizou o mapeamento dos Sítios e Monumentos Negros da capital do Estado, de espaço da religião de matriz africana, como o Terreiro da Casa Branca ou o Parque de São Bartolomeu que mais tarde seriam declarados patrimônios nacionais pelo IPHAN, e na cidade de Barreiras onde presenciou as transformações urbanas com o crescimento da cidade com a produção de soja que instalava na região.[2]

Mais tarde torna-se geógrafo lotado na prefeitura de Juazeiro junto a projetos do Banco Mundial, ao tempo em que tem sua primeira experiência no magistério na cidade pernambucana de Petrolina; ali percebe a necessidade de ampliar seus estudos e, durante as férias, faz cursos no INPE de São José dos Campos e em Rio Claro sobre o uso de imagens de satélites no estudo do espaço geográfico.[2]

Professor da Universidade de Brasília, ali cria o Laboratório de Cartografia, o Laboratório de Sistemas de Informações Espaciais e, posteriormente, o Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica,[3] após ter realizado mestrado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e doutorado em Informações Espaciais pela POLI-USP, com Pós-doutorado em Cartografia Étnica no MRAC (Atual AfricaMuseum) em Tervuren - Bruxelas - Bélgica, resultou na produção do livro Quilombos: Geografia Africana - Cartografia Étnica - Territórios Tradicionais (Mapas Editora e Consultoria, 2010) e, posteriormente, o Atlas Geográfico ÁFRICABRASIL (2014) e o Material Didático "O Brasil Africano" (2014).[2]

Em 2005 foi o organizador da primeira "Oficina Temática: Introdução à Geografia Afrobrasileira", realizada em Maceió nos dias 3 e 4 de março daquele ano.[3]. Em 2008 realizou, em parceria com o fotógrafo André Cypriano, um trabalho de pesquisa para um livro e que culminou, por parte desse último, na exposição itinerante “Quilombolas—Tradições e Cultura da Resistência" que foi exposta inicialmente na Galeria Arlinda Corrêa Lima do Palácio das Artes.[4]. Em 2010 seu trabalho cartográfico e fotográfico rendeu uma exposição no Conjunto Cultural da República do Museu da República, em Brasília, intitulada "O Brasil Africano".[5]

Em 2010 seu trabalho cartográfico e fotográfico rendeu uma exposição no Conjunto Cultural da República do Museu da República, em Brasília, intitulada "O Brasil Africano".[6]

Bibliografia do autor[editar | editar código-fonte]

Além da produção acadêmica, Rafael Sanzio dos Anjos publicou os seguintes livros, entre outros:

  • Territórios das comunidades remanescentes de antigos quilombos no Brasil: primeira configuração espacial, 2000.
  • Quilombolas: Tradições e Cultura da Resistência, Aori, 2006, ISBN 9788599953013
  • Quilombos: geografia africana, cartografia étnica, territórios tradicionais, Mapas Editora & Consultoria, 2009 (2ª ed.) - 189 páginas, ISBN 9788587763112
  • Geopolítica da diáspora África-América-Brasil, Mapas Editora & Consultoria, 2014, ISBN 9788587763150
  • Atlas Geográfico - África-Brasil, Mapas Editora & Consultoria, 2014, ISBN 9788587763129

Referências

  1. Luís Guilherme Julião (14 de julho de 2017). «Rafael Sanzio Araújo dos Anjos, geógrafo: "A geografia da escola não reflete a realidade"». O Globo. Consultado em 1 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2019 
  2. a b c d e Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. «Memorial Professor Titular Geografia-Cartografia no Tempo & Espaço». Tempo - Técnica - Território, V.7, N.1 (2016), 1:76. Consultado em 3 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 3 de agosto de 2019 
  3. a b Sonia Jacinto (22 de fevereiro de 2005). «Maceió vai sediar a primeira oficina de geografia afro-brasileira». Ministério da Educação (MEC). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  4. «Fotógrafo André Cypriano abre amanhã exposição...». Escola de Imagem. 12 de fevereiro de 2008. Consultado em 1 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2019 
  5. Institucional (31 de maio de 2010). «Brasil Africano em exposição no Conjunto Cultural da República». Instituto Brasileiro de Museus. Consultado em 1 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2019 
  6. Institucional (31 de maio de 2010). «Brasil Africano em exposição no Conjunto Cultural da República». Instituto Brasileiro de Museus. Consultado em 1 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 1 de agosto de 2019 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

ANJOS, R. S. A. “A geografia, a África e os negros brasileiros”. In: MUNANGA, K. (org.). Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 1999, p. 169-182.

ANJOS, R.S.A & CYPRIANO, A. “Quilombolas – tradições e cultura da resistência”. Aori Comunicações. Petrobras, 2006. São Paulo, 240 p.

ANJOS, R. S. A. Quilombos: Geografia Africana-Cartografia Étnica-Territórios Tradicionais. Mapas Editora & Consultoria, 190p. Brasília, 2010

____________ Territorialidade Quilombola: Fotos & Mapas / Quilombola Territoriality: Photos & Maps. Mapas Editora & Consultoria., 124 p. Brasília, 2011

____________ Atlas Geográfico ÁFRICABRASIL. Mapas Editora & Consultoria, Brasília, 104p. 2014

____________ O Brasil Africano – Algumas Referências dos Séculos XVI – XXI: Cartografia para Educação. Mapas Editora & Consultoria, Brasília, 2014b

_____________ “As geografias oficial e invisível do Brasil: algumas referências". Revista GEOUSP. v.19, n.2 (2015) São Paulo: p. 374-390

_____________ Diversidade étnica no Brasil invisível-visível: Apropriações-usos dos territórios & conflitos sócio-espaciais. In: SUERTEGARAY, D.M.A., SILVA, C.A., PIRES, C.L.Z. & PAULA, C.Q. (org.). “Geografia e conjuntura brasileira". Consequência Editora, Porto Alegre: Anpege, 2017, p. 275-309.

_____________ Geografia oficial, cartografias invisíveis, geotecnologias e educação geográfica. Boletim Paulista de Geografia. ISSN: 2447-0945 V. 99 (2018) São Paulo

_____________, O Brasil africano invisível-visível e geografia secular perversa. Revista Humanidades No. 63 ISSN 0102.9479, p. 75 – 99 Brasília, Editora UnB. 2019.

_____________, Atualização do Cadastro Técnico dos Registros Municipais dos Territórios Quilombolas do Brasil – Relatório Preliminar. Projeto GEOAFRO \ CIGA-UnB, Brasília, fevereiro\2020

_____________, Territórios invisíveis do Brasil Africano: cartografias & tensões sócio – espaciais nos terreiros religiosos. In: Rego, N., Azevedo, A.F. & Kozel, S. (Org.). “E-book Narrativas, Geografias, Cartografias - para viver, é preciso espaço e tempo”. Volume I Editora Compasso Lugar – Cultura e Editora IGEO - UFRGS. Porto Alegre 2020, p. 39 - 64

_____________, A Geografia afrobrasileira, o estado de mentalidade colonial e a governança racista. Boletim Paulista de Geografia. ISSN: 2447-0945 No. 104, Jul.-dez. 2020 São Paulo, p. 23 – 60

_____________ Minorias não precisam ser mapeadas, precisam de cidadania. In: UGEDA, L. & SEO, H.N.K.(org.). “Geodireito Mitos e Fatos". Instituto Geodireito, Brasília, 2020, p.81-82.

_____________, Space references of secular strucutyral – institutional racismo oficial governance. Periódico Geobaobás, v. 5, n.1 (2021), p. 1:100 ISSN: 2177-4366

Ligações externas[editar | editar código-fonte]