Rainha dos Raios

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Alice Caymmi
Rainha dos Raios
Álbum de estúdio de Alice Caymmi
Lançamento 9 de setembro de 2014
Gênero(s) MPB
Duração 30:11
Idioma(s) Português
Formato(s) CD, download digital
Gravadora(s) Joia Moderna
Universal Music (Relançamento)
Produção Diogo Strausz[1]
Cronologia de Alice Caymmi
Alice Caymmi
(2012)
Alice
(2018)

Rainha dos Raios é o segundo álbum da cantora brasileira Alice Caymmi, lançado em 9 de setembro de 2014. É o primeiro lançamento da cantora pela Joia Moderna e com o produtor Diogo Strausz.[2]

Produção[editar | editar código-fonte]

Enquanto o álbum anterior, Alice Caymmi, consistia de músicas autorais e dois covers; Rainha dos Raios traz majoritariamente regravações e duas faixas originais. Alice atribuiu isso a uma mudança pela qual passou, e afirmou também que já nem apresenta mais as faixas do primeiro álbum em shows. Segundo ela:[3]

Em outra entrevista, ela o definiu da seguinte forma:[4]

Sobre fazer tantos covers, ela explicou: "não gosto de escrever o que quero dizer, gosto de usar as palavras de outras pessoas. [...] Gosto de cantar situações que nunca vi acontecer. É uma forma de viver outras coisas."[1]

O álbum deu origem à primeira turnê brasileira da cantora, pré-estreada em Salvador, Bahia.[5]

Informações das faixas[editar | editar código-fonte]

As faixas "Como Vês" e "Meu Mundo Caiu" figuraram na trilha sonora da minissérie Felizes para Sempre?, da Rede Globo.[4] "Meu Recado", uma das duas autorais, foi escrita em parceria com Michael Sullivan a quem Alice credita "80% da minha vida musical".[3]

"Sou Rebelde" é uma regravação de "Soy Rebelde", hit de 1971 da cantora Jeanette, e que foi sucesso nacional em 1978 na voz de Lilian, com letra em português feita por Paulo Coelho). "Princesa", outra regravação, foi lançada originalmente pelo funkeiro MC Marcinho. Sobre a faixa, Alice disse: "É muito delicioso você nascer numa família importante pra caralho dentro da música e gravar um MC Marcinho só de sacanagem. Isso foi a coisa mais deliciosa que pude fazer na vida".[3] Em outra entrevista, ela disse ainda: "Eu tenho esse lado meio rebelde sem causa, sabe? É meio birra, uma coisa meio imatura, mas que, em um ambiente artístico, faz sentido. Por isso eu cantei essa música, que é uma grande besteira, mas que tem a ver com essa coisa adolescente, ridículo e risível, e que ao mesmo tempo me salvou."[4]

A faixa "Iansã" foi composta pelos brasileiros Gilberto Gil e Caetano Veloso e refere-se à divindade de mesmo nome. Sobre sua figura, Alice disse: "Os deuses do candomblé têm toda uma mitologia própria que diz respeito a coisas fundamentais da gente, e Iansã é o ir de um polo a outro, o que eu acho que é a grande questão hoje em dia. É a transição rápida demais da euforia para a depressão, do tempo bom para o tempo ruim. O meio-termo está longe de nós. E ela faz isso. Além do poder de ruptura desse orixá, além de ser uma mulher guerreira absolutamente poderosa, bélica e feminina, ela tem poder sobre esses dois polos. Ela é a rainha desse equilíbrio."[3]

Faixas[editar | editar código-fonte]

N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Como Vês"  
4:37
2. "Homem"   4:02
3. "Meu Recado"   3:57
4. "Princesa"   3:49
5. "Meu Mundo Caiu"   3:24
6. "Antes de Tudo"  
  • Caymmi
2:49
7. "Sou Rebelde (Soy Rebelde)"  
2:52
8. "Iansã"  
3:29
9. "Jasper"  
4:12
Duração total:
30:11[6]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Miojo Indie 9/10[7]
Na Mira do Groove 6/10[8]
O Globo ótimo[9]

O álbum recebeu críticas mistas a positivas da crítica.

Cleber Facchi, do Miojo Indie, disse que o álbum "está longe de ser resumido como um simples 'disco de versões'", e que o produtor Diogo Strausz "brinca não apenas com a base experimental de cada canção, mas com a essência da própria cantora", concluindo que "Rainha dos Raios é o disco em que Caymmi seguramente derruba os próprios bloqueios, revelando um caminho que mesmo inconstante, se mantém limpo e convidativo ao visitante."[7]

Tiago Ferreira, do De Olho no Groove, deu nota 6/10 ao álbum, afirmando que o próximo será melhor e concluindo: "contrariando os rumos que um membro Caymmi seguiria, Alice Caymmi tem na subversão, a despeito de qualquer técnica, seu maior trunfo musical. O escopo que ela oferece em Rainha dos Raios foge dos enfadonhos exemplos de intérpretes que jorram como água de chuva ácida na música brasileira."[8]

Carlos Albuquerque, d'O Globo, comparou os cabelos de Alice na capa aos cabelos de PJ Harvey em Rid of Me. Disse também que Alice aparece mais segura e original em Rainha dos Raios, comentando: "De mãos dadas com o músico e produtor Diogo Strausz, Alice faz a travessia entre um trabalho e outro — e no processo, tudo o que havia de desviante foi descartado, e o que havia de promissor foi concretizado."[9]

Foi eleito o terceiro melhor disco nacional de 2014 pela Rolling Stone Brasil[10] e indicado ao 26º Prêmio da Música Brasileira, na categoria "Melhor Álbum de Pop/Rock/Reggae/Hiphop/Funk", levando Alice a ser indicada também na categoria "Melhor Cantora de Pop/Rock/Reggae/Hiphop/Funk".[11] Em 2019, Mauro Ferreira o elegeu um dos 10 álbuns fundamentais dos anos 2010.[12]

Referências

  1. a b Alvim, Bossuet (19 de outubro de 2015). «Sem depender de herança musical, Alice Caymmi transforma MPB em pop experimental». Divirta-se. Diários Associados. Consultado em 29 de outubro de 2015 
  2. Mauro Ferreira (2 de setembro de 2014). «Rainha dos Raios - site oficial». Alice Caymmi. Consultado em 15 de setembro de 2014 
  3. a b c d Santo, José Julio de Espirito (12 de março de 2015). «Alice Caymmi respeita e admira o legado familiar, mas não quer ficar presa ao próprio sobrenome». Rolling Stone Brasil. Grupo Spring de Comunicação. Consultado em 25 de maio de 2015 
  4. a b c Dias, Tiago (29 de janeiro de 2015). «Com funk e maiô, Alice Caymmi se rebela contra padrão de beleza e tradição». UOL Entretenimento. Grupo Folha. Consultado em 26 de maio de 2015 
  5. «Alice Caymmi debuta sua primeira turnê brasileira». Vogue. Editora Globo. 29 de abril de 2015. Consultado em 25 de maio de 2015 
  6. «Rainha dos Raios». iTunes. Apple. Consultado em 25 de maio de 2015 
  7. a b Facchi, Cleber (17 de setembro de 2014). «Disco: "Rainha dos Raios", Alice Caymmi». Miojo Indie. Consultado em 26 de maio de 2015 
  8. a b Ferreira, Tiago (15 de setembro de 2014). «Alice Caymmi / Rainha dos Raios». Na Mira do Groove. Consultado em 26 de maio de 2015. Arquivado do original em 17 de março de 2015 
  9. a b Albuquerque, Crlos (26 de setembro de 2014). «Crítica: O estouro que anuncia uma nova estrela». O Globo. Grupo Globo. Consultado em 26 de maio de 2015 
  10. «Os melhores discos nacionais de 2014». Rolling Stone Brasil. Consultado em 23 de janeiro de 2015 
  11. «Indicados em 26º Prêmio da Música Brasileira». Site oficial da premiação. Consultado em 7 de maio de 2015. Arquivado do original em 6 de maio de 2015 
  12. Ferreira, Mauro (26 de dezembro de 2019). «Dez álbuns fundamentais dos anos 2010: 6 – Rainha dos raios (Alice Caymmi, 2014)». Blog do Mauro Ferreira. Grupo Globo. Consultado em 26 de dezembro de 2019