Rapana venosa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaRapana venosa
Variações de coloração da concha de R. venosa; espécimes coletados no mar Negro.
Variações de coloração da concha de R. venosa; espécimes coletados no mar Negro.
Cinco vistas da concha de R. venosa, de espécime coletado na península da Crimeia, mar Negro.
Cinco vistas da concha de R. venosa, de espécime coletado na península da Crimeia, mar Negro.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Caenogastropoda
Ordem: clade Hypsogastropoda
clade Neogastropoda
Superfamília: Muricoidea
Família: Muricidae
Subfamília: Rapaninae
Género: Rapana
Schumacher, 1817[1]
Espécie: R. venosa
Nome binomial
Rapana venosa
(Valenciennes, 1846)[1]
Fotografia da vista inferior da concha de R. venosa, com o animal, onde é possível ver seu opérculo.
Distribuição geográfica
R. venosa é originalmente uma espécie do Extremo Oriente e que se distribui entre a China e o sul do Japão.
R. venosa é originalmente uma espécie do Extremo Oriente e que se distribui entre a China e o sul do Japão.
Sinónimos
Purpura venosa Valenciennes, 1846
Rapana marginata Valenciennes, 1846
Rapana thomasiana Crosse, 1861
Rapana pechiliensis Grabau & S. G. King, 1928
Rapana pontica F. Nordsieck, 1968
(WoRMS)[1]

Rapana venosa (nomeada, em inglêsː Thomas's rapa whelk[2][3], veined rapa whelk[4][5] ou Asian rapa whelk[6]; em francêsː Rapana veiné; em espanholː busano veteado; em italianoː cocozza ou bobolone[7][8]; em neerlandêsː geaderde stekelhoren[9]; com sua denominação de gênero, Rapana, vinda de rapa; cujo significado, em língua latina, é "beterraba")[10] é uma espécie de molusco gastrópode marinho pertencente à família Muricidae e subfamília Rapaninae, na subclasse Caenogastropoda e ordem Neogastropoda[1]; de habitat costeiro e estuarino, sendo predadora de mexilhões, ostras e amêijoas.[11] Foi classificada por Achille Valenciennes, em 1846, como Purpura venosa, no texto "A. du Petit-Thouars, Voyage autour du monde sur la frégate la Venus pendant les années 1836–1839"; publicado no Atlas de Zoologie. Mollusques.[1] Sua distribuição geográfica original incluía o mar do Japão, mar Amarelo, mar de Bohai e mar da China Oriental, no Extremo Oriente, pertencente ao oceano Pacífico; tornando-se uma espécie invasora na Europa (incluindo o mar Mediterrâneo, no mar Adriático e mar Egeu; mar Negro, mar de Azov e mar do Norte) e América (Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Brasil), golfo Pérsico e mar Vermelho[3][11][12]; pois ela é prolífica e extremamente versátil, tolerando baixas salinidades, poluição da água e águas deficientes em oxigênio ou com variação de temperatura. Alguns países conseguiram se adaptar a essa proliferação aproveitando a demanda dos mercados do Extremo Oriente, onde a carne desta Rapana é consumida para alimentação; representando a base de uma atividade pesqueira significativa em alguns países ao redor do mar Negro, da Geórgia à Turquia. A economia e globalização modernas são os vetores para o transporte, através dos oceanos, deste animal para novas regiões receptoras.[7][8][13]

Descrição da concha e habitat[editar | editar código-fonte]

Rapana venosa possui concha de 8 a 20 centímetros, de espiral moderadamente baixa e com voltas angulosas e volta terminal inflada, dotada de umbílico e curto canal sifonal; com o canto das espirais podendo ter nódulos pontiagudos e também esculpida com anéis espirais debilmente nodulosos sobre a sua superfície. A sua abertura é grande e ovalada, com columela larga e lisa, ambas geralmente de forte coloração alaranjada, amarela ou esbranquiçada; com a borda do lábio externo dotada de pequenos dentes, pequenos e alongados. Espécimes mais antigos têm seu lábio externo queimado. Por fora ela é de um tom marrom acinzentado ou avermelhado, com traços castanho escuros nos seus anéis espirais. Apresentam um amplo Opérculo castanho escuro, que lhe recobre a abertura em períodos de estiagem.[3][4][8][14][15]

Esta espécie ocorre em áreas arenosas e substratos de fundo rochoso, e também em quebra-mares, a até 40 metros de profundidade. Populações em substrato rochoso têm conchas predominantemente de cor escura, sendo as populações de costas arenosas com uma maior frequência de conchas de coloração esbranquiçada ou marrom pálida.[8] Todos os seus estágios larvais exibem tolerância de 48 horas a salinidades tão baixas quanto 15 ppt, com mortalidade mínima. Abaixo dessa salinidade, a sobrevida atinge valores mais baixos. Em sua região nativa coreana, ela demonstra grandes tolerâncias anuais de temperatura (de 4 °C a até 27 °C) e pode migrar para águas mais quentes e profundas no inverno, evitando assim as águas frias da superfície.[13]

Dispersão[editar | editar código-fonte]

Está citado que o espalhamento dessa espécie invasora, fora de sua distribuição original asiática, fora possível devido ao transporte de seu estágio larval, planctônico, juntamente com água de lastro dos cascos dos navios, ou que massas de ovos podem ter sido transportadas com produtos da agricultura marinha.[6]

Histórico de invasões de Rapana venosa[editar | editar código-fonte]

Epibionte[editar | editar código-fonte]

Rapana venosa foi relatada como uma espécie epibionte, associada à tartaruga-verde Chelonia mydas, facilitando o seu potencial de dispersão.[12] Por outro lado, quase todas as amostras de Rapana venosa, coletadas na região do Rio da Prata, também apresentaram epibiontes sobre a superfície de suas conchas, o que sugere um estilo de vida exposto. Porém, outros estudos, em campo e no laboratório, constataram que tais caramujos são noturnos e permanecem enterrados a maior parte do dia, evitando a colonização pelo biota epifaunal.[19]

Referências

  1. a b c d e «Rapana venosa (Valenciennes, 1846)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
  2. ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 149. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  3. a b c «Rapana venosa (Valenciennes, 1846)» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021 
  4. a b DANCE, S. Peter (2002). Smithsonian Handbooks: Shells. The Photographic Recognition Guide to Seashells of the World (em inglês) 2ª ed. London, England: Dorling Kindersley. p. 113. 256 páginas. ISBN 0-7894-8987-2 
  5. Harding, Juliana M. (2006). «Growth And Development Of Veined Rapa Whelk Rapana venosa Veligers» (em inglês). Journal of Shellfish Research, Vol. 25, No. 3 (W&M ScholarWorks - William & Mary). pp. 941–946. Consultado em 7 de abril de 2020 
  6. a b Harding, Juliana M. (2001). «Rapana venosa - veined rapa whelk, Asian rapa whelk» (PDF) (em inglês). Guide to Marine Invaders in the Gulf of Maine. Salem Sound Coastwatch (Coastal Zone Management: CZM). 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020. Strong evidence indicates larvae arrived by ballast water. 
  7. a b c Joly, Jean-Pierre; Bouget, Jean-François; Hirata, Toshio (novembro de 2002). «Le gastéropode prédateur Rapana venosa» (PDF) (em francês). Direction des Ressources Vivantes – Département Ressources Aquacoles – Laboratoire Conchylicole de Bretagne. 42 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
  8. a b c d e f g h i j Mann, Roger; Occhipinti, Anna; Harding, Juliana M. (fevereiro de 2004). «Alien Species Alert: Rapana venosa (veined whelk)» (PDF) (em inglês). Cooperative Research Reports - ICES / NO. 264. 14 páginas. ISBN 87-7482-010-9. Consultado em 7 de abril de 2020 
  9. Wijsman, Jeroen (janeiro de 2020). «Geaderde stekelhoren (Rapana venosa (PDF) (em neerlandês). Helpdesk Mosselkweek - Wageningen Marine Research. 2 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
  10. «be·ter·ra·ba». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020. (francês betterrave, do latim beta, -ae, acelga + latim rapa, -ae, nabo, colza). 
  11. a b Brugnoli, Ernesto; Giberto, Diego Agustín; Lanfranconi, Andrea; Schiariti, Agustín; Aguilera, Fernando; Bremec, Claudia Silvia; Barrero, Gabriel; Muniz, Pablo (2014). «El gasterópodo invasor Rapana venosa (Valenciennes 1846) y sus posibles efectos en el ecosistema costero estuarial del Río de la Plata» (PDF) (em espanhol). Nuevas miradas a la poblemática de los ambientes costeros, capítulo 10 (CSIC). 18 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
  12. a b c d Spotorno-Oliveira, Paula; Lopes, Renato Pereira; Larroque, Arian; Monteiro, Danielle; Dentzien-Dias, Paula; Tâmega, Frederico Tapajós de Souza (agosto de 2019). «First detection of the non-indigenous gastropod Rapana venosa in the southernmost coast of Brazil» (em inglês). Biofouling, Benthic Ecology and Marine Biotechnology Meeting (XIII BIOINC) (ResearchGate). 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
  13. a b «Rapana venosa» (em inglês). Global Invasive Species Database. 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
  14. LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 174. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3 
  15. Vittor, Alessandro de (14 de março de 2012). «Rapana venosa (Valenciennes, 1846)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020. The copy represented here is dredged near “RUMEDI KAVAK”, the point more to north of the strait of the Bosforo where it ends up in the Black Sea, to a depth of approximately 30 meters. 
  16. Savini, Dario; Occhipinti, Anna (maio de 2006). «Consumption rates and prey prefences of the invasive gastropod Rapana venosa in the Northern Adriatic Sea» (em inglês). Helgoland Marine Research 60(2). (ResearchGate). pp. 153–159. Consultado em 7 de abril de 2020. The alien Asian gastropod Rapana venosa (Valenciennes 1846) was first recorded in 1973 along the Italian coast of the Northern Adriatic Sea. 
  17. Kerckhof, Francis; Vink, Robert J.; Nieweg, Dennis C.; Post, Johannes N. J. (24 de janeiro de 2006). «The veined whelk Rapana venosa has reached the North Sea» (PDF) (em inglês). Aquatic Invasions. Volume 1, Issue 1. pp. 35–37. Consultado em 7 de abril de 2020 
  18. Giberto, Diego Agustín; Bruno, Luis Ignacio (janeiro de 2014). «Recent records of the exotic gastropod Rapana venosa (Valenciennes, 1846) along the Argentine coastline: Is the invasion progressing southwards?» (em inglês). Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 9(4). (ResearchGate). pp. 324–330. Consultado em 7 de abril de 2020. Rapana venosa (Neogastropoda, Muricidae), found during the late 1990s in the inner region of the Río de la Plata (Scarabino et al. 1999, Pastorino et al. 2000). 
  19. Giberto, Diego A.; Bremec, Claudia S.; Schejter, Laura; Schiariti, Agustin; Mianzan, Hermes; Acha, Eduardo M. (dezembro de 2006). «The invasive rapa whelk Rapana venosa (Valenciennes 1846): status and potential ecological impacts in the Río de la Plata estuary, Argentina-Uruguay» (PDF) (em inglês). Journal of Shellfish Research. Vol. 25. No. 3 (OceanDocs). 6 páginas. Consultado em 7 de abril de 2020 
Ícone de esboço Este artigo sobre gastrópodes, integrado no Projeto Invertebrados é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.