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Relatório Bachelet

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Michelle Bachelet em 2019.

O relatório Bachelet é o nome com o que a imprensa baptizou os relatórios apresentados entre 2019 e 2022 pela então alta comisionada das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, sobre a situação dos direitos humanos em Venezuela, que foi respaldado posteriormente pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e abriu a Missão Internacional Independente de determinação dos factos sobre Venezuela.

Relatório de 2019[editar | editar código-fonte]

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas ordenou uma investigação, pelo que sua alta comisionada, a expresidenta chilena Michelle Bachelet, visitou Venezuela entre o 19 e o 21 de junho de 2019 e se realizaram 558 entrevistas com vítimas e testemunhas de violações de direitos humanos.[1]

Após isto Bachelet coordenou a redacção de um relatório que consta de 18 páginas onde se descreve e analisa a situação dos direitos humanos em Venezuela, se denunciando a execução extrajudicial de 6.800 pessoas por parte das forças do Estado em Venezuela entre janeiro de 2018 e maio de 2019 e se enfatiza que especialmente desde 2016 o governo de Nicolás Maduro e as instituições do Estado têm posto em prática uma estratégia «orientada a neutralizar, reprimir e criminalizar à oposição política e a quem criticam ao governo».[2][3][1]

Depois da apresentação do relatório, Bachelet declarou que os factos «devem ser pesquisados a fundo, estabelecendo responsabilidades para seus autores, e garantindo sua não repetição».[3]

O Conselho de Direitos Humanos da ONU respaldou o relatório nesse mesmo ano e abriu-se a Missão Internacional Independente de determinação dos factos sobre Venezuela.[4] O governo de Maduro respondeu que «o relatório apresenta uma visão selectiva e abertamente parcializada sobre a verdadeira situação de direitos humanos» no país.[5]

Relatório de 2020[editar | editar código-fonte]

Michelle Bachelet coordenou a actualização do relatório, que foi apresentado por parte de Marta Valinas em nome da ACNUDH[4] e que actualizou a situação dos direitos humanos no país e que reclamava eleições «livres, limpas, transparentes e creíbles».[6] Os integrantes da Missão da ONU não puderam visitar o país nem reunir com as autoridades políticas nessa ocasião.[4] O relatório foi respaldado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU nesse mesmo ano.

Descrevem-se violações a direitos humanos perpetradas pelas forças de segurança venezuelanas contra opositores políticos, militares e membros da sociedade civil e que as autoridades sabiam dos assassinatos, torturas e tratos crueis, violência sexual, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados que ocorriam desde 2014. De acordo com o documento da ONU, as FAES eram a instituição policial mais letal em Venezuela, responsável pelo 64,5% das mortes que a Missão examinou em 2019.[4] Denunciaram-se 2000 mortes entre janeiro e agosto de 2020.[7]

Também se descreve que «um dos elementos que contribuem às violações e delitos determinados pela Missão é a falta de independência do poder judicial» e se relatou como alguns juízes e promotores têm sido objeto de perseguição penal a raiz das decisões que têm adoptado.[4] O ativista argentino e Nobel da paz, Adolfo Pérez Esquivel, criticou o relatório, chamando-o de «parcial».[6]

Relatório de 2022[editar | editar código-fonte]

Entre maio de 2021 e abril de 2022 a equipa de Bachelet visitou 21 centros de detenção em Venezuela, onde se realizaram 259 entrevistas com detentos, conseguindo a libertação de 68. Bachelet declarou na apresentação do relatório que se constataram no país situações de assédio, censura e confiscación de equipas profissionais, bem como o bloqueio de portais site, além do uso da legislação antiterrorista e contra o crime organizado para impedir o trabalho de defensores de direitos humanos e jornalistas. Denunciou, a sua vez, que a sua equipa já não lhe permitiam pesquisar os direitos humanos dos detentos nas prisões do El Helicoide e Boleita.[8]

Repercussão[editar | editar código-fonte]

Michelle Bachelet declarou em 2022 que suas gestões implicaram à libertação de 68 pessoas (14 mulheres entre elas) e à dissolução das Forças de Ações Especiais (FAES).[9]

Notas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Informe Bachelet».

Referências

  1. a b «La ONU denunció "graves violaciones a los derechos humanos" y "ejecuciones extrajudiciales" del régimen de Maduro en Venezuela». Infobae (em espanhol). 4 de julho de 2019 
  2. «Los 15 puntos claves del lapidario informe de Michelle Bachelet sobre las violaciones a los derechos humanos en Venezuela». Infobae (em espanhol). 4 de julho de 2019 
  3. a b «Michelle Bachelet presentó ante la ONU el informe que denuncia las más de 6.800 ejecuciones extrajudiciales cometidas por la dictadura de Nicolás Maduro». Infobae (em espanhol). 5 de julho de 2019 
  4. a b c d e «¿Qué dice el informe de la ONU sobre Venezuela que generó cruces en el Frente de Todos?». Chequeado (em espanhol). 15 de outubro de 2020 
  5. «Furioso con el duro informe de Michelle Bachelet, el régimen de Nicolás Maduro insiste en que "no hay presos políticos" en Venezuela». Infobae (em espanhol). 4 de julho de 2019 
  6. a b Ortelli, Ignacio (14 de outubro de 2020). «Adolfo Pérez Esquivel criticó el "informe Bachelet" sobre Venezuela y dijo que va "a hablar" con Alberto Fernández». Clarín (em espanhol) 
  7. «Michelle Bachelet denunció que el régimen de Nicolás Maduro asesinó a más de 2.000 personas entre enero y agosto de este año». Infobae (em espanhol). 25 de setembro de 2020 
  8. «Bachelet dice que las libertades siguen restringidas en Venezuela, pero hay mejoras». Infobae (em espanhol). 29 de junho de 2022 
  9. «Venezuela: Bachelet reconoce los avances y plantea el camino por recorrer en materia de derechos humanos». Noticias ONU (em espanhol). 29 de junho de 2022