República Transatlântica do Mato Grosso

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República Transatlântica do Mato Grosso

Estado não-reconhecido


 

1892
 

Bandeira de Mato Grosso do Sul

Bandeira
Localização de Mato Grosso do Sul
Localização de Mato Grosso do Sul
Atual estado de Mato Grosso do Sul, correspondente à República Transatlântica.
Continente América do Sul
Capital Corumbá
Língua oficial Português
Governo República
Período histórico Século XIX
 • 1892 Fundação
 • 1892 Dissolução
Atualmente parte de Brasil Brasil

República Transatlântica do Mato Grosso ou Estado Livre de Mato Grosso foi uma tentativa de Estado que buscava ser independente do Brasil no ano de 1892, sob liderança do Coronel João da Silva Barbosa.[1] A região, na época que procurava desmembrar-se de Mato Grosso, atualmente corresponde ao território de Mato Grosso do Sul.

História[editar | editar código-fonte]

Disputa pelo governo do Mato Grosso em 1892

Exército de Generoso Ponce em Cuiabá após sua vitória
Data 01892-01-22 22 de janeiro de 1892 – 01892-05-13 13 de maio de 1892
Local Mato Grosso
Desfecho Vitória do Partido Republicano
Beligerantes
Partido Nacional Republicano
  • Militares
Partido Republicano
  • Grupos Ponce, Murtinho, Corrêa da Costa e Paes de Barros[2]

Apoiado por:

Governo federal (fases posteriores)
Comandantes
  • João da Silva Barbosa
  • Antônio Aníbal da Mota


  • Manuel Murtinho
  • Generoso Ponce


Baixas, de acordo com fontes diferentes:
  • 14 mortos
  • 18 mortos e ~70 feridos
  • 100 mortos[3]
  • 8 mortos de Ponce e 6 dos "revolucionários"[4]

As eleições estaduais de 3 janeiro de 1891 organizadas pelo então governador do estado, Marechal Antônio Maria Coelho, foram anuladas pelo seu sucessor General Sólon, de partido de oposição, o que gerou grande alvoroço na política mato-grossense fazendo com que o então presidente do brasil, Marechal Deodoro da Fonseca, intervisse no estado demitindo Sólon e colocando outro militar de patente alta em seu lugar, o general João Nepomuceno de Medeiros Mallet. Mallet manteve a decisão de Sólon e em fevereiro daquele ano convocou uma assembleia que elegeu Manuel Murtinho como presidente do estado, sob alegações de fraude. Murtinho havia sido deposto pouco tempo antes das eleições o que causou descontentamento nos locais. Com a saída de Deodoro da presidência em 23 de novembro de 1891 uma série de governadores são retirados de seus cargos sobre pretexto de terem apoiado a ‘ditadura deodorista’, entre esses governadores estava Murtinho. Diferentemente do que aconteceu nos outros estados, o governo federal não permitiu a saída de Murtinho e decidiu intervir no Mato Grosso e reempossar o político mais uma vez no cargo. A partir daí deu-se início a rebelião no estado, Murtinho foi afastado do cargo e um governo provisório foi instaurado. O 21° batalhão de infantaria alocado em Corumbá saiu em direção a Cuiabá no dia 31 de janeiro de 1892 para dar apoio aos revoltosos, ao chegarem na capital foram recebidos pelo povo e de lá não encontraram resistência das tropas ligadas a Murtinho e instaurou-se uma junta governativa, que mais tarde se transformaria em um movimento secessionista.[5]

Em 31 de março de 1892, sob influência do Coronel João Batista Barbosa, que alegadamente queria tirar vantagens da instabilidade política da região, os militares do 21º Batalhão de Infantaria cogitaram a criação da República Transatlântica de Mato Grosso. [6] Em Cuiabá houve uma junção de forças e os revoltosos foram expulsos de lá e o presidente Manuel Murtinho retornou ao cargo, conta o jornalista Sérgio Cruz, que atua em Campo Grande. O presidente brasileiro Floriano Peixoto mandou o Exército para ocupar o Forte Coimbra e retomar o poder ao Murtinho, é então que surge a proposta de separação de Mato Grosso do país, explica. A provável separação acabou provocando repercussão internacional, sobretudo em jornais ingleses. O Daily Telegraph, em 14 de abril de 1892, chegou a publicar artigo.[carece de fontes?] No texto, o articulista comete um erro de avaliação, ao sugerir que a separação foi incentivada pela Argentina. “É sabido que o governo da república Argentina tem ultimamente estado a comprar armas da Alemanha afim de preparar-se para um possível conflito com o Brasil, o que pode ser ocasionado pelo problema de Mato Grosso”, diz trecho da publicação. Especulava-se na época que o governo argentino estaria financiando os revoltosos e cogitando mandar diplomatas a Cuiabá para reconhecer formalmente a nova república. Outro jornal, o The Economist, publicou um longo editorial, dois dias depois, em que elogia a separação e defende que só poderia haver dano ao país em caso do provável restabelecimento da escravidão em território mato-grossense.[7][8]

No mesmo ano, uma rebelião deodorista eclodiu em Niterói, o almirante Wandenkolk sublevou parte da Marinha, houve conflitos em São Paulo e conspirações separatistas em Minas Gerais e em Mato Grosso, onde se proclamou uma República Transatlântica.[9]

Referências

  1. «SAP-MT Superintendência de Arquivo Pública». www.apmt.mt.gov.br. Consultado em 21 de maio de 2020 
  2. Arruda 2013, pp. 103-104.
  3. Franco 2013, p. 77.
  4. Portela 2009, p. 82.
  5. «Matto Grosso | Gazeta de Noticias». Gazeta de Noticias | Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca Nacional. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  6. admin (14 de abril de 2020). «REPÚBLICA TRANSATLÂNTICA». PORTAL MATO GROSSO. Consultado em 21 de maio de 2020 
  7. «Por duas vezes, Mato Grosso sonhou ser independente | Gazeta Digital». Por duas vezes, Mato Grosso sonhou ser independente | Gazeta Digital. Consultado em 21 de maio de 2020 
  8. Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca Nacional «Pelos Estados Matto Grosso | Pacotilha» Verifique valor |url= (ajuda). Consultado em 8 de março de 2024 
  9. Alonso, Angela (30 de novembro de 2007). Joaquim Nabuco. [S.l.]: Companhia das Letras 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]