Reparato de Cartago

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 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Reparato.
Reparato de Cartago
Morte 563
Euceta
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação Bispo
Justiniano em detalhe dum mosaico da Basílica de São Vital

Reparato de Cartago (em latim: Reparatus; m. Euceta, 563) foi um bispo romano do século VI, ativo na prefeitura pretoriana da África. Envolveu-se nas disputas teológicas de seu tempo e vivenciou os primeiros anos do controle pelo Império Bizantino no norte da África após a conquista do Reino Vândalo. Por seu envolvimento na Controvérsia dos Três Capítulos, foi exilado para Euceta nos anos 550, onde faleceria anos depois.

Vida[editar | editar código-fonte]

Reparato apareceu pela primeira vez em 535, no contexto do sínodo conveniado em Cartago, quando enviou delegação chefiada pelo diácono Liberato para encontrar-se com o papa João II (r. 533–535) em Roma.[1] Na missão, enviou carta na qual alegremente falou sobre o fim da repressão arianista e o início do governo do imperador Justiniano (r. 527–565) na recém-fundada Prefeitura pretoriana da África no lugar do Reino Vândalo.[2] Em 546, quando Cartago foi tomada pelo rebelde Guntárico, deu garantias de salvo-conduto ao governador Areobindo, que estava escondido num mosteiro local, par que pudesse se encontrar com o rebelde. Como citado pelo historiador Procópio de Cesareia, Areobindo somente rendeu-se aos apelos do bispo quando as garantias dele foram juradas por rito batismal. Apesar disso, contudo, o oficial seria assassinado[3] e Guntárico assumiria por alguns meses o comando da província, até também ser assassinado num golpe arquitetado pelo general Artabanes.[4]

Na década de 540, para além dos conflitos políticos, o Ocidente bizantino foi agitado pela Controvérsia dos Três Capítulos. Reparato e os demais bispos africanos mostraram-se contrários ao édito imperial de 544 no qual exigia-se que o papa Vigílio (r. 537–555) e os bispos ocidentais condenassem os Três Capítulos como forma de impor uma conformidade doutrinária. Vigílio sucumbiu à pressão, provocando a reação dos bispos africanos, que conveniaram concílio em Cartago em 550.[5] O imperador convocou a Constantinopla o papa e os líderes do concílio, dentre eles Reparato, Primásio de Hadrumeto, Firmo de Tipasa e Verecundo de Junce. Reparato foi exilado em 552 em Euceta, onde faleceu em 563, e o diácono Primoso foi instalado como novo bispo, a contragosto do clero e povo. Em 553, com a condenação dos Três Capítulos no Segundo Concílio de Constantinopla, os oponentes de Reparato obtiveram mais apoio a Primoso como bispo.[5] Aparentemente o diácono Liberato permaneceu ao lado de Reparato até seu falecimento.[1]

J. C. M.

Referências

  1. a b Means 1870, p. 777.
  2. Amory 2003, p. 232.
  3. Martindale 1992, p. 109.
  4. Martindale 1992, p. 109; 575-576.
  5. a b Burns 2014, p. 79-80.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Amory, Patrick (2003). People and Identity in Ostrogothic Italy, 489–554. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-52635-3 
  • Burns, J. Patout; M. Jensen, Robin (2014). Christianity in Roman Africa: The Development of Its Practices and Beliefs. Grand Rapids, Michigão: Wm. B. Eerdmans Publishing. ISBN 146744037X 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8 
  • Means, Joseph Calrow (1870). Smith, William, ed. Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. II. Boston: Little Brown and Company