Revolta dos Tuchins

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Revolta dos Tuchins ou Tuchinat (termo empregado em Occitano[1]) é a denominação dada a uma série de revoltas que ocorreram entre 1363 e 1384, em Auvérnia e em Languedoc, primeiro para se defenderem dos crimes de bandoleiros ingleses, gascões ou franceses[2] e depois contra os impostos e o poder centralizador do Reino da França.

Não foi uma Revolta Camponesa espontânea, mas feita a partir de grupos organizados com um objetivo defensivo em torno de um chefe, o capitão, a quem se fazia um juramento.

Não há consenso sobre a origem do termo "tuchin", alguns sustentam que deriva do termo "tusca", que em latim vulgar significava "homem da floresta"[3], por outro lado, Marcelino Boudet sustentava que seria um sinônimo de "Assassinos"[4].

Os tuchins eram homens do povo, camponeses e artesãos, que, inicialmente, tinham como objetivo: montar grupos de defesa contra ataques de bandoleiros ingleses, gascões ou franceses, que, aos poucos, foram se fortalecendo, de modo que se converteram em braço armado de uma revolta contra um aumento de tributos[5] [6].

No final de 1382, a nobreza deu inicio a uma campanha militar contra os Tuchins em Languedoc, que foram derrotados em Cornillon. Em fevereiro de 1383, foi assinado em tratado de paz. Parte dos Tuchins se retirou para Auvérnia, entre 1384 e 1389[7] [8] [9].

Durante o inverno entre 1383 e 1384, Pierre de Brugère foi eleito como chefe dos tuchins em Basse-Auvergne. Esse chefe liderou um grupo de tuchins para roubar o Bispo de Albi durante uma emboscada, depois atacou o comboio pessoal de João de Berry, sendo que, nesse ataque, roubou parte dos bens transportados e massacrou parte da escolta.

João de Berry reuniu tropas para destruir os tuchins. Nesse contexto, Pierre de Brugère e muitos tuchins fugiram para o norte de Languedoc antes de retornar à Auvérnia, onde foi capturado e executado[10] [11] [12].

Depois, os tuchins remanescentes foram definitivamente derrotados na Batalha de Mentières, perto de Saint-Flour.

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Marcellin Boudet, "La Jacquerie des Tuchins, 1363-1384", Paris, Champion, 1895, 148 p.
  • Louis Stouff, "Une ville de France entre Charles de Duras et les Angevins. L'entrée des Tuchins dans Arles le 24 juillet 1384", em: "La dédition de Nice à la Savoie Paris", Publications de la Sorbonne, 1990, p. 144-157.
  • Pierre Charbonnier, "Qui furent les Tuchins?", em "Violence et contestation au Moyen Âge", actes du 114e Congrès national des sociétés savantes, Paris, 1989, Section d'histoire médiévale et de philologie, Paris, Comité des travaux historiques et scientifiques, 1990, p. 235-247.
  • Vincent Challet, "La révolte des Tuchins: banditisme social ou sociabilité villageoise?", Médiévales, nº 34, printemps 1998, "Hommes de pouvoir: individu et politique au temps de Saint Louis", Presses universitaires de Vincennes, p. 101-112, [lire en ligne [archive]].
  • Vincent Challet, "Au miroir du Tuchinat. Relations sociales et réseaux de solidarité dans les communautés languedociennes à la fin du xive siècle", Cahiers de recherches médiévales et humanistes, nº 10, "Paysans en leur communauté", 2003, p. 71-87.
  • Vincent Challet, "Les Tuchins ou la grande révolte du Languedoc", L'Histoire, no 298, mai 2005, p. 62-67.
  • Vincent Challet, "Le Tuchinat en Toulousain et dans le Rouergue (1381-1393): d'une émeute urbaine à une guérilla rurale?", Annales du Midi, v. 118, nº 256, Toulouse, Privat, outubro-dezembro de 2006, p. 513-525.
  • Vincent Challet, "Tuchins et brigands des bois: communautés paysannes et mouvements d'autodéfense en Normandie pendant la guerre de Cent Ans", em Catherine Bougy e Sophie Poirey (dir.), "Images de la contestation du pouvoir dans le monde normand (xe – xviiie siècle)", Caen, Presses universitaires de Caen, 2007, p. 135-146.
  • Vincent Challet, "Un mouvement anti-seigneurial? Seigneurs et paysans dans la révolte des Tuchins", em "Haro sur le seigneur! Les luttes anti-seigneuriales dans l’Europe médiévale et moderne", Cahiers de Flaran XXIX, Toulouse, Presses Universitaires du Mirail, 2009, p. 19-31.

Referências

  1. Laurenç Revèst, "Una de las mai famosas revòltas popularas occitanas, los Tuchins", em occitano, acesso em 05/08/2021, Jornalet, Barcelona, Associacion entara Difusion d'Occitània en Catalonha (ADÒC),‎ 26 de junho de 2018], acesso em 05/08/2021.
  2. Aqui se designam como "bandoleiros", integrantes de exércitos de mercenários, que, em tempos de paz, se dedicavam a atividades criminosas
  3. C. Portal, Les Tuschins en Auvergne (1384), Paris, 1886, Position des thèses soutenues, École des chartes
  4. Marcellin Boudet, 1894, in Revue d'Auvergne.
  5. Bruno Phalip, Seigneurs et bâtisseurs, Clermont-Ferrand, 1993, Publications de l'Institut d'études du Massif-Central, Université de Clermont II, faculté des lettres et sciences humaines Blaise-Pascal.
  6. Pierre Charbonnier, "Qui furent les Tuschins", in Violence et contestation au Moyen Age, actes du 114e Congrès National des Sociétés Savantes, Comité des Travaux Historiques et Scientifiques, 1990, pages 237 et suivantes.
  7. J.-Ch. L. Simonde de Sismondi, Histoire des Français, p. 416, Treuttel et Würtz, 1828.
  8. Jean-Pierre Saltarelli, Les seigneurs de Cornillon au XIVe siècle, 1997, sur le site de la commune de Cornillon
  9. Académie des Sciences et des Lettres de Montpellier, "Mémoires de la section des lettres", vol. 6 ; 1860.
  10. J. Semonsous, Pages d'Histoire : Basse-Auvergne, 1938.
  11. Vincent Challet, "Au miroir du Tuchinat", Cahiers de recherches médiévales et humanistes,‎ 2003.
  12. Henri Pourrat, "Histoire des gens dans les montagnes du Centre", 1959