Ricardo Flores Peres

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Ricardo Flores Peres
Nascimento 1 de maio de 1903
Sada
Morte 25 de julho de 2002
Buenos Aires
Cidadania Espanha
Ocupação escritor, político, linguistic rights activist, dramaturga

Ricardo Flores Peres (Sada, Galiza, 1 de maio de 1903 - Buenos Aires, Argentina, julho de 2002), foi um dos dinamizadores do movimento independentista galego (na altura denominado "arredista") nas décadas de 20 e 30 do século passado, através da Sociedade Nazonalista Pondal e do seu órgão de expressão, A Fouce.

Nos seus primeiros anos dedicou-se ao trabalho no campo, ao mesmo tempo que realizava os seus estudos, da maneira precária que a sua condição social o permitia. Em Ferrol, durante o tempo que dura a sua permanência na tropa, conhece a actividade teatral da Irmandade da Fala que funciona nessa cidade, estabelecendo contacto com os núcleos de defensores da recuperação social da língua galega. A sua formação intelectual e literária foi sobretudo autodidáctica. É também na sua etapa em Ferrol que assume uma convicção e compromisso como independentista galego que já nunca abandonará.

Dimensão política e activismo cultural[editar | editar código-fonte]

Como tantos milhares de galegos naqueles anos, vê-se obrigado a emigrar, em 1929, à Argentina, por motivos de sobrevivência; mas não por isso perde contacto com a realidade da Galiza, mantendo o compromisso em defesa dos seus direitos nacionais, ao mesmo tempo que exerce profissionalmente como operário metalúrgico. Integra-se na Sociedade Nazonalista Pondal e escreve n´A Fouce (publicada entre 1926 e 1936) de maneira habitual, defendendo o reintegracionismo) e a independência da Galiza.

Fez parte ainda da Irmandade Galega, da chamada Comissão Societária e preside a Sociedade Coral Os Rumorosos; mais tarde, ocupará o cargo de secretário do Conselho da Galiza, governo galego no exílio durante a ditadura franquista. A partir de 1981, com a criação da Associaçom Galega da Língua, integra-se e apoiou o reintegracionismo, além do independentismo e a esquerda.

Junto a João Vicente Biqueira, Ricardo Flores usou na sua obra e nos artigos publicados n'A Fouce, um galego reintegracionista.

Dimensão literária[editar | editar código-fonte]

Como dramaturgo, participou activamente na vida cultural da numerosa comunidade galega na capital da Argentina, criando grupos de teatro e escrevendo obras de valor literário reconhecido. É autor de diversas peças em que sintetiza a sua visão da Galiza tradicional com as ideias soberanistas e de defesa dos sinais de identidade nacional galega.

Obra[editar | editar código-fonte]

Teatral[editar | editar código-fonte]

  • Mai e Filha, 1934
  • Um ovo de duas gemas. Comédia rideira em dous passos, 1938
  • Enguedelho, 1939
  • Para isso sou teu amigo, 1952
  • Ugio, 1953
  • Quatro estampas de beiramar (“O amor da costureira”, “Um home de mala sorte”, “Agora já é tarde” e “No areal”), 1961
  • Três novas estampas (A nossa terra é nossa. Um remédio Malfadado e O afiador (Cadernos da Escola Dramática, Corunha, 1992)

Música popular[editar | editar código-fonte]

  • Mostra de música popular galega (Caixa Ourense, 1984)
  • Trinta cantigas galegas (Reflexos da doma) (Editado pela Associação Civil dos Amigos do Idioma Galego, de Buenos Aires, em 1987).

Artigos na Revista Agália[editar | editar código-fonte]

  • “O movimento galeguista em Buenos Aires (1930-1980)”, número 35 (páginas 301-312). Temática histórica.
  • “A lírica popular galega em Buenos Aires”, número 42 (páginas 195-205). Temática literária.
  • “O teatro como meio proselitista”, número 51 (páginas 337-344). Temática literária e política.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia sobre Ricardo Flores Peres[editar | editar código-fonte]

  • PENABADE REI, B: “Outra voz na procura da emancipaçom nacional: Ricardo Flores”, in Agália, nº 41, Março-Junho de 1995
  • LOURENÇO, M e PILLADO, F: O teatro galego. 1979.
  • VILANOVA, A: verbete na Gran Enciclopedia Gallega (tomo XIII, p. 100). Em espanhol.
  • PÉREZ, L: Cadernos da Escola Dramática Galega n. 89 e 95.
  • R. GÔMEZ, J: "O teatro galego de Ricardo Flores em Buenos Aires", in Estudos dedicados a Ricardo Carvalho Calero (tomo II, páginas 311-237). 2000.
  • R. GÔMEZ, J: "Apresentaçom básica de Ricardo Flores", in Agália, nº 75/76 (páginas 215-235). 2003.