Rio Mãe Luzia

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Rio Mãe Luzia
Nascente Treviso
Foz Rio Araranguá
Afluentes
principais
Rio Sangão, Rio São Bento, Rio Manoel Alves, Rio Criciúma e Rio do Cedro
País(es)  Brasil
País da
bacia hidrográfica
Bacia do Rio Araranguá

O rio Mãe Luzia é um curso de água do estado de Santa Catarina, no Brasil. Localiza-se no sul do estado, cortando principalmente o município de Forquilhinha. Pertence à bacia hidrográfica do rio Araranguá,[1] e é o maior rio que perpassa a grande região de Criciúma. As águas do rio Mãe Luzia drenam territórios de sete municípios: Treviso, Siderópolis, Nova Veneza, Criciúma, Forquilhinha, Maracajá e Araranguá.[1]

A denominação "Mãe Luzia", refere-se a uma senhora, Luzia, que lavava roupas nas águas do rio, perto de Nova Veneza.[2] Quando foi implantada a colônia de Nova Veneza, a travessia do rio, durante os períodos de cheias, só era possível de canoa.

Poluição Carbonífera[editar | editar código-fonte]

Rio Mãe Luzia em Forquilhinha.

Após anos de poluição devida à exploração carbonífera, as águas do rio Mãe Luíza se tornaram muito ácidas, com pH próximo de 4. O lançamento de rejeitos inviabilizou a captação de suas águas do rio para abastecimento público, irrigação, recreação ou pesca.[3] Atualmente há 807 bocas de mina, sendo que 189 delas lançam água poluída.[4] Além da poluição carbonífera, o curso d'água recebe grande quantidade de esgoto doméstico lançamentos em suas águas, bem como outros rejeitos oriundos de atividades agrícolas.[5]

Em 2014 ocorreu o primeiro Fórum de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia, tendo como incentivadora a Universidade do Extremo Sul-Catarinense (UNESC). Um grande público, entre comunidade, prefeitos, vereadores e autoridades, participaram do evento. O deputado federal Ronaldo Benedet e o presidente da Câmara de Vereadores de Nova Veneza, que integra a comissão do Rio, Alberto Ranacoski, também participaram da mesa de criação do Fórum. O Fórum será responsável por articular um movimento para cuidar e tratar do Rio Mãe Luzia.[6]

Revitalização[editar | editar código-fonte]

Muito ainda há que ser feito para a integral revitalização do rio. Mas já em 2019, nos ao redores de Treviso, moradores verificaram a presença de peixes no leito do Mae Luzia, no trecho na altura do bairro dos Ipês, fato que posteriormente foi confirmado pela Fundação Municipal de Meio Ambiente de Treviso (Funtrev). De acordo com um dos engenheiros ambientais da Funtrev, a aparição dos peixes, nesse rio que foi tão poluído pelos processos de mineração, se deve à recuperação e monitoramento ambiental promovido pelos entes federados, o que demonstra a possibilidade de recuperação desse passivo ambiental.[7]

Pontes[editar | editar código-fonte]

Embora o rio Mãe Luzia não escoe grande volume de água, no entanto, a inconstância do nível das águas, motivado pela pouca distância de suas vertentes nas encostas da Serra do Mar, mesmo que em locais mais afastados da nascente não chova, o volume da água aumenta repentinamente, de maneira que o atravessar do rio por entre as águas se toma impossível e permanece nesse estado muitas vezes por diversos dias. O transpor do rio pela canoa, se não impossível, é, porém sempre perigoso devido à alta velocidade das águas pelo grande declive do leito. A alta cordilheira da Serra do Mar, de onde se alimentam os rios Mãe Luzia e São Bento, e o forte declive dos leitos que lhes são peculiares, fazem com que as fortes chuvas caídas na serra se agregam rapidamente e se avolumam, provocando as enchentes, que muitas vezes trazem sérios prejuízos às lavouras ribeirinhas.[8]

Várias foram as comunidades que ao longo dos anos se desenvolveram nas margens do rio Mãe Luzia. Assim, os residentes locais se empenharam em criar meios de melhor locomoção entre as margens do rio, como forma de substituir as canoas, anteriormente utilizadas.

Forquilhinha[editar | editar código-fonte]

A comunidade de Forquilhinha, desde o início, se estabeleceu em ambas as margens do rio Mãe Luzia. Com a fundação da primeira escola da vila em 1915, também se tomou consideração a dificuldade para os alunos residentes na margem direita do rio Mãe Luzia virem diariamente à escola, nos tempos de cheia. Os moradores por conta própria, adquiriram grande quantidade de arame liso para forjar as cordas de arame para a ponte-pênsil. A infraestrutura era composta de esteios de madeira fincados profundamente em cima dos barrancos do rio, capazes de sustentar a ponte sobre o rio. A superestrutura compunha-se de quatro cordas grossas de arame todas amarradas nos postes e igualmente estiradas e ligadas entre si, duas em cima e duas mais embaixo e sobre estas debaixo se colocavam duas ou três tábuas ao longo, sobre os quais os pedestres passavam. Uma trama do mesmo arame liso em ambos os lados protegia a queda das crianças e mesmo dos adultos. A primeira ponte pênsil de arame foi construída nos terrenos de Dionísio Nuernberg e de Leonardo Steiner, nas margens direita e esquerda do rio respectivamente, no ano de 1916.[9]

Após o movimento escolar, frequência das cerimônias da igreja e comercial ter se concentrado na sede de Forquilhinha, a mesma ponte foi reedificada defronte à igreja e à casa da escola, permanecendo até 1950. O desejo e a necessidade de uma ponte capaz de dar livre trânsito para todos os meios de transporte, foi atendido somente em 1949, com o esforço conjugado da Prefeitura de Criciúma, sendo prefeito Aldo Caldas Faraco, com o governo de Estado, sendo o Secretário de Viação e Obras Públicas Leoberto Leal, e mais colaboração de todos os moradores de Forquilhinha veio a concretizar-se um velho sonho dos moradores. Quatro longas vigas de ferro conseguidas da Estrada de Ferro D. Teresa Cristina, foram conduzidas com grandes sacrifícios de Criciúma para o local da ponte, no mesmo rumo da Rua João José Back. O comprimento das vigas de ferro dava justamente para a largura do rio. Portanto, tornava-se necessária a construção de pilar no centro do rio, que neste local oferecia dois metros de profundidade. A segunda ponte, feita de ferro com piso de cimento armado, foi entregue a população em outubro de 1950, inaugurada e dada ao livre trânsito para todos os veículos.[10] Infelizmente a estrutura durou poucos anos, vindo a cair no leito do rio após um colapso em sua estrutura.

A terceira ponte, localizada no perímetro urbano de Forquilhinha, à época município de Criciúma, foi iniciada em 2 de agosto de 1976 e concluída em 28 de maio de 1977. A obra, executada em concreto armado, com a extensão de 110,00 m, possui 14,00 m de largura, sendo 9,00 m para pista de rolamento e 2,50 para cada passeio lateral. Para sua execução foram necessários Serviços de Aterro de contenção das cabeceiras, onde foram movimentados 21.145,90 m³ em terraplenagem e 5.640,00m³ revestimento primário. O projeto e execução foram realizados pela Construtora Marna Ltda, custando o montante total de Cr$ 4.474.446,32. O ato de inauguração contou com a presença do Secretário dos Transportes e Obras do Estado de Santa Catarina Nicolau Fernando Malburg, sendo precedida a entrega pelo Governador do Estado Antônio Carlos Konder Reis. A ponte chama-se Ponte Gabriel Arns, em homenagem a um dos primeiros colonizadores de Forquilhinnha.[11]

No ano de 2007 foi construído ao lado da Ponte Gabriel Arns uma passarela para pedestres, recebendo o nome de Heimatpass, em português Passarela das Origens.[12]

Já no ano de 2013 a segunda ponte de concreto foi inaugurada em Forquilhinha. No evento de inauguração, diversas autoridades e moradores se fizeram presente. A obra faz parte do trecho de contorno viário municipal. Com 100 metros de extensão e 10,45 metros de largura, além de barreira lateral para pedestres e ciclistas, a ponte foi construída em concreto armado, ligando a rua Josef Eyng, no bairro Santa Clara, com a Rodovia Municipal Linha Eyng. O investimento é de pouco mais de R$ 2 milhões, uma parceria da prefeitura com o Ministério das Cidades.[13]

Nova Veneza[editar | editar código-fonte]

Ao menos, o município de Nova Veneza conta com três pontes de concreto sobre o rio. Uma delas com área de 751,67 m², onde passa a Rodovia Giácomo Destro[14], recebendo o nome de Ponte Antônio Destro. Além desta, há uma na comunidade de São Bento Baixo dando continuidade a Rodovia SC-443 e a ponte na região central onde se localiza a Avenida dos Imigrantes.[15] Já no bairro Jardim Florença, fazendo divisa com o município de Criciúma no bairro Mãe Luzia, onde o rio de mesmo nome passa, há uma pequena passarela, entregue a população em 03 de julho de 2020, sendo denominada de Passarela Ayrton Brandão.[16] Recentemente foi entregue a população a Ponte Dei Morosi. Em estilo de passarela, no dialeto vêneto seu nome significa Ponte dos Namorados, sendo uma alusão à primeira ponte de madeira construída em 1936. A romântica ponte foi ponto de encontro de várias gerações, testemunhado pelos jovens da época.[17]

Siderópolis[editar | editar código-fonte]

Na Rodovia Padre Herval Fontanella, localizada na comunidade de Jordão Baixo em Siderópolis, há uma ponte que cruza o leito do rio, tendo sido inaugurada em 1986. Há um projeto para que a ponte receba a duplicação. Se concretizado, contará com medidas de 50 metros de comprimento por 4 metros de largura, além de passeio para pedestre. O investimento estimado é o total de R$ 1,199 milhão.[18]

Treviso[editar | editar código-fonte]

No município de Treviso, o Rio Mãe Luzia é cortado por três pontes, sendo duas na Rodovia SC-446 e uma que dá continuidade à Rua Joaquim Losso.[19]

Maracajá[editar | editar código-fonte]

O município de Maracajá conta com apenas uma ponte sobre o rio, ligando a cidade a Forquilhinha. Sobre a estrutura, passa a Rua José de Souza Machado.[20]

Referências

  1. a b Portal Veneza - Rio Mãe Luzia Acessado em 27 de março de 2017
  2. PATARELLO, P. Giovanni Valdastico. Siderópolis (Nova Belluno): uma grande aventura. Caxias do Sul: Ed. Paulinas, 1963
  3. O Sul do Estado de Santa Catarina, por Geraldo Milioli, Marcelo Pompêo, Nadja Zim Alexandre, Geraldo Milioli e Vanilde Citadini-Zanette. UNESC, USP/IB, 2002]
  4. Catarinense, Unesc-Universidade do Extremo Sul. «Fórum de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia já é realidade». Fórum de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia já é realidade. Consultado em 9 de maio de 2024 
  5. «Rio Mãe Luzia está longe de ser recuperado - Cotidiano». 4oito. Consultado em 9 de maio de 2024 
  6. Catarinense, Unesc-Universidade do Extremo Sul. «Fórum de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia já é realidade». Fórum de Restauração e Revitalização do Rio Mãe Luzia já é realidade. Consultado em 9 de maio de 2024 
  7. «A volta dos peixes ao Rio Mãe Luzia - Cotidiano». 4oito. Consultado em 9 de maio de 2024 
  8. «forquilhinhasc - 8.- Pontes sobre o Rio Mãe Luzia.». www.forquilhinha-sc.com.br. Consultado em 9 de maio de 2024 
  9. «forquilhinhasc - 8.- Pontes sobre o Rio Mãe Luzia.». www.forquilhinha-sc.com.br. Consultado em 9 de maio de 2024 
  10. «forquilhinhasc - 8.- Pontes sobre o Rio Mãe Luzia.». www.forquilhinha-sc.com.br. Consultado em 9 de maio de 2024 
  11. «Ponte Gabriel Arns - Arquivo Público do Estado de Santa Catarina». acervo.arquivopublico.sc.gov.br. Consultado em 9 de maio de 2024 
  12. «Lei Ordinária 1335 2007 de Forquilhinha SC». leismunicipais.com.br. Consultado em 9 de maio de 2024 
  13. Engeplus, Portal (28 de abril de 2013). «Ponte do Centenário é inaugurada em Forquilhinha». Portal Engeplus. Consultado em 9 de maio de 2024 
  14. http://www.virtualiza.com.br, Virtualiza-. «Ponte sobre o Rio Mãe Luzia - Nova Veneza/SC - Obras - Confer Construtora». www.conferconstrutora.com.br. Consultado em 9 de maio de 2024 
  15. «Google Maps». Google Maps. Consultado em 9 de maio de 2024 
  16. «Storia de le ponte». 30 de junho de 2020. Consultado em 9 de maio de 2024 
  17. «Ponte dei Morosi». Visite Nova Veneza. Consultado em 9 de maio de 2024 
  18. Engeplus, Portal (8 de maio de 2024). «Ponte da comunidade de Rio Jordão será duplicada em Siderópolis». Portal Engeplus. Consultado em 9 de maio de 2024 
  19. «Google Maps». Google Maps. Consultado em 9 de maio de 2024 
  20. «Google Maps». Google Maps. Consultado em 9 de maio de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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