Sérgio Roberto Correa

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Sérgio Roberto Correa
Sérgio Roberto Correa
Nascimento 27 de julho de 1941
Mogi das Cruzes, SP
Morte 4 de setembro de 1969 (28 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Ocupação militante da Ação Libertadora Nacional

Sérgio Roberto Correa (Mogi das Cruzes - São Paulo, 27 de julho de 1941 - São Paulo, 4 de setembro de 1969) foi um militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) no período da ditadura militar no Brasil, regime instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985.

Morreu em uma explosão de carro junto com Ishiro Nagami.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sérgio Roberto Corrêa nasceu em Mogi das Cruzes, São Paulo. Os pais, Benedito Correa e Helena Correa , tiveram, além de Sérgio, mais dois filhos, Tom e Zé. Estudou durante o ginásio e o ensino médio no Instituto de Educação Dr. Washington Luís, em Mogi das Cruzes. Em meados de 1960, mudou-se para São Paulo, para cursar filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo os arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Sérgio tornou-se militante da Ação Libertadora Nacional, ALN, em 1968, para combater a ditadura militar brasileira. No movimento, ele era conhecido pelo pseudônimo de "Gilberto" e participava do GTA, Grupo Tático Armado. Apesar de nunca ter sido preso, Sérgio é citado por seus companheiros na participação de várias ações da ALN entre 1968 e 1969, entre elas: em dois atentados a bomba contra a residência do diretor do Parque da Aeronáutica, uma ação contra o Banco do Brasil e outro atentado a bomba contra a Companhia Brasileira de Investimentos.[1]

Morte[editar | editar código-fonte]

Na madrugada de 4 de setembro de 1969, Sérgio Roberto Corrêa e Ishiro Nagami morreram quando o Volkswagen azul em que estavam explodiu por causa de uma bomba que estava sendo transportada no veículo. Especula-se que os dois pretendiam um ataque ao edifício sede da Nestlé,[2] localizado perto da Rua da Consolação, em São Paulo, onde aconteceu o acidente. A investigação sobre o caso acredita que o explosivo foi detonado antes do tempo previsto ou que, possivelmente, aconteceu devido ao balanço do carro.

Ishiro Nagami acabou sendo atirado na calçada, mas não morreu instantaneamente e foi logo identificado, pois a sua carteira de motorista não foi destruída com a explosão. Entretanto, levou algum tempo para que Sérgio fosse reconhecido como o segundo morto, pois o corpo da vítima havia sido desintegrado. Acreditava-se que havia sido uma mulher, por causa dos chumaços de cabelo.

A documentação localizada pela CNV sugere a existência de indícios de que as forças de segurança procuravam por ele desde pelo menos junho de 1969, por atribuírem-lhe diversas ações armadas. Aimar Biu informou que, no final de 1968, Ishiro e Sérgio encontraram-se na residência de Hans Manz para participarem de um curso sobre explosivos.

O relatório do Inquérito Policial Militar (IPM) que foi apresentado pela Secretária de Segurança Pública de São Paulo registra outras acusações contra Sérgio. O inquérito, que havia sido instaurado no "escopo da apuração das atividades subversivo-terroristas da organização denominada Ação Libertadora Nacional", acusa-o de ser coautor do assalto à Agencia do Banco do Brasil no município de Utinga em julho de 1969.

Corpo[editar | editar código-fonte]

O corpo de Sério Roberto Corrêa, após a explosão, não foi identificado. Por isso, acredita-se que tenha sido enterrado, no dia 19 de setembro de 1969, como indigente no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo. Os familiares de Sérgio não fizeram requerimento à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos (CEMDP).

Em 2010, equipes de buscas foram organizadas para encontrar os corpos de vítimas desaparecidas da época da ditadura militar no Brasil. Uma ossada, que supostamente seria a de Sérgio, foi localizada[3] no Cemitério da Vila Formosa e exames seriam feitos para verificar a suspeita.

Sentença[editar | editar código-fonte]

Apesar de ter morrido em 1969, no dia 21 de março de 1975, Sérgio Roberto Corrêa teve a sua sentença por ter participado de ações da ALN.[4] Sérgio é condenado a três anos e quatro meses de reclusão, com pena acessória de suspensão dos direitos políticos por 10 anos.

Embora seu nome conste no livro organizado pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos políticos (CEMDP), para seu caso, não foi apresentado requerimento por sua família. Seu nome consta no Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos políticos no Brasil (1964 - 1985), organizado pela Comissão de familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Homenagem[editar | editar código-fonte]

Em março de 2016, foi inaugurado no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, o jardim “Pra não dizer que não falei das flores”. O espaço criado pelo Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) tem como objetivo homenagear Sergio Roberto Correa e Virgílio Gomes da Silva, além de outros desaparecidos políticos durante o regime militar. O local é marcante pois lá foram realizadas diversas buscas por esses indivíduos após o período da ditadura.[5]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Cópia arquivada». Consultado em 15 de junho de 2014. Arquivado do original em 17 de novembro de 2015 
  2. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 15 de junho de 2014. Arquivado do original (PDF) em 14 de agosto de 2011 
  3. «Folha de S.Paulo - PF acha ossada de suposta vítima da ditadura - 03/12/2010». www1.folha.uol.com.br 
  4. [1]
  5. «Inaugurado o jardim "Pra não dizer que não falei das flores" no cemitério Vila Formosa | Secretaria Municipal de Prefeituras Subprefeituras | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 15 de outubro de 2019