Síndrome hemolítico-urêmica atípica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Atypical hemolytic uremic syndrome
Síndrome hemolítico-urêmica atípica
Glóbulos vermelhos danificados (esquistocitos).
Especialidade hematologia
Classificação e recursos externos
CID-10 D59.3
CID-9 283.11
MeSH D065766
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

A síndrome hemolítico-urêmica atípica (SHUa) é uma doença rara, grave, sistêmica e fatal, com uma evolução negativa.[1][2][3][4] A SHUa afeta crianças e adultos e está associada à microangiopatia trombótica (MAT).[4][5] A MAT resulta da formação de coágulos em pequenos vasos sanguíneos ao longo de todo o corpo que podem levar a complicações sistémicas em vários órgãos. [1][3][4] A SHUa é causada principalmente pela ativação crónica e descontrolada do sistema complemento, um componente do sistema imunitário que combate as infecções e serve como máquina de limpeza endógena de células mortas.[4][5][6][7][8] Normalmente, o sistema complemento é altamente autorregulado por determinadas proteínas que controlam os seus efeitos destrutivos mas, no caso da SHUa, esta regulação está comprometida — devido principalmente às mutações em proteínas reguladoras do complemento.[6][8] Perturbações nestes mecanismos de controlo podem levar à uma sobreativação do sistema complemento que, subsequentemente, origina lesões nos próprios tecidos corporais.[7][8] O rápido diagnóstico da doença e o início precoce do tratamento apropriado melhoram os resultados e possivelmente reduzem os riscos associados à MAT e consequentes complicações fatais, tais como insuficiência renal, acidente vascular cerebral ou ataque cardíaco.[4][9][10][11]

Nomenclatura[editar | editar código-fonte]

A SHUa é uma forma da SHU (síndrome hemolítico-urêmica), que se apresenta majoritariamente em adultos e aparece em criança em apenas 5 a 10% dos casos.[12] A maioria dos casos de SHU em crianças são provocados por uma infeção pela bactéria Escherichia coli produtora da toxina Shiga, sendo esta forma designada por SHU-ECTS (muitas vezes referida como (D+)SHU). Em algumas publicações a SHUa foi descrita como uma síndrome hemolítico-urémica sem diarreia ((D-)SHU).[12] Contudo, esta nomenclatura pode ser considerada enganadora, pois até 30% dos pacientes apresentaram sinais de diarreia.[13] Foi sugerido que a terminologia da (D-)SHU seja retirada.[12]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

A SHUa pode ser esporádica ou familiar,[2][14] e não parece variar com a etnia, o género ou a área geográfica.[12] Como é expectável para uma doença rara, os dados sobre a incidência dessa síndrome são limitados. Um registo europeu que envolveu 167 pacientes pediátricos documentou 3,3 casos por milhão de crianças, com taxas mais baixas entre os adultos.[15][16] Um estudo recente que envolveu 214 pacientes com SHUa apresentou ocorrências semelhantes na infância (41,6%) e na idade adulta (58,4%).[17] O site da internet Orphanet (um portal para doenças raras e medicamentos órfãos) reporta uma prevalência de 1 a 9 casos por milhão de pessoas.[18]

Patogénese[editar | editar código-fonte]

A SHUa é induzida por uma ativação crónica e descontrolada do complemento levando à lesão endotelial e do órgão alvo.[5][6] Em indivíduos saudáveis, o sistema complemento é responsável por atacar e destruir agentes patogénicos, como por exemplo bactérias, vírus ou células corporais alteradas e remover restos celulares.[7][8][19] Consiste em três vias diferentes: via clássica, via da lectina e via alternativa.[8] Enquanto as duas primeiras vias ocorrem como resultado de ligação a complexos imunes ou a microrganismos, respectivamente, a via alternativa está constantemente ativada, causando, assim, uma indução contínua do complexo de ataque à membrana (MAC) que provoca lise da célula.[19]Por isso, é essencial que o corpo controle rigorosamente o sistema complemento de forma a evitar danos nos tecidos e órgãos saudáveis.[14] Mutações genéticas das proteínas reguladoras do complemento (por exemplo, CFH, CFB, CFI, MCP, CFHR 1/3 e trombomodulina) perturbam o frágil equilíbrio da via do complemento na SHUa.[6][20][21][22] A atividade contínua e descontrolada do complemento resulta em dano das células endoteliais (células que revestem os vasos sanguíneos). A ativação sustentada subsequente das plaquetas e dos leucócitos provocam MAT e, consequentemente, isquemia, inflamação dos vasos sanguíneos que originam danos irreversíveis dos tecidos, falha de vários órgãos e, muitas vezes, a morte.[4][9][20][21] A maioria das mutações tem uma penetrância de aproximadamente 50% e os fatores ambientais também parecem desempenhar um papel importante na patogénese.[23][24]

Apresentação clínica[editar | editar código-fonte]

A SHUa apresenta-se muitas vezes com sintomas não-específicos, tais como indisposição e fadiga.[12] Mais da metade dos pacientes apresenta lesões nos rins incluindo doença renal terminal (DRT).[6] Os sinais e sintomas comuns são creatinina elevada[25][26][27], oligúria,[4] edema, [26] hipertensão arterial,[5] redução da taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) [4][27] ou proteinúria.[25] Outros sistemas, excluindo os rins, podem apresentar sintomas, incluindo pródromos:

Algumas doenças levam os pacientes com SHUa à um risco elevado de manifestações de MATs.[23][35][16]. Os pacientes com SHUa apresentaram manifestações de MAT em condições como:[5][16][36][37]

Prognóstico[editar | editar código-fonte]

Os pacientes com SHUa têm um prognóstico pouco favorável em longo prazo.[20] Cerca de 79% dos pacientes com SHUa morrem ou ficam com lesões renais permanentes num espaço de três anos, apesar de receberem cuidados médicos.[5] O transplante renal em pacientes com SHUa com doença renal terminal é raramente considerado devido à alta incidência de recorrência da doença e falência do enxerto em cerca de 90% dos pacientes com nova MAT.[14] Consequentemente, a maioria dos pacientes com SHUa com doença renal terminal são submetidos a diálise crónica, o que está associado a um prognóstico pouco favorável.[38][39] O transplante combinado de rim e fígado já foi tentado em pacientes com SHUa mas este procedimento complexo apresenta uma taxa de mortalidade muito elevada (um em cada dois casos).[40]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

A SHUa manifesta-se de acordo com as características clínicas da MAT (trombocitopenia, hemólise microangiopática e sintomas de disfunção orgânica).[4] Contudo, a SHUa não é a única doença que causa MAT sistémica, o que acentua a importância de um diagnóstico diferencial. As outras grandes MATs são a púrpura trombocitopénica trombótica (PTT) e a síndrome hemolítico-urêmica devida à Escherichia coli produtora de toxinas Shiga (SHU-ECTS).[4][41][42] Após confirmação da MAT utilizando valores laboratoriais para a trombocitopenia e para a hemólise microangiopática, além de medidas sintomáticas para a disfunção orgânica, é essencial diagnosticar a causa subjacente da doença. Um teste de atividade da ADAMTS13 pode confirmar a PTT ou a SHUa enquanto um teste de toxinas Shiga pode detetar a SHU-ECTS:[4]

  • Uma atividade de ADAMTS13 igual ou inferior a 5% confirma um diagnóstico de PTT
  • Um teste positivo de toxinas Shiga em amostras de fezes e a evidência de infeção por ECTS em amostras serológicas confirma um diagnóstico de SHU-ECTS [43]
  • Uma atividade de ADAMTS13 superior a 5% e a ausência de toxinas Shiga em amostras de fezes aumenta a probabilidade de um diagnóstico de SHUa positivo

Na ausência de resultados de ADAMTS13, é possível recorrer aos níveis de creatinina sérica e à contagem de plaquetas para prever a atividade de ADAMTS13 em pacientes com MAT.[44] Um nível de creatinina sérica >150–200 μmol/l (>1,7–2,3 mg/dl) em adultos ou uma contagem de plaquetas de >30 000/mm3 eliminam praticamente um diagnóstico de deficiência grave de ADAMTS13 e, consequentemente, de PTT.[44] Embora a SHUa seja uma doença predominantemente genética, 30–50% dos pacientes não apresentam uma mutação genética identificável.[1][4][5][45] Por conseguinte, os testes genéticos não são uma alternativa confiável no diagnóstico da doença.[1][4] Nem todas as mutações genéticas conhecidas têm implicações no prognóstico.[4] Por esta razão, e dada a disponibilidade limitada de testes genéticos devido aos elevados custos implicados e à morosidade da análise dos resultados, tal teste não é adequado para a avaliação inicial e gestão da SHUa.[4][46]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Substituição/perfusão de plasma (SP/PP)[editar | editar código-fonte]

Embora a SP/PP seja frequentemente utilizada, não há ensaios controlados que atestem a sua segurança e eficácia no tratamento da SHUa.[47] Alguns pacientes apresentaram melhorias em termos hematológicos mas,[4][12][48] apesar da aplicação inicial de SP/PP, verificou-se a persistência de desregulação complementar e MAT em outros pacientes.[12][46][49] Isto pode dever-se ao facto de que a SP/PP não é suficiente para remover fatores de mutação complementar ou substituir fatores deficientes,[9][38] implicando que a SP/PP produz uma resposta clínica limitada.[4][50] A American Society for Apheresis atribui um grau de recomendação 2C/fraco à SP/PP para tratamento da SHUa devido à qualidade «baixa» e «muito baixa» de evidências que comprovem a sua utilização.[51]

Diálise crónica[editar | editar código-fonte]

Os pacientes com SHUa com doença renal em fase terminal são geralmente submetidos à diálise, a qual resulta numa taxa de 50% de sobrevida em 5 anos.[52] Visto que a ativação sistémica e descontrolada do complemento continua nos pacientes com SHUa em diálise,[34] estes apresentam uma atividade do complemento mais pronunciada do que pacientes em diálise crónica sem SHUa.[53] Os pacientes com SHUa em diálise ainda correm o risco de MAT em outros órgãos.[34][53][54][55][56][57][47]

Transplante[editar | editar código-fonte]

Apesar do seu histórico de utilização em pacientes com SHUa, o transplante renal não resolve a ativação descontrolada do complemento que conduz à MAT sistémica progressiva.[46] Dependendo da mutação genética, cerca de 90% dos pacientes com SHUa voltam a sofrer da doença após um transplante renal.[13][46] Depois de um transplante renal, a ativação descontrolada do complemento que se segue associada à SHUa causa perda do enxerto, o que não pode ser recuperado com SP/PP na maioria dos pacientes.[6][58] O transplante combinado de rim e fígado só está disponível para muito poucos pacientes devido à escassez de órgãos sólidos. Além disso, a inflamação e a MAT persistem em outros órgãos e existe um risco considerável de morte que muitos médicos e pacientes consideram excessivo.[5][6]

Eculizumab[editar | editar código-fonte]

Aprovado pelo FDA em 2011 para tratar SHUa.[59]

Referências[editar | editar código-fonte]

[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27] [28] [29] [30] [31] [32] [33] [34] [35] [36] [37] [38] [39] [40] [41] [42] [43] [44] [45] [46] [47] [48] [49] [50] [51] [52] [53] [54] [55] [56] [57] [47] [58]

  1. a b c d e f Kavanagh, D., et al. (2006) Atypical haemolytic uraemic syndrome. From Br Med Bull 77-78, 5-22.>
  2. a b c Caprioli, J., et al. (2006) Genetics of HUS: the impact of MCP, CFH, and IF mutations on clinical presentation, response to treatment, and outcome. From Blood 108(4), 1267-1279.>
  3. a b c d Langman, C. (2012) SYSTEMIC MULTI-ORGAN COMPLICATIONS IN ATYPICAL HEMOLYTICUREMIC SYNDROME (AHUS): RETROSPECTIVE STUDY IN A MEDICAL PRACTICE SETTING. From Haematologica 97(s1), 195-196: Abstract 0490.>
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Laurence, J. (2012) Atypical hemolytic uremic syndrome (aHUS): making the diagnosis. From Clin Adv Hematol Oncol 10(10 Suppl 17), 1-12.>
  5. a b c d e f g h i j k l Noris, M., et al. (2010) Relative role of genetic complement abnormalities in sporadic and familial aHUS and their impact on clinical phenotype. From Clin J Am Soc Nephrol 5(10), 1844-1859.>
  6. a b c d e f g h i Loirat, C., et al. (2008) Complement and the atypical hemolytic uremic syndrome in children. From Pediatr Nephrol 23(11), 1957-1972.>
  7. a b c d Meri, S. (2007) Loss of self-control in the complement system and innate autoreactivity. From Ann N Y Acad Sci 1109, 93-105.>
  8. a b c d e f Walport, M. J. (2001) Complement. First of two parts. From N Engl J Med 344(14), 1058-1066.>
  9. a b c d Legendre, C. M., et al. (2013) Terminal complement inhibitor eculizumab in atypical hemolytic-uremic syndrome. From N Engl J Med 368(23), 2169-2181.>
  10. a b c d Ohanian, M., et al. (2011) Eculizumab safely reverses neurologic impairment and eliminates need for dialysis in severe atypical hemolytic uremic syndrome. From Clin Pharmacol 3, 5-12.>
  11. a b c d Sallee, M., et al. (2010) Myocardial infarction is a complication of factor H-associated atypical HUS. From Nephrol Dial Transplant 25(6), 2028-2032.>
  12. a b c d e f g h Loirat, C., et al. (2011) Atypical hemolytic uremic syndrome. From Orphanet J Rare Dis 6, 60.>
  13. a b c d Zuber, J., et al. (2011) New insights into postrenal transplant hemolytic uremic syndrome. From Nat Rev Nephrol 7(1), 23-35.>
  14. a b c d Noris, M., et al. (2009) Atypical hemolytic-uremic syndrome. From N Engl J Med 361(17), 1676-1687.>
  15. a b Zimmerhackl, L. B., et al. (2006) Epidemiology, clinical presentation, and pathophysiology of atypical and recurrent hemolytic uremic syndrome. From Semin Thromb Hemost 32(2), 113-120.>
  16. a b c d Campistol, J. M., et al. (2013) An update for atypical haemolytic uraemic syndrome: diagnosis and treatment. A consensus document. From Nefrologia 33(1), 27-45.>
  17. a b Fremeaux-Bacchi, V., et al. (2013) Genetics and outcome of atypical hemolytic uremic syndrome: a nationwide French series comparing children and adults. From Clin J Am Soc Nephrol 8(4), 554-562.>
  18. a b Orphanet from http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/Disease_Search.php?lng=EN&data_id=779&Disease_Disease_Search_diseaseGroup=aHUS&Disease_Disease_Search_diseaseType=Pat&Disease(s)/group. accessed 2014(03 June).
  19. a b c Meri, S., et al. (2008) Encyclopedia of Life Sciences (ELS), John Wiley & Sons, Ltd, Chichester.
  20. a b c d Hirt-Minkowski, P., et al. (2010) Atypical hemolytic uremic syndrome: update on the complement system and what is new. From Nephron Clin Pract 114(4), c219-235.>
  21. a b c Noris, M., et al. (2012) STEC-HUS, atypical HUS and TTP are all diseases of complement activation. From Nat Rev Nephrol 8(11), 622-633.>
  22. a b Sellier-Leclerc, A. L., et al. (2007) Differential impact of complement mutations on clinical characteristics in atypical hemolytic uremic syndrome. From J Am Soc Nephrol 18(8), 2392-2400.>
  23. a b c Caprioli, J., et al. (2003) Complement factor H mutations and gene polymorphisms in haemolytic uraemic syndrome: the C-257T, the A2089G and the G2881T polymorphisms are strongly associated with the disease. From Human Molecular Genetics 12(24), 3385-3395.>
  24. a b Sullivan, M., et al. (2011) Age-related penetrance of hereditary atypical hemolytic uremic syndrome. From Annals of Human Genetics 75(6), 639-647.>
  25. a b c d e Neuhaus, T. J., et al. (1997) Heterogeneity of atypical haemolytic uraemic syndromes. From Arch Dis Child 76(6), 518-521.>
  26. a b c Stahl, A. L., et al. (2008) Factor H dysfunction in patients with atypical hemolytic uremic syndrome contributes to complement deposition on platelets and their activation. From Blood 111(11), 5307-5315.>
  27. a b c Ariceta, G., et al. (2009) Guideline for the investigation and initial therapy of diarrhea-negative hemolytic uremic syndrome. From Pediatr Nephrol 24(4), 687-696.>
  28. a b Muus, P., et al. (2013) from 18th European Hematology Association (EHA), Abstract B1774.
  29. a b c d e George, J. N. (2010) How I treat patients with thrombotic thrombocytopenic purpura: 2010. From Blood 116(20), 4060-4069.>
  30. a b c d Vesely, S. K., et al. (2003) ADAMTS13 activity in thrombotic thrombocytopenic purpura-hemolytic uremic syndrome: relation to presenting features and clinical outcomes in a prospective cohort of 142 patients. From Blood 102(1), 60-68.>
  31. a b Noris, M., et al. (2005) Complement factor H mutation in familial thrombotic thrombocytopenic purpura with ADAMTS13 deficiency and renal involvement. From J Am Soc Nephrol 16(5), 1177-1183.>
  32. a b c d Noris, M., et al. (2014) Cardiovascular complications in atypical haemolytic uraemic syndrome. From Nat Rev Nephrol 10(3), 174-180.>
  33. a b c Dragon-Durey, M. A., et al. (2010) Clinical features of anti-factor H autoantibody-associated hemolytic uremic syndrome. From J Am Soc Nephrol 21(12), 2180-2187.>
  34. a b c d Larakeb, A., et al. (2007) Ocular involvement in hemolytic uremic syndrome due to factor H deficiency--are there therapeutic consequences?. From Pediatr Nephrol 22(11), 1967-1970.>
  35. a b c Ardissino, G., et al. (2014) Skin involvement in atypical hemolytic uremic syndrome. From Am J Kidney Dis 63(4), 652-655.>
  36. a b Liszewski, M. K., et al. (2011) Too much of a good thing at the site of tissue injury: the instructive example of the complement system predisposing to thrombotic microangiopathy. From Hematology Am Soc Hematol Educ Program 2011, 9-14.>
  37. a b Fang, C. J., et al. (2008) Advances in understanding of pathogenesis of aHUS and HELLP. From British Journal of Haematology 143(3), 336-348.>
  38. a b c Heinen, S., et al. (2013) Monitoring and modeling treatment of atypical hemolytic uremic syndrome. From Mol Immunol 54(1), 84-88.>
  39. a b Nester, C., et al. (2011) Pre-emptive eculizumab and plasmapheresis for renal transplant in atypical hemolytic uremic syndrome. From Clin J Am Soc Nephrol 6(6), 1488-1494.>
  40. a b Bresin, E., et al. (2006) Outcome of renal transplantation in patients with non-Shiga toxin-associated hemolytic uremic syndrome: prognostic significance of genetic background. From Clin J Am Soc Nephrol 1(1), 88-99.>
  41. a b Benz, K., et al. (2010) Thrombotic microangiopathy: new insights. From Curr Opin Nephrol Hypertens 19, 242-247.>
  42. a b Zipfel, P. F., et al. (2010) Thrombotic microangiopathies: new insights and new challenges. From Curr Opin Nephrol Hypertens 19(4), 372-378.>
  43. a b Mody, R. K., et al. (2012) Infections in pediatric postdiarrheal hemolytic uremic syndrome: factors associated with identifying shiga toxin-producing Escherichia coli. From Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine 166(10), 902-909.>
  44. a b c Zuber, J., et al. (2012) Use of eculizumab for atypical haemolytic uraemic syndrome and C3 glomerulopathies. From Nat Rev Nephrol 8(11), 643-657.>
  45. a b Kavanagh, D., et al. (2011) Atypical hemolytic uremic syndrome, genetic basis, and clinical manifestations. From Hematology Am Soc Hematol Educ Program 2011, 15-20.>
  46. a b c d e Kavanagh, D., et al. (2010) Atypical hemolytic uremic syndrome. From Curr Opin Hematol 17(5), 432-438.>
  47. a b c d Loirat, C., et al. (2010) Plasmatherapy in atypical hemolytic uremic syndrome. From Semin Thromb Hemost 36(6), 673-681.> Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Loirat, C., et al.2010" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  48. a b Zuber, J., et al. (2013) Targeted strategies in the prevention and management of atypical HUS recurrence after kidney transplantation. From Transplant Rev (Orlando) 27(4), 117-125.>
  49. a b Reidl M, et al. (2011) Initiale Plasmatherapie bei Patienten mit atypischem HUS: kein negativer Vorhersagewert für das Outcome nach einem Jahr. From Klinische Padiatrie 223, Abstract P031.>
  50. a b Sarode, R., et al. (2013) Thrombotic thrombocytopenic purpura: 2012 American Society for Apheresis (ASFA) consensus conference on classification, diagnosis, management, and future research. From J Clin Apher.>
  51. a b Szczepiorkowski, Z. M., et al. (2010) Guidelines on the use of therapeutic apheresis in clinical practice--evidence-based approach from the Apheresis Applications Committee of the American Society for Apheresis. From J Clin Apher 25(3), 83-177.>
  52. a b ERA-EDTA Registry Annual Report 2011: "European Renal Association-European Dialysis and Transplant Association Registry", The Netherlands: Academic Medical Center, Department of Medical Informatics.
  53. a b c Bekassy, Z. D., et al. (2013) Eculizumab in an anephric patient with atypical haemolytic uraemic syndrome and advanced vascular lesions. From Nephrol Dial Transplant 28(11), 2899-2907.>
  54. a b Davin, J. C., et al. (2010) Maintenance of kidney function following treatment with eculizumab and discontinuation of plasma exchange after a third kidney transplant for atypical hemolytic uremic syndrome associated with a CFH mutation. From Am J Kidney Dis 55(4), 708-711.>
  55. a b Malina, M. , et al. (2011) Peripheral gangrenes in children with atypical hemolytic uremic syndrome. From Pediatr Nephrol 26, 1591-1731. Poster PS1592-FRI-1476.>
  56. a b Remuzzi, G., et al. (2005) Hemolytic uremic syndrome: a fatal outcome after kidney and liver transplantation performed to correct factor h gene mutation. From Am J Transplant 5(5), 1146-1150.>
  57. a b Vergouwen, M. D., et al. (2008) Proximal cerebral artery stenosis in a patient with hemolytic uremic syndrome. From AJNR Am J Neuroradiol 29(5), e34.>
  58. a b Le Quintrec, M., et al. (2013) Complement genes strongly predict recurrence and graft outcome in adult renal transplant recipients with atypical hemolytic and uremic syndrome. From Am J Transplant 13(3), 663-675.>
  59. "FDA approves Soliris for rare pediatric blood disorder: Orphan drug receives second approval for rare disease", FDA, 23 September 2011 http://www.fda.gov/NewsEvents/Newsroom/PressAnnouncements/ucm272990.htm