Severo Sarduy

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Severo Sarduy
Severo Sarduy
Retrato do poeta cubano Severo Sarduy, feito no Café de Flore, Paris.
Nascimento 1937
Camagüey, Cuba
Morte 1993 (56 anos)
Paris, França
Nacionalidade Cuba Cubano
Ocupação Poeta, romancista, jornalista e crítico de arte e literatura
Prémios Prémio Médicis estrangeiro (1972)
Magnum opus Colibri

Severo Sarduy (Camagüey, 1937Paris, 1993) foi um poeta, romancista, jornalista e crítico de arte e literatura cubano, criador do termo neobarroco. É considerado um dos escritores mais importantes do panorama hispanoamericano contemporâneo[1] e um dos mais brilhantes e arrojados escritores do século XX.[2]

Notícia biográfica[editar | editar código-fonte]

Em Camagüey, onde nasceu, passou sua infância e adolescência. Depois dos seus primeiros estudos foi para Havana, onde chegou a começar um curso de medicina, o qual abandonou a fim de dedicar-se inteiramente à vida cultural.

Camagüey

Em 1960, após a revolução, tendo sido um dos seus líderes intelectuais e colaborado com o jornal "Lunes de Revolución", viajou à Europa para realizar estudos de Historia da Arte com uma bolsa de estudos paga pelo novo governo, passando alguns meses em Madri e fixando-se em Paris, onde estudaria na Ecole du Louvre e na Sorbonne, e onde morreria sem voltar jamais à Cuba.

Vivendo na França, colaborou com a Revista Tel Quel e manteve relações literárias com Francois Wahl e Roland Barthes.

Em 1972 foi agraciado com o Prêmio Médicis pelo seu romance Cobra, traduzido para vários idiomas.

Afastado politicamente do governo de Fidel Castro, Severo Sarduy morreu em 1993, de AIDS.[3]

O Neobarroco[editar | editar código-fonte]

Conforme o poeta e ensaísta Claudio Daniel, o termo neobarroco, surgido pela primeira vez em artigo de Severo Sarduy em 1972, não refere-se a uma vanguarda literária e poética. Através do que o neoborroco não é, o poeta nos dá uma precisa definição da "escola" moderna cubana: "O neobarroco não é uma vanguarda; não se preocupa em ser novidade. Ele se apropria de fórmulas anteriores, remodelando-as, como argila, para compor o seu discurso; dá um novo sentido a estruturas consolidadas, como o soneto, a novela, o romance, perturbando-as. O ponto de contato entre o neobarroco e a vanguarda está na busca de vastos oceanos de linguagem pura, polifonia de vocábulos".[4]

A poética e a obra[editar | editar código-fonte]

Inscrita dentro da estética do neobarroco, a obra de Severo Sarduy, que pode se apresentar no poema utilizando métrica ou em verso livre, cultuou uma lírica do bizarro, explorando a relação entre o corpo e o texto, podendo-se considerar que teve uma fase de vanguarda,[5] como no livro de poemas Big Bang (1974). Sua estética neobarroca com traços vanguardistas também é apresentada através de ensaios, entre os quais se destacam Escrito sobre un cuerpo (1969) e Barroco(1974).

Sarduy é notavél também por seus romances. Seu primeiro romance Gestos (1963), que prenunciava uma certa ruptura na literatura de língua castelhana, a qual se aprofundaria em De donde son los cantantes(1967), pastiche em que se conjugam as três culturas, a espanhola, a africana e a chinesa, que conformaram a a vida da Cuba atual. Em Cobra (1972) investigou a aproximação entre Oriente e Ocidente, e o tema teve certa continuidade em Maitreya (1978), essa sua obra mais aclamada, mesclando largamente o barroquismo e o humorismo e se articulando em torno às variações do "Buda futuro". Posteriormente, publicou Colibrí (1984), un relato de fugas e vinganças, e Cocuyo (1990), obra menos arrojada formalmente, mas "sempre dentro do mundo característico de Sarduy, que carece de qualque inibição".[6]

Enfocou os travestis e o submundo, na qual o herói é o Outro, "aquele que é belo porque é diferente de mim. Ao esvaziar o eu lírico, narciso em flor, amplia o sujeito numa figuração transcendente de vazio, totalidade e êxtase", nas palavras de Cláudio Daniel.[4]

Depois de sua morte se publicou sua última produção, Pájaros de la playa.

Obra selecionada[editar | editar código-fonte]

  • Gestos (1963)
  • Escrito sobre un cuerpo (1969)
  • Cobra (1972)
  • Big Bang (1974)
  • Barroco (1974)
  • Maitreya (1978)
  • Daiquiri (1980)
  • Colibrí (1984)
  • Cocuyo (1990)
  • Pájaros de la playa (póstumo)

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]