Shlomo Sand

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Shlomo Sand
Shlomo Sand
Nascimento 10 de setembro de 1946 (77 anos)
Linz, Áustria
Nacionalidade israelense
Ocupação historiador
Principais trabalhos A Invenção do Povo Judeu
A Invenção da Terra de Israel

Shlomo Sand (pronuncia-se Zand; em hebraico: שלמה זנד) (Linz, 10 de setembro de 1946) é um historiador israelense, professor emérito de história na Universidade de Tel Aviv[1] e autor do polêmico livro A Invenção do Povo Judeu (Verso Books, 2009).[2][3][4][5] Suas principais áreas de interesse são o nacionalismo, história do cinema e história intelectual francesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sand nasceu em Linz, Áustria. Seus pais, judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, eram comunistas e anti-imperialistas, e se recusaram a receber compensações da Alemanha após a Segunda Guerra. Sand passou seus primeiros anos em um acampamento de pessoas deslocadas. Mudou-se com a família para Jafa, em 1948. Aos 16 anos, foi expulso da escola e só terminou seu bagrut (ensino médio) após o serviço militar.[6] Deixou a União da Juventude Comunista de Israel (Banki) e, em 1968, juntou-se à Matzpen,[7] mais radical e antissionista. Em 1970, deixa a Matzpen, desiludido com a organização.[8]

Recusou uma oferta do partido comunista israelense (Rakah) de estudar cinema na Polônia e, em 1975, graduou-se em História pela Universidade de Tel Aviv. De 1975 a 1985, depois de ganhar uma bolsa de estudos, estudou e mais tarde ensinou em Paris, tendo obtido um mestrado em História e, depois, doutorado, na École des hautes études en sciences sociales, com a tese Georges Sorel et le marxisme. Rencontre et crise 1893-1902.[9] A partir de 1982, Sand lecionou na Universidade de Tel Aviv, assim como na Universidade da Califórnia em Berkeley e na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris.[1]

A Invenção do Povo Judeu[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: A Invenção do Povo Judeu

O livro de Sand mais conhecido é A Invenção do Povo Judeu, publicado originalmente em hebraico (Resling, 2008) como Matai ve’eich humtsa ha‘am hayehudi? (Quando e como foi inventado o povo judeu?) e posteriormente traduzido para o inglês (Verso, 2009). Em resenha do livro publicada no Haaretz, Ofri Ilani escreveu que a obra de Sand é uma tentativa de "provar que o povo judeu nunca existiu como 'nação-raça' com uma origem comum, mas é uma mistura colorida de grupos que, em diferentes momentos históricos, adotaram a religião judaica. Ele argumenta que, segundo vários ideólogos sionistas, a percepção mítica dos judeus como um povo antigo levou a um pensamento realmente racista".[10]

Um dos componentes do argumento de Sand é que os judeus que vivem em "Israel original", não foram exilados após a revolta de Barcoquebas. Ele sugeriu que grande parte da população judaica mundial presente dia são indivíduos e grupos, que se converteu ao judaísmo em períodos posteriores. Além disso, ele sugere que a história do exílio era um mito promovido pelos primeiros cristãos para recrutar judeus à nova fé. Sand escreve que "Os cristãos queriam gerações posteriores de judeus para acreditar que os seus antepassados ​​tinham sido exilados como um castigo de Deus".[11] Sand argumenta que a maioria dos judeus não foi exilada pelo Romanos, e foi autorizada a permanecer no país. Ele coloca o número de exilados em dezenas de milhares de pessoas, no máximo e argumenta, ainda, que muitos dos judeus convertidos ao Islão, após a conquista árabe, foram assimilados pelos conquistadores. Assim, ele conclui que os ancestrais dos árabes palestinos eram judeus.[12]

As explicações de Sand sobre o nascimento do mito de um povo judeu, como um grupo com origem étnica comum, foi resumida da seguinte forma: "num certo estágio, no século XIX, os intelectuais de origem judaica na Alemanha, influenciados pelo nacionalismo alemão, tomaram a si a tarefa de inventar um povo "retrospectivamente", na ânsia de criar um povo judeu moderno. A partir do historiador Heinrich Graetz em diante, os historiadores judeus começaram a desenhar a história do judaísmo como a história de uma nação que tinha sido um reino, tornou-se um povo errante e, finalmente, deu meia-volta e retornou à sua terra natal".[10]

A área de especialização de Sand é a história moderna da França e da Europa, e não a antiguidade.[10] Em resposta às críticas israelenses de que ele escrevera sobre a história judaica, em vez de escrever sobre a história europeia, ele declarou que "um livro como este precisa de um historiador que esteja familiarizado com os conceitos da pesquisa histórica utilizados pela academia no resto do mundo".[11]

Histórico de publicações[editar | editar código-fonte]

O livro estava na lista dos mais vendidos em Israel por 19 semanas e rapidamente foi para 3.ª edição, quando publicado em francês.[11] Na França, recebeu o "Prêmio Aujourd'hui", o prêmio de jornalistas para top de não-ficção política ou obra histórica.[13]

Em outubro de 2009, o livro foi publicado em Inglês pela Verso Books. Em março de 2010, foi publicado em russo, pela Eksmo. Em abril de 2010, foi publicado em alemão pela Propyläen Verlag.[14] Em 2010, foi lançada a tradução húngara, pela Kairosz Kiadó.[15] Em agosto de 2011, a obra foi publicada em polonês, pela Wydawnictwo Akademickie Dialog. [16]Em abril de 2012, uma continuação, A Invenção da Terra de Israel, foi publicada em hebraico pela Kinneret Zmora-Bitan Dvir. [17] Em dezembro de 2012, foi publicada em grego, por Books Pandora, e em português, pela Benvirá, em 2014.[18]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • L'Illusion du politique, Paris, La Découverte, 1984 (ISBN 2-7071-1518-5).
  • Intelectuais, Verdade e Poder, Tel Aviv, Am Oved, 2000 (em hebraico, ISBN 965-1314397).
  • Le XXe siècle à l' écran, Paris, Seuil, 2004 (ISBN 2-02-0569167, também em hebraico e francês).
  • Os historiadores, Tempo e Imaginação, Tel Aviv, Am Oved, 2004 (ISBN 965-1317337, em hebraico).
  • The Words and the Land, Los Angeles, Semiotext, 2011 (ISBN 978-1584350965, também em francês).
  • A Invenção do Povo Judeu, São Paulo, Benvirá, 2011 (ISBN 978-8502134775, também em hebraico, francês, inglês, alemão, árabe, italiano, russo, japonês, húngaro, sueco, esloveno, espanhol, chinês, polonês, turco, búlgaro, croata, grego, checo, coreano e Como o Povo Judeu foi inventado, Porto, Figueirinhas, 2012, ISBN 978-9726612209).
  • A Invenção da Terra de Israel, São Paulo, Benvirá, 2012 (ISBN 978-8582400975, também em hebraico, francês, inglês, alemão, árabe, russo, espanhol, farsi, chinês, polonês, Checo).
  • Como Deixei de Ser Judeu, São Paulo, Benvirá, 2015, (ISBN 978-8582402238, também em hebraico, francês, inglês, alemão, árabe, italiano, russo, espanhol, polonês).
  • Twilight of History, London, Verso, 2017 (ISBN 978-1786630223, também em hebraico e francês).
  • J. Julliard & S. Sand (eds.), Georges Sorel en son temps, Paris, Seuil, 1985 (ISBN 2-02-0089785).
  • H. Bresheeth, M. Zimmerman & S. Sand (eds.), Cinema and Memory, Jerusalem, Zalman Shazar, 2004 (ISBN 965-2271918, em hebraico).
  • S. Sand (ed.), Ernest Renan – On the Nation and the Jewish People, London, Verso, 2010, (ISBN 978-1844674626, também em hebraico e francês).

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. a b CV on the Tel Aviv University website Retrieved 21 February 2015
  2. «The Invention of the Land of Israel: From Holy Land to Homeland». versobooks.com. Consultado em 15 março de 2016 
  3. «Shlomo Sand to secular Jews: I'm not Jewish and neither are you». Haaretz.com. 15 de novembro de 2014 
  4. «Israeli historian wants 'to cease' being a Jew -». The Times of Israel 
  5. «BBC Radio 3 - Night Waves: What does Shlomo Sand have to say about the land of Israel?». BBC 
  6. History as Film Arquivado em 27 de setembro de 2007, no Wayback Machine., Shiur Hofshi nº 67, junho de 2005 (em hebraico)
  7. «Matzpen site». Consultado em 10 de junho de 2009. Arquivado do original em 6 de maio de 2009 
  8. Conversation with Shlomo Sand Arquivado em 15 de março de 2009, no Wayback Machine., por Asaf Shor, Me'asef, 10 de dezembro de 2004 (em hebraico)
  9. Georges Sorel et le marxisme. Rencontre et crise 1893-1902. École des hautes études en sciences sociales, Paris, France, 1982.
  10. a b c Shattering a 'national mythology' by Ofri Ilani, Haaretz, March 2008
  11. a b c Idea of a Jewish people invented, says historian (resenha), por Jonathan Cook. MediaMonitors. 17 de outubro de 2007.
  12. Segev, Tom (1 de março de 2008). «An invention called 'the Jewish people'». Haaretz. Consultado em 13 de dezembro de 2008 
  13. Maya Sela, "Israeli author of controversial book on Jewish lineage wins French prize", Haaretz, 12 de março de 2009
  14. Shlomo Sand
  15. «Kairosz Kiadó». Consultado em 17 de março de 2013. Arquivado do original em 19 de agosto de 2011 
  16. Wydawnictwo Akademickie Dialog Arquivado em 31 de março de 2012, no Wayback Machine..
  17. «ספרים חדשים (New Books)». Haaretz. 4 de abril de 2012. Consultado em 28 de abril de 2012 
  18. Israel não é dos judeus, afirma historiador. Por Diogo Bercito. Folha de S. Paulo, 26 de abril de 2014.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]