Sikivu Hutchinson

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Sikivu Hutchinson
Sikivu Hutchinson
Sikivu Hutchinson, 2010
Conhecido(a) por Autora de Humanists in the Hood: Unapologetically Black, Feminist, and Heretical (2020); Godless Americana: Race and Religious Rebels (2013); Moral Combat: Black Atheists, Gender Politics, and the Values Wars (2011); Imagining Transit: Race, Gender, and Transportation Politics in Los Angeles (escrita de viagens através das disciplinas) (2003);
Nascimento
Estados Unidos
Nacionalidade norte-americana
Alma mater
Movimento literário Centro de Pesquisa Feminista da USC
Página oficial
http://www.sikivuhutchinson.com/
http://www.blackfemlens.com/

Sikivu Hutchinson é um autora, dramaturga e diretora americana. Seu trabalho multigênero explora feminismo, justiça de gênero, justiça racial, direitos LGBTQIA+, humanismo e ateísmo.

Ela é autora das obras Humanists in the Hood: Unapologetically Black, Feminist, and Heretical (2020), White Nights, Black Paradise (2015), Godless Americana: Race and Religious Rebels (2013), Moral Combat: Black Atheists, Gender Politics, e as Guerras de Valores (2011) e Imagining Transit: Race, Gender, and Transportation Politics in Los Angeles (Travel Writing Across the Disciplines) (2003). Seus projetos incluem "White Nights, Black Paradise", "Rock 'n' Roll Heretic" e "Narcolepsy, Inc". Como destaque, "Rock 'n' Roll Heretic" esteve entre os finalistas do prêmio Lambda Literary Drama LGBTQ de 2023. Moral Combat é o primeiro livro sobre ateísmo a ser publicado por uma mulher afro-americana.[1] Em 2013, ela foi nomeada Mulher Secular do ano e recebeu o prêmio 2015 Humanist Innovator da Foundation Beyond Belief. Também recebeu o prêmio Humanista do Ano de 2020 de Harvard.[2]

Primeiros anos e educação[editar | editar código-fonte]

Seu avô Earl Hutchinson Sr. e seu pai Earl Ofari Hutchinson são autores.[3][4] Hutchinson se formou na Universidade de Nova Iorque com um PhD em Estudos da Performance no ano de 1999.[5]

Carreira como autora[editar | editar código-fonte]

Hutchinson escreveu artigos em diversos periódicos como The Huffington Post, The Feminist Wire, Thehumanist, LA Progressive, Los Angeles Times e Washington Post. Ela é bolsista sênior do Institute of Humanist Studies e fundadora do programa Women's Leadership Project para meninas negras no sul de Los Angeles.[6]

Ela deu aulas sobre mulheres, estudos urbanos, culturais, humanismo afro-americano e educação no California Institute of the Arts, UCLA, Pitzer College e Western Washington University.[6]

Moral Combat[editar | editar código-fonte]

Em seu livro, Moral Combat, ela examina o que vê como o sequestro dos direitos civis pela direita cristã; as conexões entre humanismo, feminismo e justiça social; a importância do humanismo para a educação pré-vestibular; a reação do fundamentalismo religioso, na linha do Movimento Tea Party contra políticas públicas progressistas; e os esforços dos ateus de cor para desafiar o movimento "Novo Ateísta", que valoriza uma concepção estreita da ciência e desconsidera tanto a justiça social quanto a econômica. Hutchinson enquadra sua crítica nas realidades contemporâneas das comunidades afro-americanas de classe trabalhadora e média que são tão imersas na tradição da religiosidade — devido ao capitalismo e à segregação de fato — quanto nas armadilhas culturais da Igreja Negra. Além disso, destaca o trabalho de Nella Larsen como uma pedra de toque para o pensamento humanista feminista negro. Hutchinson também explora o surgimento do ateu negro e do ativismo de pensamento livre e destaca as vozes dos não crentes afro-americanos de todo o país.[7]

Grupo de Céticos Negros[editar | editar código-fonte]

Formada por Hutchinson em março de 2010, ela explicou à rádio KTYM que o motivo pelo qual formou o grupo foi uma "resposta à necessidade emergente entre os não crentes afro-americanos de ter algum tipo de comunidade e conexão interpessoal uns com os outros, em tempo real". Ela acredita que existe uma grande comunidade de negros não crentes em sites de mídia social, mas é importante que essas pessoas encontrem um "santuário da hiper-religiosidade em que os afro-americanos estão infiltrados".[8] O grupo foi apresentado em um artigo publicado em maio de 2012 que narrava como um número maior de afro-americanos estava deixando a fé religiosa e adotando o ateísmo e o livre pensamento.[9]

Pontos de vista temáticos[editar | editar código-fonte]

Diversidade no ceticismo religioso[editar | editar código-fonte]

Sikivu Hutchinson discursando no Center for Inquiry, Washington, DC. em 2010

Hutchinson afirmou que "enquanto homens negros não-crentes recebem mais liberdade para serem hereges ou apenas MIA da igreja, mulheres negras que revelam abertamente seus pontos de vista não-teístas são consideradas especialmente traidoras, tendo 'abandonado' seu papel principal como provedoras de cultura e tradição religiosa".[10] Grande parte do trabalho de Hutchinson se concentra na história cultural e social do pensamento humanista secular afro-americano e seu papel na luta de libertação negra.[11] O trabalho de Hutchinson também desafia o conservadorismo social da Igreja Negra em relação ao aborto, direitos dos homossexuais e direitos das mulheres.[12]

Hutchinson desafiou a falta de diversidade racial e atenção ao racismo institucional nos movimentos seculares e neoateus.[13] Ela defendeu a inclusão de anti-racismo, anti-sexismo e anti-heterossexismo no humanismo secular dominante e no discurso neo-ateu. Ela também escreveu extensivamente sobre o papel do pensamento livre e do humanismo secular na libertação das mulheres negras e na justiça de gênero.[14]

Em 2016, Hutchinson criticou a fusão das organizações seculares Center for Inquiry e da Richard Dawkins Foundation for Reason and Science, que deu a Richard Dawkins um assento no conselho de administração do Center for Inquiry. Sua crítica era que ambas as organizações tinham um conselho de administração totalmente branco.[15]

Humanismo[editar | editar código-fonte]

Hutchinson subscreve uma visão humanista radical que evita hierarquias religiosas e sociais de raça, gênero, sexualidade, classe e status de habilidade porque elas minam os direitos humanos universais e a autodeterminação dos povos oprimidos. Para as comunidades de cor, o Humanismo radical reforça a legitimidade cultural, a visibilidade e a validade dos não-crentes de cor dentro do contexto de um regime ideológico supremacista branco, heterossexista, patriarcal e economicamente marginalizador que iguala a moralidade aos paradigmas e crenças religiosas abraâmicas. O humanismo radical rejeita a noção de que só existe uma maneira de ser negro ou latino, e que as mulheres e a comunidade LGBT são marginais e moralmente aberrantes.[16]

Hutchinson defendeu a articulação de um humanismo culturalmente relevante baseado na justiça social, racial e de gênero secular que evita noções de daltonismo e pós-racialismo, concentrando-se nas experiências vividas, conhecimento cultural, histórias sociais e capital social de diversas comunidades. Além disso, argumentou que a objetificação racista e supremacista branca de mulheres de cor como "Jezabéis" hipersexuais tornou as mulheres afro-americanas e latinas especialmente vulneráveis a paradigmas de feminilidade que enfatizam o autossacrifício e a obediência aos costumes cristãos conservadores. Hutchinson escreveu que o ideal heterossexista da "boa mulher sacrificial" da fé veste as mulheres de cor e efetivamente contribui para altas taxas de violência por parceiro íntimo, agressão sexual e contração de HIV/DST em comunidades de cor porque a masculinidade e a feminilidade são vistas como opostas um ao outro.[17] Hutchinson considera seu ativismo na esfera humanista inextricavelmente ligado às outras identidades.[18]

Campanha publicitária[editar | editar código-fonte]

Painel publicitário de afro-americanos pelo humanismo apresentando Sikivu Hutchinson e Zora Neale Hurston

Em 2012, Hutchinson foi destaque em uma campanha nacional por painel publicitário referente a notáveis descrentes negros, sendo lançada por afro-americanos na luta pelo humanismo. Ela foi emparelhada com a autora Zora Neale Hurston, uma folclorista da cultura afro-americana que escreveu sobre ser cética em seu ensaio "Religião".[19]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • White Nights, Black Paradise (em inglês). [S.l.]: Infidel Books. 2015. ISBN 978-0692267134 
  • Godless Americana (em inglês). [S.l.]: Infidel Books. 2013. ISBN 978-0615586106 
  • Moral Combat: Black Atheists, Gender Politics and the Value Wars (em inglês). [S.l.]: Infidel Press. 2011. ISBN 978-0578071862 
  • Imagining Transit: Race, Gender, and Transportation Politics in Los Angeles (Travel Writing Across the Disciplines) (em inglês). [S.l.]: Peter Lang Publishing. 2003. ISBN 978-0820455860 

Referências

  1. «Black atheists matter: how women freethinkers take on religion». Big Think (em inglês). 2 de abril de 2018. Consultado em 20 de abril de 2023 
  2. «Secular Woman Membership Awards» (em inglês). Consultado em 20 de abril de 2023. Arquivado do original em 21 de outubro de 2013 
  3. «Earl Hutchinson Sr., 100; Considered Oldest Black American to Pen Memoirs». Los Angeles Times (em inglês). 17 de fevereiro de 2004. Consultado em 20 de abril de 2023 
  4. «Books by Earl Ofari Hutchinson» (em inglês). Consultado em 20 de abril de 2023 
  5. Joseph, May; Fink, Jennifer (1999). Performing Hybridity (em inglês). [S.l.]: University of Minnesota Press. pp. 254 
  6. a b «Sikivu Hutchinson | Secular Student Alliance» (em inglês). Secularstudents.org. Consultado em 20 de abril de 2023. Arquivado do original em 29 de outubro de 2010 
  7. Edwords, Fred (abril de 2012). «The Hidden Hues of Humanity». The Humanist (em inglês). 72 (2): 29–30. Consultado em 20 de abril de 2023 
  8. «Introducing The Black Skeptics Group» (em inglês). BlackSkeptics.org. 8 de abril de 2011. Consultado em 20 de abril de 2023 
  9. «More African-Americans leaving religious faiths». University of Southern California (em inglês). 14 de maio de 2012. Consultado em 20 de abril de 2023 
  10. «Moral Combat: Interview with Dr Sikivu Hutchinson « Echoes of CommonSense» (em inglês). Echoesofcommonsense.wordpress.com. Consultado em 20 de abril de 2023 
  11. Hutchinson, Sikivu. «Good, Without God» (em inglês). The New Humanism. Consultado em 20 de abril de 2023 
  12. Alexander, Michelle (2011). Moral Combat: Black Atheists, Gender Politics, and the Values Wars (9780578071862): Sikivu Hutchinson: Books (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 978-0578071862 
  13. «The White Stuff» (em inglês). Daylight Atheism. 7 de dezembro de 2009. Consultado em 20 de abril de 2023 
  14. «Beyond The Sacrificial Good Woman: Black Feminism and Freethought» (em inglês). The Feminist Wire. Consultado em 20 de abril de 2023 
  15. «#AtheismSoWhite: Atheists of Color Rock Social Justice». HuffPost (em inglês). 26 de janeiro de 2016. Consultado em 20 de abril de 2023 
  16. «Queer Youth of Color Beyond Faith» (em inglês). The New Humanism. 2011. Consultado em 20 de abril de 2023 
  17. «To Be Atheist, Feminist, and Black». RD Magazine (em inglês). 3 de fevereiro de 2012. Consultado em 20 de abril de 2023 
  18. Cameron, Christopher (19 de junho de 2018). «Five Fierce Humanists: Unapologetically Black Women Beyond Belief». The Humanist (em inglês). American Humanist Association. Consultado em 20 de abril de 2023. Arquivado do original em 10 de agosto de 2018 
  19. «Announcing the We Are AAH Campaign». aahumanism.net (em inglês). Consultado em 20 de abril de 2023. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]