Smarta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A tradição smarta (em sânscrito: स्मार्त), também chamada smartismo, é um movimento no hinduísmo que se desenvolveu e se expandiu com o gênero de literatura Puranas.[1] Ele reflete uma síntese de quatro vertentes filosóficas, a saber, Mimamsa, Advaita, Yoga e teísmo.[2] A tradição smarta rejeita o sectarismo teísta[3] e é notável pela adoração doméstica de cinco santuários com cinco divindades, todos tratados como iguais – Ganesha, Xiva, Shakti, Vixnu e Suria.[3] A tradição smarta contrastava com a tradição shrauta mais antiga, baseada em elaborados rituais e ritos.[1][4] Tem havido uma sobreposição considerável nas ideias e práticas da tradição smarta com outros movimentos históricos significativos dentro do hinduísmo, ou seja, xivaísmo, bramanismo, vixenuísmo e shaktismo.[5][6][7]

A tradição smarta desenvolveu-se durante o (início) Período Clássico do Hinduísmo por volta do início da Era Comum, quando o Hinduísmo emergiu da interação entre o bramanismo e as tradições locais.[8][9] A tradição smarta está alinhada com o Advaita Vedanta e considera Adi Shankara como seu fundador ou reformador.[10] Shankara defendeu que a realidade última é impessoal e Nirguna (sem atributos) e qualquer deus simbólico serve ao mesmo propósito equivalente.[11] Inspirados por essa crença, os seguidores da tradição smarta, juntamente com os cinco deuses hindus, incluem um sexto deus impessoal em sua prática.[11] A tradição foi chamada por William Jackson como "advaitina, monista em sua perspectiva".[12]

O termo smarta também se refere aos brâmanes que se especializam no corpus Smriti de textos denominados Grihya Sutras, em contraste com os Shrauta Sutras.[13][14][15][16] Os Smarta Brahmins, com seu foco no Smriti corpus, são contrastados com os Srauta Brahmins, que se especializam no corpus Shruti, isto é, rituais e cerimônias que seguem os Vedas.[17]

Referências

  1. a b Flood 1996, p. 113.
  2. Milner, M. (1994). Status and Sacredness: A General Theory of Status Relations and an Analysis of Indian Culture. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 194–195. ISBN 978-0-19-535912-1. Consultado em 18 de junho de 2018 
  3. «Smarta sect | Hinduism». Encyclopedia Britannica (em inglês) 
  4. Knipe 2015, pp. 36–37.
  5. Flood 1996, pp. 113, 134, 155–161, 167–168.
  6. Sanderson, Alexis. "The Saiva Age: The Rise And Dominance Of Saivism During The Early Medieval Period". In Genesis And Development of Tantrism, Edited By Shingo Einoo. Tokyo: Institute Of Oriental Culture, University Of Tokyo, 2009. Institute Of Oriental Culture Special Series, 23, pp. 276–277.
  7. John Shephard (2009), Ninian Smart On World Religions, Ashgate, ISBN 978-0754666387, p. 186.
  8. Hiltebeitel 2013.
  9. Flood 1996.
  10. U Murthy (1979), Samskara, Oxford University Press, ISBN 978-0195610796, p. 150.
  11. a b L. Williamson (2010), Transcendent in America: Hindu-inspired Meditation Movements as New Religion, New York University Press, ISBN 978-0814794500, p. 89.
  12. William Jackson (1994), Tyāgarāja and the Renewal of Tradition, Motilal Banarsidass, ISBN 978-8120811461, p. 218.
  13. Knipe 2015, p. 36.
  14. Buhnemann, Gudrun, Puja: A Study In Smarta Ritual, Publications Of The De Nobili Research Library, Gerold & Co., Vienna, 1988. pp. 32–33.
  15. Buhnemann, Gudrun, Mandalas And Yantras In The Hindu Traditions, Leiden, Brill, 2003. p. 57. "Initially A Brief Explanation Of The Word Smarta May Be In Order. Smarta Is A Rather Loosely Used Term Which Refers To A Brahmin Who Is An 'Adherent Of The Smrti' And Of The Tradition Which Is 'Based On The Smrti'."
  16. Flood, Gavin (1996), An Introduction To Hinduism, Cambridge University Press. p. 17. "There Is Also An Important Tradition Of Brahmans Called Smartas, Those Who Follow The Smrti Or Secondary Revelation ..." p. 56. "The Brahmans Who Followed The Teachings Of These Texts Were Known As Smartas, Those Who Followed The Smrtis ..." p. 113. "The Brahmans Who Followed The Puranic Religion Became Known As Smarta, Those Whose Worship Was Based On The Smrtis, Or Pauranika, Those Based On The Puranas."
  17. Gavin Flood (2006). The Tantric Body: The Secret Tradition of Hindu Religion. [S.l.]: I. B. Tauris. pp. 6–7. ISBN 978-1-84511-011-6 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]