Sokaiya

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Sōkaiya (総会屋 sōkaiya?), (literalmente seguranças corporativos) é uma forma de máfia no Japão que é frequentemente associada à yakuza que extorque dinheiro ou chantageia empresas ao ameaçar a humilhação pública de empresas e sua administração, geralmente em suas assembleias anuais (総会 sōkai?).

História[editar | editar código-fonte]

O sōkaiya originou do final do século XIX. Nesta época, responsabilidade ilimitada da administração colocava a fortuna pessoal dos administrador em risco no caso de rumores ou escândalos. Por isso, a administração contratava uma proteção, chamada de sōkaiya, pra reduzir o risco de tais rumores. Mesmo após as leis japonesas incluírem a responsabilidade limitada, assim reduzindo o risco pessoal dos administradores, esses sōkaiya continuaram a prosperar e são muitas vezes usados para silenciar reuniões possivelmente difíceis. Um caso famoso é relacionado ao desastre de Minamata, no qual a Chisso conseguiu encerrar um grande número de reuniões anuais em alguns minutos mesmo com centenas de manifestantes querendo dar voz à sua raiva. Nesse sentido, eles foram comparados aos advogados corporativos dos Estados Unidos.[1]

Embora a yazuka se envolvesse no negócio no início, apenas no final da década de 1960 que eles começaram a mudar a relação de negócio de proteção para extorsão. As apreensões policiais relacionadas à extorsão foram de ¥900 milhões, mais do que em qualquer outro negócio da yakuza.

Em 1984, a lei deu os primeiros passos para reduzir a ameaçada do sōkaiya ao estabelecer um número mínimo de ações (no valor de ¥50 000) a fim de ser permitida sua presença na assembleia de acionistas, levando a um lento declínio do número de sōkaiyas. Em resposta a isto, o sōkaiya formou uyoku dantai falsos, anunciando segredos constrangedores das empresas, inventados ou não, de alto-falantes montados em caminhões a fim de extorquir dinheiro das empresas.[1]

Em 1994, Juntarō Suzuki, Vice-Presidente da Fujifilm, foi assassinado pelo sōkaiya após ter parado de pagar as propinas.[2]

Atividades[editar | editar código-fonte]

Interrompendo assembleias de acionistas[editar | editar código-fonte]

Os indivíduos adquirem ações suficientes de múltiplas empresas a fim de obter o direito de participar de assembleias de acionistas. Lá, eles interrompem a assembleia (e embaraçam a empresa) até que suas demandas sejam ouvidas. Para isto, o sōkaiya frequentemente pesquisa sobre os detalhes da empresa com antecedência para descobrir incidentes de má conduta ou outros segredos empresariais, e então chantageia a administração para que esses assuntos não surjam na assembleia ou em outro lugar. Muitas vezes, eles também inventam fatos que a empresa teria dificuldades em desmentir.

O sōkaiya moderno desenvolveu outros métodos semelhantes para atingir seus objetivos. Um exemplo menos sutil é o banzai sōkaiya, que interrompe as reuniões com gritos de "banzai" e louvam o Imperador até que eles sejam pagos para se silenciar.

Outras interrupções[editar | editar código-fonte]

O sōkaiya também forma falsos grupos de direita, anunciando segredos constrangedores das empresas, inventados ou não, de alto-falantes montados em caminhões a fim de extorquir dinheiro das empresas.[1] Eles também podem imprimir jornais especiais com tópicos constrangedores das empresas e então pedir para a empresa comprar a tiragem inteira a preços inflacionados, ou mesmo assinar esses jornais, gerando um fluxo de caixa estável.

Prevenindo as interrupções em assembleias[editar | editar código-fonte]

O sōkaiya também foi usado por empresas para abafar perguntas de acionistas legítimos que os representantes da empresa não querem que sejam apresentadas. Um caso famosos é do desastre de Minamata, no qual a Chisso conseguiu encerrar um grande número de assembleias anuais em minutos mesmo com centenas de manifestantes querendo dar voz à sua raiva. No entanto, eles também foram ativos contra manifestantes anti-guerra e outras pessoas que poderiam ser vistas como um incômodo pela empresa em um momento particular.

Contramedidas[editar | editar código-fonte]

O artigo 968 do código das corporações japonesas proíbe a atividade do sōkaiya, prevendo a prisão por até cinco anos ou uma multa de até ¥5 milhões por "receber, exigir ou prometer um benefício a um proprietário em relação a" afirmações ou o exercício de direito de voto em uma assembleia de acionistas ou credores.

Uma contramedida prática usada pelas grandes corporações é marcar todas as assembleias de acionistas no mesmo dia, assim reduzindo o risco de exposição ao sōkaiya.[3]

Cenário[editar | editar código-fonte]

Enquanto no ocidente uma assembleia de acionistas é geralmente uma discussão séria entre os acionistas e a administração, no Japão ela é muitas vezes uma cerimônia, e a administração não sente a necessidade de informar verdadeiramente os acionistas.[4]Nesta atmosfera, o sōkaiya é capaz de prosperar. No entanto, com a tendência de uma maior desregulamentação no mercado japonês, o ambiente de negócios para os sōkaiyas está se tornando cada vez mais difícil.

Empresas que pagaram propina para um sōkaiya[editar | editar código-fonte]

Algumas das principais empresas que foram consideradas culpadas por empregar o sōkaiya são:

Referências

  1. a b c Szymkowiak, Kenneth (2002). Sokaiya: Extortion, Protection, and the Japanese Corporation. [S.l.]: East Gate Book. ISBN 978-0-7656-0780-5 
  2. Sōkaiya and Japanese Corporations, Eiko Maruko, Electronic Journal of Contemporary Japanese Studies, 25 de junho de 2002
  3. a b c d Ray Heath (dezembro de 2002). «Japan reels from Sokaiya scam». ThisIsMoney.co.uk. Consultado em 18 de março de 2007 
  4. «Japan faces fresh scandal - Corporate Japan finds cutting racketeer ties tough». CNN Money. Março de 1997. Consultado em 18 de março de 2007 
  5. a b c d «Sokaiya scams hit Japan - Japanese companies ill-equipped to deal with corporate extortionists». CNN Money. Dezembro de 1997. Consultado em 18 de março de 2007 
  6. «Executive quits over gangster charges». BBC News. 21 de novembro de 2002. Consultado em 18 de março de 2007 
  7. a b Tamae K. Prindle; M.E. Sharpe (1989). "Made in Japan" and other Japanese business novels. [S.l.: s.n.] 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Baldwin, Frank, Sōkaiya, the Idiom of Contemporary Japan, "Japan Interpreter", 8, Winter 1974
  • Ogino, Hiroshi, The Sōkaiya's Grip on Corporate Japan, JQ, July–September, 1997
  • Szymkowiak, Kenneth, F., Sōkaiya Criminal Group and the Conflict for Corporate Power in Postwar Japan, "Asia Profile", Vol. 20, No.4, August, 1992
  • Szymkowiak, Kenneth, F., Sōkaiya: An Examination of the Social and Legal Devoloupmet of Japan's Corporate Extortionist, "International Journal of the Sociology of Law", Vol. 22, 1994
  • Szymkowiak, Kenneth (2002). Sokaiya: Extortion, Protection, and the Japanese Corporation. East Gate Book. ISBN 978-0-7656-0780-5.

Notas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Sōkaiya», especificamente desta versão.