Sonia Andrade
Sonia Andrade (1935 - 29 de outubro de 2022) é uma feminista e artista visual brasileira. Ela nasceu em 1935 no Rio de Janeiro no Brasil[1][2] Ela foi uma das pioneiras da videoarte no Brasil. O seu trabalho com vídeo incorpora apropriação, humor e comentário político para desconstruir códigos visuais normativos.[2][3][4]
Educação[editar | editar código-fonte]
Em 1973, Andrade estudou com Anna Bella Geiger no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro .[5]
Início de carreira[editar | editar código-fonte]
Nos anos 70, Andrade fazia parte de um círculo de artistas jovens que incluía Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, Ivens Machado e Letícia Parente. Este círculo começou a responder ao severo período de censura sob a ditadura militar no Brasil através de produções intensas de auto expressão por meio de uma linguagem corporal simples e direta. Os artistas realizaram ações acusatórias para o quadro apertado de uma câmara sem intenções técnicas ou formais.[6]
Muitos dos primeiros vídeos de Andrade a mostram realizando ações desajeitadas e dolorosas para invocar reflexões sobre práticas de tortura empregadas pelo governo brasileiro durante a ditadura. Por exemplo, Primeira Seria, uma 'primeira série' de vídeos filmados por Andrade no Rio e em São Paulo apresentou imagens de televisão de Andrade enrolando um fio de náilon em no rosto até o desfigurar, atacando os pelos do corpo com tesouras, enfiando pregos no espaço entre os eus dedos, e tentando se movimentar com os membros e a cabeça presos em gaiolas de pássaros. Esta série é interpretada como crítica ao uso da televisão como ferramenta de condicionamento, um eco da autoridade do regime político.[6]
A crítica de Andrade sobre mídia e à televisão também fez parte dos seus primeiros filmes. Em Sem título (1975), Andrade estava sentada em uma mesa comendo uma refeição tradicional brasileira de feijão preto, porco curado, e salsichas enquanto um aparelho de televisão difundia uma série de comédia americana e publicidades no fundo. O cenário bastante cotidiano de repente toma um rumo obscuro quando o desprezo desperta dentro do artista. A televisão, antes inofensiva, torna-se fonte de miséria e opressão, e a artista começa a borrar a sua cabeça com os feijões. Em seguida, ela as empurra na sua boca com a mão, esfrega-os nos olhos, nas orelhas, e dentro das roupas. Finalmente, Andrade joga os feijões para a lente da câmara até obliterar completamente a cena. Em Sem título (1977), Andrade aparece frente a quatro televisões e as liga uma por uma. Em seguida, ela fala diretamente com o público repetindo "desliga a televisão" por mais de dez minutos para destacar a passividade dos telespectadores.[7]
Obras[editar | editar código-fonte]
As obras de Andrade incluem desenhos, fotografia, objetos, instalações e vídeo multicanal para alcançar o que ela chama de "o aspecto artístico o mais importante da relação entre o espectador e o objeto "[2] Alguns de seus primeiros trabalhos em vídeo datam de meados dos anos 70. Nestas peças provocantes, Andrade deformou o seu rosto com fios, fixou a mão em uma mesa com arame e pregos, e removeu os pelos do corpo com tesouras.[8] Seu trabalho posterior consistiu em montagens de objetos encontrados aleatoriamente, assim como desenhos, fotografias, esculturas, arte neon e instalações.[1] Hydragrammas é a sua obra mais famosa, e consista em centenas de objetos pequenos que se reúnem em uma única escultura. Esta obra foi exibida no Museu Nacional de Belas Artes e mais tarde no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo .[1]
Exposições[editar | editar código-fonte]
- Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil, 1993.[1]
- Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica), Rio de Janeiro, Brasil, 2011.[1]
- Museu de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil, 1994.[1]
- Louvre, Paris, França, 2006.[9]
- Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, Nova York
- Musée National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b c d e f Ansari, Saria. «Sonia Andrade Retrospective Show in Rio». The Rio Times. Consultado em 14 de outubro de 2014
- ↑ a b c Ansari, Sonia (março de 2007). «Art and the Feminist Revolution». WACK!. WACK! Publishing. pp. 1–9. Consultado em 14 de outubro de 2014
- ↑ Paulo, Bienal São. «Bienal de São Paulo». www.bienal.org.br. Consultado em 1 de março de 2024
- ↑ «Pioneira da videoarte no Brasil, Sonia Andrade morre aos 87 anos». O Globo. 30 de outubro de 2022. Consultado em 1 de março de 2024
- ↑ Marques, Priscilia. «Sonia Andrade». Aware Women Artists. Consultado em 3 de março de 2019
- ↑ a b Lista, Marcella. «Sonia Andrade - Biography». New Media Encyclopedia
- ↑ WACK! : art and the feminist revolution. Los Angeles: Museum of Contemporary Art. 2007. ISBN 978-0914357995. OCLC 73743482
- ↑ Machado, Arlindo (18 de maio de 1995). «Video Art: The Brazilian Adventure». Leonardo. 29 (3): 225–231. JSTOR 1576251. doi:10.2307/1576251
- ↑ «Foreign Bodies, Louvre Press Release Exhibition» (PDF). “Foreign Bodies," Louvre Press Release Exhibition. The Louvre. 13 de outubro de 2006. Consultado em 29 de julho de 2016