Strombus pugilis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaStrombus pugilis
Cinco vistas da concha de S. pugilis, de espécime vindo do Caribe.
Cinco vistas da concha de S. pugilis, de espécime vindo do Caribe.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Caenogastropoda
Ordem: Littorinimorpha
Superfamília: Stromboidea
Família: Strombidae
Género: Strombus
Linnaeus, 1758[1]
Espécie: S. pugilis
Nome binomial
Strombus pugilis
Linnaeus, 1758[1]
Sinónimos
Pyramis striata Röding, 1798
Strombus cornutus Perry, 1811
Strombus sloani Leach, 1814
Drillia actinocycla Dall & Simpson, 1901
Strombus nicaraguensis Fluck, 1905
Strombus pugilis peculiaris M. Smith, 1940
(WoRMS)[1]

Strombus pugilis (nomeada, em inglês, West Indian fighting conch;[2] em castelhano, caracol canelo ou lancetita;[3] em português, no Brasil, preguari, com diversas variações ao redor deste nome, como perigoari[4] ou periguari, peguari, praguari e taguari; além de ser conhecida como atapú e lingueta;[5][6] em Portugal, estrombo-lutador-das-Índias-Ocidentais)[7] é uma espécie de molusco gastrópode marinho pertencente à família Strombidae. Foi classificada por Carolus Linnaeus em 1758, na obra Systema Naturae[1] (com sua localidade-tipo na Costa dos Mosquitos, Nicarágua; embora Moscatelli cite a Jamaica como localidade-tipo),[5][8] sendo considerada a espécie-tipo do gênero Strombus.[9] É nativa do oeste do oceano Atlântico; no sudeste da Flórida (EUA),[2] golfo do México, mar do Caribe, norte da América do Sul[1] e por toda a costa brasileira.[8]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Conchas de 6 a 10 centímetros,[5] de coloração alaranjada a salmão e constantemente apresentando uma mancha de coloração púrpura na região do canal sifonal, com sua espiral pouco destacada, porém visível, contendo de 8 a 9 voltas com projeções similares a espinhos[10] e com a sua última volta formando uma aba dotada de lábio externo engrossado, quando desenvolvidas. Sua columela é brilhante[5] e suas primeiras voltas são dotadas de costelas axiais,[10] ao invés de projeções espiniformes, o que já o fez ser descrito como outra espécie: Drillia actinocycla Dall & Simpson, 1901.[1] Indivíduos juvenís também apresentam lábio externo fino e podem ser confundidos pelo não-especialista com conchas do gênero Conus. Sua abertura apresenta um opérculo córneo que não fecha completamente sua entrada.[5]

Habitat, hábitos e uso[editar | editar código-fonte]

Strombus pugilis ocorre em águas rasas, entre 2[10] a 20 metros de profundidade e em substrato arenoso-lodoso, onde se alimentam de algas microscópicas[5] (ou macroscópicas, como Halymenia)[11] e detritos vegetais.[5] Quando lançados à praia, tendem a dar saltos para retornar ao ambiente marinho,[4] daí provindo o seu nome comum em inglês West Indian fighting conch ("concha lutadora das Índias Ocidentais"). Esta espécie comum é utilizada pelo Homem como alimento, podendo ser encontrada nos sambaquis litorâneos,[5][12] além de ser utilizada em artesanato,[13] na indústria de cal e para o colecionismo.[5] Na medicina tradicional do nordeste do Brasil, o animal de Strombus pugilis é usado como zooterápico para a confecção de um caldo afrodisíaco.[6]

Análise taxonômica das espécies do Atlântico e Pacífico Oriental[editar | editar código-fonte]

Durante o século XX no gênero Strombus,[2][14] análises posteriores do início do século XXI concluíram que Lobatus seria o primeiro táxon disponível para a inclusão de um grupo de grandes e pesados Strombidae do oeste do Atlântico e leste do Pacífico, que excetuavam as espécies Strombus pugilis, Strombus alatus e Strombus gracilior.[15][16] Tal situação fora mantida até o ano de 2020, envolvendo cinco espécies, quando uma minuciosa análise taxonômica por Maxwell et al., "Towards Resolving the American and West African Strombidae (Mollusca: Gastropoda: Neostromboidae) Using Integrated Taxonomy",[15][17] definiu as espécies extantes do leste do Pacífico até o oeste da costa africana sob a seguinte nomeclatura:

Gênero Aliger Thiele, 1929
Espécie Aliger gallus (Linnaeus, 1758) - Sin. Lobatus gallus
Espécie Aliger gigas (Linnaeus, 1758) - Sin. Lobatus gigas
Gênero Lobatus [Swainson], 1837
Espécie Lobatus peruvianus (Swainson, 1823)
Espécie Lobatus raninus (Gmelin, 1791)
Gênero Macrostrombus Petuch, 1994
Espécie Macrostrombus costatus (Gmelin, 1791) - Sin. Lobatus costatus
Gênero Persististrombus Kronenberg & H. G. Lee, 2007
Espécie Persististrombus granulatus (Swainson, 1822)
Gênero Strombus Linnaeus, 1758
Espécie Strombus alatus Gmelin, 1791
Espécie Strombus gracilior G. B. Sowerby I, 1825
Espécie Strombus pugilis Linnaeus, 1758
Gênero Thetystrombus Dekkers, 2008
Espécie Thetystrombus latus (Gmelin, 1791)
Gênero Titanostrombus Petuch, 1994
Espécie Titanostrombus galeatus (Swainson, 1823) - Sin. Lobatus galeatus
Espécie Titanostrombus goliath (Schröter, 1805) - Sin. Lobatus goliath[14][15]

Referências

  1. a b c d e f «Strombus pugilis» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de janeiro de 2017 
  2. a b c ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 77. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  3. WARD, C. Herb (2017). Habitats and Biota of the Gulf of Mexico: Before the Deepwater Horizon Oil Spill. Volume 1: Water Quality, Sediments, Sediment Contaminants, Oil and Gas Seeps, Coastal Habitats, Offshore Plankton and Benthos, and Shellfish (em inglês). New York: SpringerOpen - Google Books. p. 775. 868 páginas. ISBN 978-1-4939-3445-4. Consultado em 25 de abril de 2020 
  4. a b SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 108-110. 144 páginas 
  5. a b c d e f g h i MOSCATELLI, Renato (1987). A Superfamília Strombacea no Atlântico Ocidental. São Paulo: Antônio A Nano & Filho Ltda. p. 29-42. 98 páginas 
  6. a b Costa Neto, Eraldo Medeiros (setembro de 2006). «Os moluscos na zooterapia: medicina tradicional e importância clínico-farmacológica». Biotemas, 19 (3). (Periódicos UFSC). pp. 71–78. Consultado em 25 de abril de 2020. No estado da Bahia, os caldos feitos de lambreta (L. pectinata) e tapu (Turbinella laevigata Anton, 1839) são tomados para tratar “nervo fraco” (afrodisíaco); a moqueca e o caldo feitos do taguari (Strombus pugilis L., 1758), do rochelo (Pugilina morio [L., 1758]) e da taioba (espécie não identificada) também são consumidos como afrodisíaco (Costa Neto, 1999). 
  7. Ferreira, Franclim F. (2002–2004). «Conchas». FEUP. 1 páginas. Consultado em 13 de junho de 2020. Arquivado do original em 7 de outubro de 2020 
  8. a b «Strombus pugilis». Conquiliologistas do Brasil. 1 páginas. Consultado em 29 de janeiro de 2017 
  9. «Strombus» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 7 de setembro de 2020 
  10. a b c RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 68. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  11. Sánchez, Fabiola Chong; Díaz, Martha Enríquez; Aranda, Dalila Aldana (novembro de 2013). «Acondicionamiento del Caracol Strombus pugilis, Linnaeus, 1758 con Dietas Formuladas en Laboratorio» (PDF) (em espanhol). Proceedings of the 66th Gulf and Caribbean Fisheries Institute. pp. 474–475. Consultado em 30 de janeiro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 2 de fevereiro de 2017. . 
  12. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 173. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  13. Alves, Marcos Souto; Silva, Maria Aparecida da; Melo Júnior, Mauro; Paranaguá, Maryse Nogueira; Pinto, Stefane de Lyra (dezembro de 2006). «Zooartesanato comercializado em Recife, Pernambuco, Brasil». Revista Brasileira de Zoociências 8(2) (UFJF). 104 páginas. Consultado em 29 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2017. Foram contadas 200 conchas compondo peças utilitárias e figurativas, tais como chaveiros e barquinhos. 
  14. a b «Strombus Linnaeus, 1758» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  15. a b c «Lobatus [Swainson], 1837» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  16. Wieneke, Ulrich (11 de dezembro de 2018). «Species / Lobatus» (em inglês). Gastropoda Stromboidea. 1 páginas. Consultado em 4 de janeiro de 2024. The name Lobatus was further discussed by Kronenberg and Lee (2007) and Landau et al. (2008), who concluded that Lobatus was the first available name for the group of large, broad winged Strombidae from the Caribbean and Panamic Fauna province (Kronenberg, 2013, p. 36.). 
  17. Maxwell, Stephen J.; Dekkers, Aart M.; Rymer, Tasmin L.; Congdon, Bradley C. (2020). «Towards resolving the American and West African Strombidae (Mollusca: Gastropoda: Neostromboidae) using integrated taxonomy» (PDF) (em inglês). The Festivus. 52(1) (San Diego Shell Club). pp. 3–38. Consultado em 4 de janeiro de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]