Supergrupo Rio das Velhas

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O Supergrupo Rio das Velhas é fonte de vários estudos devido aos depósitos auríferos que se encontram neste. Estes depósitos estão diretamente relacionados às grandes zonas de cisalhamento que facilitaram a ascensão do ouro em superfície. É notório citar as minas de Morro Velho, Cuiabá e São Bento como uma das principais do estado de Minas Gerais. Ademais, é possível identificar outras regiões de greenstone belts como fonte de estudos e exploração aurífera no estado de Goiás, como a mineração Serra Grande, na cidade de Crixás e na Bahia, com a Mineração Fazenda Brasileiro no município de Barrocas. Geralmente, o ouro descrito anteriormente destas regiões é encontrado bem próximo aos BIF’s (rocha sedimentar ou metassedimentar apresentando carbonatos, óxidos ou silicatos de ferro) de idade arqueana, que são hospedeiros do minério juntamente com filitos.

Localização[editar | editar código-fonte]

A unidade estratigráfica em questão se localiza distribuída na região do Quadrilátero Ferrífero, porção centro-sul do estado de Minas Gerais, próximo à capital Belo Horizonte. O Quadrilátero apresenta importância aurífera e mineral, em geral, de classe mundial. No âmbito do minério de ferro, por exemplo, a região ocupa 60% de toda a produção brasileira. A área total abrange aproximadamente 7 mil quilômetros quadrados e engloba os municípios de Caeté, Itabira, Itaúna, Mariana, Ouro Preto, Sabará, Santa Bárbara, dentre outros diversos.

Litoestratigrafia[editar | editar código-fonte]

O Supergrupo Rio das Velhas é constituído por rochas metassedimentares e metavulcânicas que caracterizam um cinturão de rochas verdes, ou também chamado de greenstone belts. O Supergrupo se divide em dois grupos, Grupo Nova Lima na porção inferior e Grupo Maquiné na porção superior. A divisão entre esses grupos é marcada por uma discordância angular entre as unidades.

O Grupo Nova Lima possuí rochas vulcano-sedimentares, como komatiítos, basaltos toleíticos, rochas vulcânicas félsicas e vulcanoclásticas. Dentre as rochas metasedimentares do grupo, temos xistos cloríticos a grafitosos, filitos, metagrauvacas e quartzitos.

Pode-se dividir o grupo Nova Lima em 3 unidades, contudo, as rochas compreendidas por cada unidade vão depender da interpretação de cada autor. Segundo Ladeira (1980)[1], temos uma unidade metavulcânica, uma unidade metassedimentar química e uma última unidade composta por rochas metassedimentares clásticas.

O Grupo Maquiné pode ser subdividido em duas formações: formação palmital, composta por filitos, filitos quartzosos e quartzitos sericíticos, e Formação Casa forte, constituída por quartzitos sericíticos, quartzitos cloríticos e metaconglomerados. No caso deste grupo, temos a Formação Palmital como sendo a mais basal, enquanto no topo temos a Formação Casa Forte.

Geologia Local[editar | editar código-fonte]

Segundo Carneiro (1992)[2], o fator que elegeu a ocorrência de mineralizações de ouro no Supergrupo Rio das Velhas foi o metamorfismo regional (gradacional e crescente) para leste chegando a atingir fáceis anfibolito. Já na outra parte, atinge fáceis xisto verde (depósitos de ouro são confinados inicialmente em locais que sofreram metamorfismo em tal face), a partir de Condie (1981)[3].

No âmbito estrutural, segundo Araújo (2001)[4], merecem ênfase duas zonas de cisalhamento da região do Quadrilátero Ferrífero que são de extrema importância para a compreensão das ocorrências auríferas na região: a zona de cisalhamento de Tapera e a zona de cisalhamento São Vicente. As principais ocorrências de ouro do Quadrilátero seguem a direção estrutural NW-SE destas estruturas citadas anteriormente, principalmente as ocorrências das cidades de Mariana e Nova Lima.

A partir de Alkmin e Marshak (1998)[5], a evolução destas zonas de cisalhamento está diretamente interligada ao tectônico transporte que as unidades rochosas sofreram no sentido SE-NW por meio de cavalgamentos e falhas de empurrão. Além disso, tais zonas de cisalhamento possuem como resultado nas rochas traços estruturais e indicadores cinemáticos, que nos permite identificar o regime e toda atividade tectônica que as rochas sofreram e qual foi a intensidade.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Ladeira, Eduardo Antonio. "METALLOGENESIS OF GOLD AT THE MORRO VELHO MINE AND IN THE NOVA LIMA DISTRICT, QUADRILATERO FERRIFERO, MINAS GERAIS, BRAZIL." (1981): 4425-4425.
  2. Carneiro, M. A. "O Complexo Metamórfico do Bonfim Setentrional." Revista da Escola de Minas 45 (1992): 155-6.
  3. Condie, Kent C. Archean greenstone belts. Elsevier, 1981.
  4. Araújo, J. G. M. Influência das zonas de cisalhamento de São Vicente e Tapera na mineralização aurífera do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Instituto de Geociências. Universidade de Brasília. Brasília. Diss. Dissertação de mestrado. 100 p, 2001.
  5. Alkmim, Fernando F., and Stephen Marshak. "Transamazonian orogeny in the Southern Sao Francisco craton region, Minas Gerais, Brazil: evidence for Paleoproterozoic collision and collapse in the Quadrilátero Ferrıfero." Precambrian Research 90.1-2 (1998): 29-58.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]