Tamara Adrián

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Tamara Adrián
Tamara Adrián
Tamara Adrián em 2008
Deputada na Assembleia Nacional da Venezuela
Período 05 de janeiro de 2016 a atualidade
Dados pessoais
Nascimento 20 de fevereiro de 1954 (70 anos)
Caracas, Venezuela
Nacionalidade Venezuelana
Partido Vontade Popular
Profissão política, ativista, advogada e professora

Tamara Adrián (Caracas, 20 de fevereiro de 1954) é uma ativista, professora, advogada e deputada venezuelana eleita em 2015.[1] É a primeira pessoa trans a assumir um cargo de Congressista na Venezuela, e também a segunda mulher trans em um cargo legislativo nacional no Hemisfério Ocidental.[2][3]A mídia inicialmente a apresentou como a primeira parlamentar transgênero das Américas, mas isso foi corrigido mais tarde, uma vez que Michelle Suárez Bértora já havia sido eleita para o Senado do Uruguai em 2014.[4][5]

É filiada ao partido Vontade Popular, que constitui uma das frentes de oposição ao governo liderado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) de Nicolás Maduro. Adrián fez seu juramento de posse na Assembleia Nacional da Venezuela em 14 de janeiro de 2015.[6][7] Em seu mandato, trabalha para promover o acesso adequado aos registros públicos sobre identidade, casamento entre pessoas do mesmo sexo e direitos humanos.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Tamara Adrián nasceu em Caracas, em 20 de fevereiro de 1954, como Tomás Mariano Adrián Hernández e fez sua cirurgia de redesignação sexual na Tailândia em 2002.[8] Filha de uma família de classe média, foi educada convencionalmente. Aos 3 anos, ela começou a perceber que havia uma incompatibilidade entre seu gênero externo e interno. Seus pais a levaram para tratamento psicológico para fazer com que Tamara aceitasse um gênero o qual não se sentia identificada.[9] Sua mãe faleceu antes de ver sua completa mudança sexual e seu pai ainda a chama por seu nome de nascimento.[10]

Tamara graduou-se em Direito pela Universidade Católica Andrés Bello em 1976.[11] Na França, em 1982, obteve tanto o título de doutorado em Direito, com altas honrarias, pela Universidade Panthéon-Assas como também foi diplomada em Direito comparado pelo Paris Institute of Comparative Law.

Em 2016, Tamara concluiu o Programa Senior Executives in State and Local Government na Escola de Governo John F. Kennedy junto ao Programa David Bohnett Leaders Fellowship em parceria com o LGBTQ Victory Institute, Instituição que prepara líderes LGBTQ para cargos executivos.[12]

Antes de sua eleição para a legislatura venezuelana, atuou como advogada e ativista LGBT como membro do Conselho de Administração da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo e do Comitê Organizador do Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia.[13][1][14] Adrián também atua como professora de Direito na Universidade Central da Venezuela.[15][16] Ao se candidatar para o cargo de deputada, foi forçada a registrar o seu nome de nascimento masculino porque a lei venezuelana não permite a mudança de nome por uma pessoa transgênero. Em 2004, apresentou um habeas data ao Supremo Tribunal de Justiça para que sua identidade fosse legalmente reconhecida; até esse ano, ainda não havia sido concedido. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos interveio no processo.[17][13][18]

Tamara Adrián acredita que o estigma e a discriminação às pessoas trans estimulam a pobreza, a marginalização e a violência contra essa comunidade. Para ela, esses problemas são inaceitáveis sob as leis internacionais de direitos humanos.[14] Em 2014, houve muitos protestos em relação às condições democráticas e econômicas da época. Em resposta a esses protestos, o presidente Nicolás Maduro ordenou a prisão de manifestantes políticos. Segundo Adrián, ela foi motivada a assumir um papel de governança no Parlamento em resposta às prisões de ativistas políticos em seu país.[19] Em 2019, um relatório da Foro Penal, organização venezuelana de direitos humanos que presta assistência jurídica pro bono a pessoas e seus familiares que foram submetidos a detenções arbitrárias, mostrou que mais de 13.000 pessoas foram presas desde 2014 por causa dos protestos relacionados ao governo venezuelano.[20][21]

No início de 2016, foi lançado na Venezuela um filme intitulado Tamara filmado por Elia Schneider, inspirado na vida de Tamara.[22]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Tamara conheceu no ativismo sua atual companheira, Maqui Márquez, e tornaram-se o primeiro casal lésbico legalmente reconhecido no país. Estão juntas há quase 25 anos.[11][10]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Prêmio Ano Ref
Prêmio de Direitos Humanos "Luis Maria Olaso" 2009 [23]
Prêmio Future of Manhood 2018 [24]

Referências

  1. a b «Tamara Adrián se convierte en la primera diputada transgénero en la historia de Venezuela». Noticia Al Día. 7 de dezembro de 2015. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  2. «Cinco mulheres trans que estão mudando a maneira de fazer política no mundo». O Globo. 28 de março de 2021. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  3. Lavers, Michael K. (9 de dezembro de 2015). «Tamara Adrián: Election to Venezuelan National Assembly 'wonderful'». Washington Blade: LGBTQ News, Politics, LGBTQ Rights, Gay News (em inglês). Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  4. «Venezuela Elects First Transgender Congresswoman in South America». www.out.com (em inglês). 7 de dezembro de 2015. Consultado em 21 de dezembro de 2021 
  5. «Tamara Adrián - Breaking Boundaries and Tackling Trans Rights on a Global Scale». www.salzburgglobal.org. Consultado em 21 de dezembro de 2021 
  6. «Asamblea Nacional juramentó a Tamara Adrián, primera diputada transgénero en Venezuela». www.voluntadpopular.com. Consultado em 25 de novembro de 2019. Cópia arquivada em 23 de janeiro de 2019 
  7. «Primeira deputada transexual da Venezuela toma posse no Parlamento». 14 de janeiro de 2016. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  8. «Tamara Adrián, mujer transexual abogada venezolana: "Mi vida es como la de cualquier mujer"». Informe 25. 8 de março de 2010 
  9. «Disforia De Genero - Transexuales Somos Los Últimos Esclavos Reportaje Tamara Adrián Conmociona Venezuela». web.archive.org. 20 de junho de 2010. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  10. a b Samuel, Lizandro. «La intimidad protegida de Tamara Adrián». elestimulo.com (em espanhol). Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  11. a b Lazzeri, Thais (23 de julho de 2018). «"Aceito ideias, não insultos", diz 1ª deputada trans eleita na Venezuela». Claudia. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  12. «Bohnett Leaders Fellowship Alumni». LGBTQ Victory Institute (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2021 
  13. a b Pons, Corina (8 de agosto de 2015). «Venezuela's first transgender candidate Tamara Adrian to run for Congress». The Sydney Morning Herald (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  14. a b Jaramillo, Marco (17 de maio de 2015). «Meet the Women Fighting Transphobia Across the Americas». Advocate (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  15. «Uma vida trans, apesar do regime venezuelano». LexLatin (em inglês). Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  16. Bogart, Nicole (29 de janeiro de 2018). «Tamara Adrián - Breaking Boundaries and Tackling Trans Rights on a Global Scale». www.salzburgglobal.org. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  17. CIDH - Comisión Interamericana de Derechos Humanos (6 de dezembro de 2016). «Informe No. 66/16. Petición 824-12. Informe de Admisibilidad Tamara Mariana Adrián Hernandez.» (PDF). Venezuela. Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  18. Agence France-Presse (14 de janeiro de 2016). «Primeira deputada transexual da Venezuela toma posse como suplente». G1 Mundo. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  19. «Tamara Adrian | Moving from Activism to Governance». Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  20. «Venezuela: Arrests, Killings in Anti-Government Protests». Human Rights Watch (em inglês). 25 de janeiro de 2019. Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  21. «Nosotros». Foro Penal (em espanhol). Consultado em 25 de dezembro de 2021 
  22. Meza, Alfredo (9 de dezembro de 2016). «La diputada más taquillera de Venezuela». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  23. «Tamara Adrián (Venezuela)». World Movement for Democracy (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2021 
  24. Redacción (25 de abril de 2018). «Tamara Adrián es reconocida junto al Primer Ministro de Canadá con el premio "Future of Manhood"». El Tiempo Latino (em espanhol). Consultado em 21 de dezembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]