Tarquínio José Barbosa de Oliveira

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Tarquínio José Barbosa de Oliveira
Nascimento 18 de setembro de 1915
São José do Rio Pardo, São Paulo, Brasil
Morte 26 de dezembro de 1980 (65 anos)
Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade de São Paulo
Principais trabalhos
  • Caxias e a Unificação Nacional
  • As Cartas Chilenas. Fontes textuais
  • Autos da Devassa da Inconfidência Mineira
  • Ensaio da Casa dos Contos

Tarquínio José Barbosa de Oliveira (São José do Rio Pardo, 18 de setembro de 1915Ouro Preto, 26 de dezembro de 1980) foi um historiador e advogado brasileiro.[1]

Tarqüínio José na Fazenda do Manso, Ouro Preto, MG, onde trabalhou em estudos e publicações.
Tarqüínio José na Fazenda do Manso, Ouro Preto, MG, onde trabalhou em estudos e publicações.
Tarqüínio José Barbosa de Oliveira, no auge da carreira na indústria farmacêutica
Tarqüínio José Barbosa de Oliveira, no auge da carreira na indústria farmacêutica

Carreira[editar | editar código-fonte]

Tarquínio formou-se em Ciências Jurídicas pela Faculdade de São Paulo, além de ter realizado cursos de Paleografia, História Diplomática e Literária, Economia e Administração. Atuou na advocacia no setor farmacêutico, porém destacou-se na atividade de historiador, mudando-se para Ouro Preto, onde elaborou intensa pesquisa sobre a Inconfidência Mineira. Sua contribuição fez com que fosse eleito sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 1978.[1] Sem dúvida, sua maior contribuição foi a 2ª edição dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, de colaboração com Herculano Gomes Mathias, publicação do governo de Minas Gerais. Nenhum elogio é maior que o de Afonso Arinos de Melo Franco: “Desde muito moço leio e escrevo sobre Minas do século XVIII: por isso creio poder afirmar que nunca ninguém soube tanto sobre essa época da cultura brasileira como Tarquínio José Barbosa de Oliveira” (apud Raul Lima em artigo sobre o sócio depois de falecer, R. IHGB, v. 329, p. 255[2]).[3]

Cronologia[editar | editar código-fonte]

  • 1934 - 1938 — São Paulo. Curso superior na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tarqüínio J. B. de Oliveira recebe o diploma em 05.01.1939. Em paralelo faz o curso de oficial da reserva que termina em 1939, sendo declarado aspirante. (1º lugar da arma de Cavalaria).
  • 1939-1940 — Rio de Janeiro. Tarquínio J B. Oliveira trabalha no Conselho Federal do Comércio Exterior sob a direção de Raul Bopp. Cursa Paleografia, História Literária e Diplomática na Biblioteca Nacional; Economia e Administração no DASP e na Faculdade de Ciências Econômicas. Convocado para estágio no Exército, no 2º RCD, (1º lugar) é promovido a 2º tenente. Casamento com sua prima distante Margarida Maria Barboza de Oliveira.
  • 1941 - 1945 — Deodoro. II Guerra Mundial. Convocado pelo Exército, cursa a Escola de Motomecanização ( 1º lugar de sua turma). Designado para o 2º RMM. sob comando do Cel. Hélio de Castro. Tendo escrito manuais de instrução para a unidade em formação, é requisitado pela Escola de Motomecanização, então sob direção do Ten. Cel. Artur da Costa e Silva. É requisitado pela Diretoria de Motomecanização, sob o comando do General Milton de Freitas Almeida, para chefiar o setor de Documentação Técnica. A pedido do 2º RMM escreve monografia histórica sobre a Unidade Nacional e Caxias, (1º lugar em concurso da ID-1).
  • 1946-1958 — Rio de Janeiro. São Paulo. Terminando o conflito mundial, Tarquínio J. B. de Oliveira pede reversão à reserva (1º Tenente). Ingressa no Laboratório Torres S.A. como assessor do Diretor-Presidente. Colabora na fundação da Associação Brasileira de Indústria Farmacêutica. É eleito diretor e depois presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo, e diretor da FLESP e do CIESP. Colabora na fundação do Laboratório Central de Controle de Drogas, Medicamentos e Alimentos do Ministério da Saúde, hoje incorporado ao Fundação Oswaldo Cruz.
  • 1959 - 1962 — São Paulo. Tarquínio J. B. de Oliveira é eleito Diretor-Superintendente do Laboratório Torres S.A. Representa o Brasil como membro da Delegação do Congresso de Farmácia e Bioquímica de Washington. Colabora na fundação da Federação Latino-Americana das Indústrias Químicas e Farmacêuticas, em Bogotá, Colômbia. Colabora na fundação do Conselho Federal de Farmácia, elaborando seus estatutos básicos, assim como monografia sobre a reforma do ensino superior de Farmácia e Bioquímica e legislação farmacêutica.
  • 1963 — Ministra cursos de economia e administração farmacêuticas em várias Universidades. Recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade do Rio Grande do Sul. Deixa o Laboratório Torres S.A., vendido à organização Silva Araújo Roussel.

Com a inflação e o controle de preços dos remédios, a Indústria Farmacêutica Brasileira sofre “redução da rentabilidade na venda de alguns medicamentos, algumas empresas decidiram suspender a produção[4]”. Em poucos anos, todos os laboratórios foram comprados por multinacionais. “No final da década de 60 eram produzidos no país 98% dos medicamentos prescritos pelos médicos, basicamente pelas empresas multinacionais aqui instaladas. O governo vivia na dubiedade entre o discurso nacionalista e a convivência com as empresas multinacionais”[4]

Uma nova fase da vida de Tarquínio se inicia e seria fora da indústria farmacêutica.

  • 1963 - 1971 Tarquínio J. B. de Oliveira é eleito Diretor-Presidente da Nora Industrial e Participações S.A.; Diretor-Presidente da Clorotécnica S.A.; Conselheiro da Carbocloro S.A. e da Companhia Química do Recôncavo. Diretor-Presidente da Henrique Lage Comércio e Indústria S.A., cuja união com Nora S.A. resultou na formação da NORA-LAGE S.A., sendo sucedido na presidência pelo Gen. A. C. Silva Muricy.
  • 1963-1971 Passa a Conselheiro de NORA-LAGE S.A., deixando os cargos de Diretoria. Idem das subsidiárias ou associadas. Seus estudos históricos e literários, que desde há 20 anos vem realizando, abrangem desde o bandeirismo paulista até a Inconfidência Mineira.
  • 1973 Out. — Aposentadoria nas atividades industriais e econômicas. Adquire em Ouro Preto a Fazenda São José do Manso, para aonde se muda e segue sua produção como historiador. A fazenda hoje é tombada pelo IEPH-MG , página 93 do segundo volume do Guia de Bens Tombados do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual de Minas Gerais.[5] Hoje a fazenda faz parte do Parque Estadual do Itacolomi.
  • Membro do Conselho Curador do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artistico de Minas Gerais (JHPHA - MG)
  • 1974 — Idealizador e Consultor Cultural da CECO (Centros de Estudos do Ciclo do Ouro) - Casa dos Contos,[6] do M. da Fazenda, através da ESAF (Escola de Administração Fazendária).
  • 1978 — Foi eleito sócio honorário do IHGB, tendo tomado posse com uma conferência sobre “Secretismo e Inconfidência” (que foi publicada na v. 324 de nossa Revista).
  • Arquivo Público Mineiro. Setor de Processamento Técnico
  • 1980 — Desencarna vitima de câncer do pulmão causado pelo tabagismo, hábito comum na época.

O acervo de Tarqüinio José se encontra hoje confiado ao no Arquivo Público Mineiro.[7]

Trabalhos publicados[editar | editar código-fonte]

  1. A Unidade Nacional e Caxias - Monografia histórica - Rio, 1943.
  2. Curso de Economia e Administracão Farmacêutica (ABPF, São Paulo, 1963).
  3. Conferências e Monografias (1947 à 1971)
  4. Autoridades da Coroa em Minas Colonial - in - Catálogo das Códices - Coleção ( Casa dos Contos - APM - Rio, l 973
  5. Cartas Chilenas - Fontes Textuais. São Paulo, 1972.
  6. Um Homem chamado Tiradentes - 2 monólogos teatrais a serem recitados nesta data no 38º aniversário do Grêmio Tristão de Athaíde por Silvério Chaves,1976.
  7. Balada a Ouro Preto, poema em 9 cantos para comemorar o 278º aniversário de Ouro Preto, 1976.
  8. Poesia e Morte em Vila Rica. Rio, 1974.
  9. Um Banqueiro na Inconfidência - Ensaio biográfico, sobre João Roiz de Macedo, 1979.[8]
  10. Correspondência Ativa de João Roiz de Macedo, vol 1 e 2, 1979.[9]
  11. Erário Régio de Francisco A. Rebelo - 1767 - Análise e Organização, 1976.[10]
  12. Uma Experiência em Arquivologia: A Casa dos Contos, 1978.[11]
  13. A Música em Vila Rica, 1979.
  14. Ensaios da Casa dos Contos, 1979.[12]
  15. Vila Rica - Vereanças (Discursos, ensaios, conferências), 197?.[13]
  16. Revisor e anotador da 2ª edição dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, tendo publicado os volumes 1, 2, 8 e 9 e deixando no prelo o volume 3 e preparado pelo meio o volume 4, além do plano para publicação dos volumes restantes.[14]

Livros e folhetos existentes no Arquivo Público Mineiro[editar | editar código-fonte]

  • Um Banqueiro na Inconfidência, ensaio biográfico, sobre João Roiz de Macedo, 1979.
  • Cartas Chilenas - Fontes Textuais, São Paulo, 1972.
  • Correspondência Ativa de João Roiz de Macedo, vol 1 e 2, 1979.
  • Erário Rémo de Francisco A. Rebelo - 1767 - Análise e Organização. 1976.
  • Uma Experiência em Arquivologia: A Casa dos Contos, 1978
  • A Música Oficial em Vila Rica, (Este trabalho, mimeografado, não tem data. Há uma dedicatória na primeira página com data de 23.01.79).

Referências

  1. a b «Tarquínio José Barbosa de Oliveira». IHGB. Consultado em 18 de fevereiro de 2019 
  2. Mathias, HERCULANO GOMES (1979). «SAUDAÇÃO AO SÓCIO TARQÜÍNIO JOSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA». INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO BRASILEIRO. REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO BRASILEIRO (329): 255 
  3. «Tarquínio José Barbosa de Oliveira». ihgb.org.br. Consultado em 2 de novembro de 2021 
  4. a b Sindusfarma 80 anos : guardião da história e do desenvolvimento da indústria farmacêutica no Brasil. Lauro Domingos Moretto, Paulo Carneiro, SINDUSFARMA. São Paulo, SP, Brasil: [s.n.] 2013. OCLC 956633767 
  5. 5119680. «GUIA DOS BENS TOMBADOS IEPHA/MG – Volume 02». Issuu (em inglês). Consultado em 1 de novembro de 2021 
  6. «ouropreto.com.br :: Museu da Casa dos Contos - Centro de Estudos». www.ouropreto.com.br. Consultado em 2 de novembro de 2021 
  7. «Acerovo Público». Secretaria de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto. Consultado em 2 de novembro de 2021 
  8. Oliveira, Tarqüínio J. B. (1979). Um banqueiro na inconfidência. [S.l.]: Casa dos Contos. Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. 85 páginas 
  9. Oliveira, Tarqüínio J. B. (1981). Correspondência ativa de João Roiz de Macedo / organização, translação moderna, introdução e notas por: Tarquínio J. B. de Oliveira. 2. Ouro Preto: Casa dos Contos. Centro de Estudos do Ouro. 
  10. Oliveira, Tarquínio José (1976). Análise e organização do Erário Régio de Francisco A. Rabelo, 1768. Brasília: Escola de Administração Fazendária 
  11. Oliveira, Tarqüínio J. B. (1978). A Casa dos Contos : uma experiência de arquivologia. [S.l.]: Casa dos Contos. Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. 28 páginas 
  12. Oliveira, Tarqüínio J. B. (1979). Ensaios da Casa dos Contos. Ouro Preto: Casa dos Contos. Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. 287 páginas 
  13. Oliveira, Tarqüínio J. B. Vila Rica : vereanças, (1782-1784). [S.l.]: Casa dos Contos. Centro de Estudos do Ciclo do Ouro. 189 páginas 
  14. Autos de Devassa da Inconfidência Mineira (PDF). Belo Horizonte: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. 2016. p. VII. 458 páginas