Tecelagem Mariângela

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Tecelagem Mariângela
Tecelagem Mariângela
Tecelagem Mariângela a partir de uma visão diagonal
Construção 1903 (120–121 anos) (inauguração)
Estado de conservação SP  Brasil
Património nacional
Classificação CONPRESP
Data 1992
Geografia
País Brasil
Cidade São Paulo

A Tecelagem Mariângela é um espaço tombado[1], que localiza-se no bairro do Brás (distrito de São Paulo) na cidade de São Paulo no perímetro central da cidade. O complexo industrial atualmente desativado fazia parte dos espaços fundados pela família Italiana, Matarazzo. E fez parte do conjunto Indústrias reunidas Fábrica Matarazzo.[2]

A tecelagem, tornou-se um espaço industrial de grande relevância pela sua alta capacidade produtiva, considerando os padrões da época e, também, pelo números de empregos gerados durante o período do seu funcionamento, aliado ao próspero histórico de faturamento.[2]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Detalhes das janelas da Tecelagem Mariângela

A Tecelagem Mariângela teve sua construção iniciada em 1903 e foi fundada um ano depois[3][4]. Fazia parte do complexo industrial que se montou a partir do Moinho Matarazzo, também pertencente à família dos Matarazzo os quais produziam farinha de trigo que, até então, era importada pelos brasileiros. Pela necessidade de armazenar a farinha em sacos de algodão, Francesco Matarazzo criou a Tecelagem Mariângela. [5]

O espaço foi viável principalmente por causa de um investimento financeiro concedido ao grupo.

A verba buscava o fomento do desenvolvimento industrial e financeiro. E esse recurso tornou o espaço um importante ambiente de produção do período.[6]

O complexo industrial que agregava a Tecelagem Mariângela foi acometido pela greve geral de 1917, que teve como um dos fatores a morte de José Martinez, este que tinha um vínculo com a confederação e federação dos operários brasileiros[4], nas quais os trabalhadores, da fábrica aderiram com alto engajamento e, pediam por melhorias nas condições de trabalho[7], que até então era estruturada em cima de uma exploração exacerbada e pouco razoável em relação ao direitos humanos e bem-estar coletivo.[7]

O movimento na fábrica resultou em grande participação das mulheres, que eram maioria no ambiente fabril da tecelagem.[7]

O movimento de grande impacto no período recebeu em contrapartida uma retaliação violenta e o período foi marcado por muito sangue operário derramado[7] Uma das mortes que se tornaram renomadas na época, foi a do operário espanhol chamado José Martinez.[8]

Esse período,no entanto, foi atravessado por uma expansão das atividades industriais, e em 1918 a tecelagem já era considerada uma das mais importantes indústrias têxteis nacionais, com cerca de 600 empregos diretos e exclusivos para a atividade têxtil.[9] Chegaram a trabalhar no local mais de1.800 operários, sendo a maioria deles mulheres[8].Parte dessa mão de obra também era formada por crianças.

Muitas famílias originárias da Itália começaram a ocupar essa região na época, desenvolvendo os arredores das fábricas.

O complexo era um espaço de alta capacidade produtiva e sua imagem estava associada à uma boa qualidade de produtos finais que eram responsáveis não apenas pela fiação e também, pela confecção de tecidos de malha.[9]

Atualmente a fábrica está desativada e o espaço tornou-se o Center Brás, um ambiente comercial que possui espaços de atividades financeiras.[10][9]

Processo de tombamento[editar | editar código-fonte]

O CONPRESP determinou o tombamento da construção da antiga tecelagem, e determina algumas diretrizes de manutenção estrutural do espaço. [11][1]

Considerando a relevância histórica do local e sua arquitetura marcada à um período histórico da construção industrial do país, o espaço torna-se obrigado a se manter estruturalmente igual, sendo imprescindível a continuidade da linguagem estética de suas fachadas que contam com tijolos avermelhados e janelas de aço com design específico do início do século XX, em processo de tombamento em 1992. O processo faz referência, também ao espaço interno da fábrica que deve, segundo o processo se manter seguindo o seu projeto inicial.[11][1]

O processo de tombamento da tecelagem aconteceu em correlato com a do Moinho Matarazzo, principalmente porque ambos compartilhavam de um desenvolvimento simultâneo , nos períodos áureos de funcionamento. e por estarem geograficamente associados e estarem dentro da responsabilidade do mesmo herdeiro.[11][1]

Localização[editar | editar código-fonte]

A fábrica, atualmente desativada, localiza-se no Brás em São Paulo na rua Monsenhor Andrade 88, próximo à rua principal do bairro e sua dimensão ainda é notória dentro do bairro que a agrega.[12][13]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

A fábrica tem a fachada inteiramente produzida a partir de tijolos vermelhos, com telhados hidráulicos em formato v, e alguns detalhes que saltam a o proporção da parede de base, criando um aspecto gráfico muito usado no período. Internamente o galpão é amplo e sua dimensão horizontal supera a vertical e foi feita pensando na melhor forma de vigiar os trabalhadores que produziam no local.[14]][5]

Estado atual[editar | editar código-fonte]

A tecelagem tornou-se o empreendimento Center Brás e um ambiente empresarial que tem salas, escritórios, lanchonetes e lojas.

Galeria[editar | editar código-fonte]

Veja também[editar | editar código-fonte]

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Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]