Tentativa de golpe de Estado em El Salvador em 1972

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Tentativa de golpe de Estado em El Salvador em 1972
Data 25 - 26 de março de 1972
Local El Salvador
Desfecho Tentativa de golpe suprimida
Beligerantes
Forças armadas rebeldes
Comandantes
200 mortos

A tentativa de golpe de Estado em El Salvador de 1972 ocorreu entre 25 a 26 de março de 1972, quando jovens militares tentaram derrubar o governo de Fidel Sánchez Hernández, impedir a presidência de Arturo Armando Molina e proclamar José Napoleón Duarte como presidente de El Salvador. O golpe foi suprimido e seus líderes foram exilados do país.

Contexto[editar | editar código-fonte]

A eleição presidencial salvadorenha de 1972 foi marcada para 20 de fevereiro de 1972.[1][2] O governista Partido de Conciliação Nacional (PCN) selecionou o Coronel Arturo Armando Molina como seu candidato para a eleição, enquanto a União Nacional Opositora (UNO), uma coalizão do Partido Democrata Cristão, do Movimento Nacional Revolucionário e da União Democrática Nacionalista, selecionou José Napoleón Duarte como seu candidato.[3]

A eleição de 1972 foi comparada à eleição presidencial chilena de 1970, onde o candidato socialista Salvador Allende foi eleito presidente do Chile.[3] A ditadura militar governante estava preocupada com a influência do Partido Comunista Salvadorenho (PCS) e da Igreja Católica na política nacional e acreditava que Duarte e outros membros da UNO tinham simpatias comunistas.[3]

No dia da eleição, era esperado que o PCN obtivesse a vitória, porém Duarte teve um desempenho superior em San Salvador e compensou o reduto rural do PCN.[2] Os observadores da votação reivindicaram a contagem final de votos contabilizando 327.000 votos para Duarte e 318.000 votos para Molina.[2] O governo suspendeu os resultados das eleições e encarregou a Assembleia Legislativa de eleger o Presidente.[2] O PCN teve uma maioria esmagadora na Assembleia Legislativa e elegeu Molina como presidente em 25 de fevereiro, efetivamente cancelando a eleição.[2][4]

Golpe[editar | editar código-fonte]

A Juventude Militar de El Salvador não aprovou o resultado da eleição e tentou reverter a decisão da Assembleia Legislativa.[2] Na manhã de 25 de março, o Coronel Benjamin Mejía declarou que a Juventude Militar estava em rebelião, incluindo o Regimento de Artilharia e os quartéis de San Carlos e El Zapote, e anunciou a criação da Junta Revolucionária.[2][5] A Junta Revolucionária pretendia instalar Duarte como presidente de El Salvador, depondo o presidente em exercício Fidel Sánchez Hernández, cujo mandato expiraria em 1 de julho.[2][5] Sánchez Hernández foi feito refém pela Juventude Militar, mas eles não conseguiram obter o apoio do restante das Forças Armadas de El Salvador.[2] A Força Aérea salvadorenha começou a bombardear a capital e as posições rebeldes e, embora houvesse alguns manifestantes a favor dos rebeldes, houve mais protestos a favor do governo.[2] Duarte fez uma transmissão de rádio ao meio-dia pedindo aos civis que evacuassem San Salvador, mas sua transmissão não conseguiu provocar uma reação dos cidadãos.[2] Duarte buscou refúgio na embaixada venezuelana em San Salvador, mas acabou sendo capturado pela Agência Nacional de Segurança Salvadorenha (ANSESAL) depois que eles invadiram a embaixada.[6] O golpe fracassou no dia seguinte.[7]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Após o golpe, Duarte foi torturado e exilado na Guatemala e depois na Venezuela.[7] Mejía foi exilado e posteriormente assassinado em 1981 por forças da Junta Revolucionária de Governo.[5] Molina assumiu o cargo em 1 de julho e governaria a nação até 1977, quando foi sucedido por Carlos Humberto Romero.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Nohlen 2005, p. 276
  2. a b c d e f g h i j k Haggerty 1990, p. 29
  3. a b c Haggerty 1990, p. 28
  4. Bosch 1999, p. 10
  5. a b c Bosch 1999, p. 11
  6. Haggerty 1990, pp. 29–30
  7. a b Haggerty 1990, p. 30
  8. «Presidentes de El Salvador – Coronel Arturo Armando Molina». Presidente Elías Antonio Saca El Salvador (em espanhol). Cópia arquivada em 2 de março de 2009 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bosch, Brian J. (1999). The Salvadoran Officer Corps and the Final Offensive of 1981 (em inglês). Jefferson, North Carolina, and London: McFarland & Company Incorporated Publishers (publicado em 2013). ISBN 0-7864-0612-7 
  • Nohlen, Dieter (2005). Elections in the Americas: A Data Handbook. I. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-19-928357-6 
  • Federal Research Division Library of Congress (1990). Haggerty, Richard A., ed. El Salvador: A Country Study (PDF). Washington, D.C.: The Library of Congress