Teodora Comnena

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 Nota: Não confundir com Teodora Angelina Comnena, neta do imperador Aleixo III Ângelo.
Teodora Comnena
Rainha-consorte de Jerusalém
Reinado 11581162
Consorte Balduíno II de Jerusalém
Nascimento c. 1145
Descendência Aleixo Comneno
Irene Comnena
Dinastia Dinastia Comnena
Pai Isaac Comneno
Mãe Irene Sinadena

Teodora Comnena (em grego: Θεοδώρα Κομνηνή; romaniz.:Theodōra Komnēnē) era uma sobrinha do imperador bizantino Manuel I Comneno que foi esposa do rei Balduíno II de Jerusalém e amante do imperador bizantino Andrônico I Comneno.

Famílias[editar | editar código-fonte]

Teodora era filha do sebastocrator Isaac Comneno com sua segunda esposa, Irene Sinadena. Seus avós por parte de pai eram o imperador bizantino João II Comneno e Piroska da Hungria, filha do rei Ladislau I da Hungria.

Entre seus tios paternos estava o imperador Manuel I Comneno. Sua irmã, Eudóxia Comnena, casou-se com Guilherme VII de Montpellier e foi avó do rei Jaime I de Aragão. Sua meia-irmã, Maria Comnena, casou-se com o rei Estêvão IV da Hungria.

Rainha-consorte de Jerusalém[editar | editar código-fonte]

Balduíno II tomou o Reino de Jerusalém de sua mãe e regência Melisende em 1153. Ele estava solteiro e, por volta de 1157, foi decidido pela "Haute Cour" que sua esposa deveria ser buscada no Império Bizantino, o vizinho mais poderoso e rico do reino. Esperava-se que uma aliança com os bizantinos traria dinheiro e ajuda militar, ambos necessários para a luta contra Noradine, sultão da Síria e maior inimigo de Jerusalém.

Atardo (Attard), arcebispo de Nazaré, Hunfredo de Toron, condestável de Jerusalém, Joscelino Piscelo e Guilherme de Barris foram enviados a Constantinopla para negociar um casamento para o rei. Os embaixadores ficaram na capital por quase um ano — Atardo morreu na missão — até que finalmente se decidiu que Teodora seria enviada a Balduíno. Ela tinha na época apenas 12 ou 13 anos, mas já era famosa por sua beleza. Seu dote valia 100 000 hipérpiros e Guilherme de Tiro estimou que suas roupas extravagantes haviam custado outros 14 000 hipérpiro. Como dote para Balduíno, Teodora recebeu ainda a cidade de Acre, que ela manteria como propriedade sua caso Balduíno morresse sem gerar filhos.

Os embaixadores retornaram a Jerusalém com Teodora em setembro de 1158. Aimério de Limoges, o patriarca latino de Antioquia, realizou a cerimônia, pois o patriarca latino de Jerusalém ainda não havia sido consagrado. Balduíno era conhecido até então por seu estilo de vida frívolo, mas tornou-se um marido devotado e fiel. O casamento foi curto e sem filhos, pois Balduíno morreu em 1162, deixando Teodora viúva aos dezessete anos de idade. Ela recebeu a cidade de Acre para sustentá-la, como prometido.

Relacionamento com Andrônico I Comneno[editar | editar código-fonte]

Uns poucos anos depois, em 1166, um primo em primeiro grau de seu pai, Andrônico Comneno, visitou o reino e foi nomeado senhor de Beirute pelo irmão e sucessor de Balduíno, Amalrico I. Andrônico convidou Teodora à sua corte e os dois fugiram para Damasco — ou, como conta Guilherme de Tiro, Andrônico a sequestrou com o apoio de Noradine. É provável que não tenha sido um sequestro; Andrônico, que já era casado, já havia tido casos com Filipa, uma irmã do príncipe Boemundo II de Antioquia e de Maria de Antioquia, esposa do imperador Manuel I Comneno, de quem provavelmente estava fugindo. Como não houve um casamento legal, Acre foi devolvida ao rei Amalrico, que também era casado com uma princesa bizantina, Maria Comnena, o que manteve a aliança intacta.

Na corte de Noradine em Damasco, Andrônico e Teodora tiveram dois filhos, Aleixo Comneno e Irene, mesmo tendo ele sido excomungado. Os dois viajaram ainda para Bagdá e, depois, para o Sultanato de Rum, onde Andrônico foi nomeado senhor de um castelo na Paflagônia.

Alguns anos depois, Teodora e seus filhos foram capturados e entregues para o imperador Manuel, que os manteve em Constantinopla como isca para encorajar Andrônico a voltar para seus conterrâneos bizantinos. Ele de fato se rendeu e visitou a capital em 1180, submetendo-se a Manuel em seguida.

Em 1182, depois da morte de Manuel, Andrônico retornou de vez e tornou-se imperador no ano seguinte. Não há evidências, porém, de que Teodora o tenha acompanhado. Foi nesta época, porém, que a filha deles, Eudóxia, se casou com Aleixo Comneno, filho de Manuel I com Teodora Vatatzina. Nesta época, também, Teodora intercedeu junto a Andrônico para que ele pagasse o resgate de seu sobrinho, Isaac Comneno, um ex-governador da Isáuria que estava preso no Reino Armênio da Cilícia, uma decisão da qual ele depois se arrependeria, pois Isaac depois se revoltou e tomou para si a província de Chipre.

K. Varzos sugere que Teodora Comnena e Teodora Vatatzina conspiraram contra Andrônico em algum momento, mas não parece haver evidências para isso. Nada mais se sabe sobre ela.

Homônimas[editar | editar código-fonte]

Outra Teodora Comnena foi a esposa do príncipe Boemundo II de Antioquia e irmã da rainha Maria Comnena de Jerusalém. Uma terceira foi esposa do duque Henrique II da Áustria e mãe do duque Leopoldo V da Áustria.

Precedida por
Morfia de Melitene

Rainha consorte de Jerusalém

após setembro de 1158 - 10 de fevereiro de 1162
Sucedida por
Inês de Courtenay
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Bibiliografia[editar | editar código-fonte]

  • Guilherme de Tiro, A History of Deeds Done Beyond the Sea, trans. E.A. Babcock and A.C. Krey. Columbia University Press, 1943.
  • Bernard Hamilton, "Women in the Crusader States: The Queens of Jerusalem", in Medieval Women, edited by Derek Baker. Ecclesiastical History Society, 1978.
  • Steven Runciman, A History of the Crusades, vol. II: The Kingdom of Jerusalem. Cambridge University Press, 1952.
  • O City of Byzantium, Annals of Niketas Choniatēs, trans. Harry J. Magoulias. Wayne State University Press, 1984.
  • Varzos, Konstantinos (1984). Η Γενεαλογία των Κομνηνών, Τόμος Β' [The Genealogy of the Komnenoi, Volume II] (PDF) (em Greek). Thessaloniki: Byzantine Research Centre. pp. 327–346. Consultado em 14 de outubro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016