Theodoro Henrique Maurer Júnior

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Theodoro Henrique Maurer Jr.
Theodoro Henrique Maurer Júnior
Nascimento 13 de maio de 1906
Cosmópolis, Brasil
Morte 1979 (73 anos)
São Paulo, Brasil
Escola/tradição Linguística românica, romanística
Ideias notáveis Unidade da România Ocidental

Theodoro Henrique Maurer Júnior (Cosmópolis, 13 de maio de 1906 - São Paulo, 1979) foi um filólogo e linguista brasileiro cujas pesquisas centravam-se principalmente na linguística românica.[1][2] Doutorou-se em Latim na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1944, onde seria docente ativo de 1947 a 1967, e, de 1945 a 1946, foi bolsista da Fundação Rockefeller na Universidade Yale, onde teve aulas com linguistas como Leonard Bloomfield, Franklin Edgerton e Edgard Sturtevan.[3][4]

Foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Linguística.[5]

Vida[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Maurer Júnior nasceu em 13 de maio de 1906 na colônia suíça "Campos Sales", em Cosmópolis, à época região rural de Campinas, em São Paulo. Seus pais, Henrique Maurer e Rosette H. Maurer, eram provenientes de Zurique e haviam vindo para o Brasil em 1898. Entretanto, Maurer Júnior passou sua infância, até os cinco anos de idade, no interior dos Estados Unidos, para onde sua família havia se mudado temporariamente.[4]

Experiências acadêmicas iniciais[editar | editar código-fonte]

Novamente no Brasil, fixaram-se na região de Rebouças, hoje chamada Sumaré, onde Maurer viveu até os quinze anos. Seu ensino secundário foi feito em Campinas, como autodidata, e, de 1925 a 1928, seguiu os Cursos Pré-Teológico e Teológico no Seminário Teológico Presbiteriano. Casou-se, em 24 de junho de 1931, com Maria Branca Vogel. Mudaram-se para Franca, onde Maurer trabalhou como pastor da Igreja Presbiteriana.[4]

Em Franca, foi professor de inglês e latim na Escola Normal Livre de 1930 a 1934. Neste ano, prestou um concurso para a cadeira de Latim do Ginásio do Estado de Campinas, defendendo a tese O Caso Ablativo (estudo sintático) e obtendo o primeiro lugar. Entretanto, a Congregação do Ginásio alterou a lista tríplice e, assim, não foi selecionado. Mudou-se, assim, para São Paulo, dedicando-se ao ensino secundário.[4]

De 1935 a 1937, lecionou latim e português no ginásio do Instituto Mackenzie e também em 1935, no curso Pré-Teológico do Instituto José Manuel da Conceição (onde foi professor de Isaac Nicolau Salum, seu futuro orientando e colega de trabalho na Universidade de São Paulo), em Jandira, passou a dar aulas de português, francês, latim e grego. De 1935 1938, trabalhou na Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente como professor de Exegese do Velho e do Novo Testamento e Arqueologia Bíblica.[4][6]

Formação no ensino superior e experiência em Yale[editar | editar código-fonte]

A partir de 1938, estudou Letras Clássicas e Português na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo, licenciando-se em 1940. Continuou lecionando no Instituto José Manuel da Conceição até 1943 e, deste ano a 1945, foi professor de grego no Colégio Oswaldo Cruz. De 1944 a 1952, lecionou filosofia e lógica na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista do Brasil. Desde sua licenciatura na FFCL, já passou a ser Professor Assistente e de latim (inicialmente também de grego) na mesma faculdade. Doutorou-se, em 1944, com a tese A Morfologia e a Sintaxe do Genitivo Latino (estudo histórico).[4]

A Fundação Rockefeller lhe ofereceu uma bolsa de estudos na Universidade de Yale e, então, de 1945 a 1946, seguiu em tal universidade cursos de linguística indo-europeia, sânscrito e hitita com Leonard Bloomfield, Franklin Edgerton e Edgard Sturtevant. Tais estudos resultaram em dois artigos no periódico Language, da Sociedade Linguística da América: "Unity of the Indo-European Ablaut System: The Dissyllabic Roots" (1947, vol. 23, n. 1) e "The Romance Conjugation in -ēscō (-īscō) -īre: Its Origin in Vulgar Latin" (1951, vol. 27, n. 2).[4]

Carreira na Universidade de São Paulo[editar | editar código-fonte]

Em 1949, ao retornar de Yale, foi contratado para a Cátedra de Filologia Românica da FFCL da USP, focando seus estudos nas línguas românicas e sendo também encarregado do curso de Glotologia Clássica (que, por sua sugestão, passou então a ser denominado Linguística Indo-Europeia). Tornou-se livre-docente em 1951, com a tese A Unidade da România Ocidental, e, em 1952, fez o Concurso de Cátedra com a tese O Latim Vulgar: Estudo Crítico, sendo aprovado e nomeado Professor Catedrático de Filologia Românica.[4]

Com tal cargo, Maurer deu início aos estudos de especialização em Linguística Geral na USP e, quando a área foi incluída no Currículo Mínimo, também se responsabilizou pelos cursos da graduação, o que fez até sua aposentadoria. Isto se deu em 1967, mas prosseguiu dedicando-se aos estudos linguísticos e, também, sobre o cooperativismo e política.[4]

Faleceu em 1979, em São Paulo.[1]

Bibliografia selecionada[editar | editar código-fonte]

Linguística[editar | editar código-fonte]

Artigos, teses e ensaios[editar | editar código-fonte]

  • "Unity of the Indo-European Ablaut System: The Dissyllabic Roots". Language. Vol. 23, No. 1 (Jan. - Mar., 1947), pp. 1-22;
  • "A Morfologia e a Sintaxe do Genitivo Latino". São Paulo, 1948 (Boletim nº 55 da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP), 96 p. (Tese de Doutoramento);
  • "The Romance Conjugation in -ēscō (-īscō) -īre: Its Origin in Vulgar Latin". Language. Vol. 27, No. 2 (Abr. - Jun., 1951), pp. 136-145;
  • "A Unidade da România Ocidental". São Paulo, 1951 (Boletim nº 118 da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP), 232 p. (Tese de Livre-Docência). ;
  • "Dois Problemas da Língua Portuguesa". São Paulo, 1951 (Boletim nº 128 da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP), 74 p.

Livros[editar | editar código-fonte]

  • Gramática do latim vulgar. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1959, 300 p.;
  • O problema do latim vulgar. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1962, 202 p.;
  • O Infinito Flexionado Português. São Paulo, Companhia Editora Nacional e Edusp, 1968, XII + 250 p.

Outras áreas[editar | editar código-fonte]

  • O Cooperativismo: Um Ideal de Solidariedade Humana na Vida Econômica. São Paulo, edição particular, 1950, 120 p.
  • A Democracia Integral. São Paulo, edição particular, 1960, 84 p.
  • O Cooperativismo: Uma Economia Humana. São Paulo, edição particular, 1966, 330 p.

Referências

  1. a b «In Memorian: Professor Theodoro Henrique Maurer Jr. (1906-1979)». Cadernos de Estudos Linguísticos (2). 1981 
  2. Bassetto, Bruno. «A filologia românica na Universidade de São Paulo». Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos. Consultado em 20 de setembro de 2019 
  3. Blikstein, Izidoro (dezembro de 1994). «Maurer, Salum e a Romanística: pioneirismo, sabedoria e humildade». Estudos Avançados. 8 (22): 259–262. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40141994000300031 
  4. a b c d e f g h i «Apresentação». Alfa: Revista de Linguística (18/19). 1972–1973 
  5. «Institucional». Associação Brasileira de Linguística. Consultado em 7 de dezembro de 2019 
  6. Queiroz, T. A., ed. (1981). Estudos de Filologia e Lingüística: em homenagem a Isaac Nicolau Salum. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo