Thuluth

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Simples salah (prece) do Islamismo escrita com Thuluth “o apego a Deus (Alá) traz o conhecimento de Seu conforto”
Bandeira da Arábia Saudita escrita em Thuluth

Thuluth (em persa: ثلث solos, Turco: Sülüs, from em árabe: ثلث ṯuluṯ "um terço") é um variante da Caligrafia islâmica criada pelo persa Ibn Muqlah Shiraz, que apareceu pela primeira vez no século XI da cronologia ocidental (século IV da cronologia da Hégira). As formas retilíneas e ortogonais da escrita cúfica foram substituídas na nova escrita por linhas curvas e oblíquas. Em Thuluth, um terço de cada letra se inclina, se curva, daí veio o nome thuluth (um terço em língua árabe). Trata-se de uma escrita elegante, de porte maior, usada na época medieval em motivos decorativos de Mesquitas. Dessa caligrafia se derivaram outras com pequenas variações de forma.

A Shahada لا إله إلا الله محمد رسول الله, profissão de fé do Islamismo se apresenta sobre a bandeira da Arábia Sauditatransliteração lā ’ilāha ’illa-llāh muḥammadun rasūlu-llāh — "Não há outro deus além de Alá e Maomé é o seu profeta.

História[editar | editar código-fonte]

Fragmentos de bênçãos Shias (al-salam 'alayka) em árabe, dirigidas a Husayn, neto do profeta Maomé, via seu genro Ali. Ele é citado por seus vários nomes e epítetos, tais como o "servo de Deus" (abd Allah), "filho do Profeta" (ibn rasul), "bondade de Deus" (khayrat Allah), "filho do Líder do pleno de Fé" (ibne miralmuminim) e “filho de Fátima, a radiante" (ibn Fatimah al-zahra'). Escrita Thuluth indiana
Nome de Muhammed com a frase Salat em Thuluth

As grandes contribuições para evolução da escrita Thuluth, ocorreram em três diferentes períodos da História da arte Otomana chamadas de "Revoluções Caligráficas":

  • A primeira "revolução" ocorreu no século XV e foi iniciada pelo mestre de caligrafia Şeyh Hamdullah,[1] [2]
  • A segunda "revolução" ocorreu por obra do calígrafo otomano Hâfız Osman no século XVII,[3][4]
  • Finalmente, veio a terceira "revolução" feita por Mehmed Şevkî Efendi ao final do século XIX, a qual foi responsável pela forma atual dessa caligrafia. [5][6][7]

Artistas[editar | editar código-fonte]

O mais conhecido artista que escreveu na forma Thuluth quando do seu auge foi Mustafa Râkim, um pintor que estabeleceu um padrão na ortografia otomana e que especialistas consideram o melhor de todos os tempos.[8]

Uso[editar | editar código-fonte]

Thuluth foi usada para escrever os títulos das sura e capítulos do Alcorão. Algumas cópias do Alcorão foram escritas totalmente em thuluth. Versões mais recentes foram sendo escritas com combinações da thuluth com Naskhi ou Muhakkak. Depois do século XV a Naskhi se tornou exclusiva. As fontes que se apresentam sobre a bandeira da Arábia Saudita formando a Shahada al Tawhid' são Thuluth.

Estilo[editar | editar código-fonte]

Um significativo aspecto da thuluth é o uso do Harakat ("Hareke" em língua turca para representar sons vogais e outras marcas criadas para tornar a escrita mais bela. O Harakat gramatical segue as regras normais de qualquer escrita arábica, mas as marcas de arte seguem suas próprias regras em relação a posições e agrupamentos. Uma técnica comum de agrupamento é aquela de separar as marcas que ficam sob a letra daquelas que são escritas acima. As regras de estilo permitem uma grande criatividade em formas e orientações.

Escritas derivadas[editar | editar código-fonte]

Desde sua criação, a thuluth deu origem a uma variedade de escritas usadas na caligrafia islâmica e permitiu muitas modificações durante seu curso evolutivo. A thuluth Jeli foi desenvolvida para uso em grandes painéis como os de túmulos. A Muhakkak foi desenvolvida pelo alargamento das dimensões horizontais das letras thuluth. A Naskh também veio da thuluth via modificações que reduziram o tamanho das letras e as tornaram mais delicadas. A Tafki é uma versão modificada e de letras reduzidas.

A escrita Ruq'ah foi provavelmente derivada de uma mescla dos estilos Thuluth e Naskh, este último também derivado do thuluth.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Hüseyin Kutlu: Hat sanatı kalemi şevk edebilmektir - Kalem Güzeli
  2. hamdullah1500
  3. Kitap Sanatı
  4. Ali, Wijdan. "From the Literal to the Spiritual: The Development of Prophet Muhammad's Portrayal from 13th Century Ilkhanid Miniatures to 17th Century Ottoman Art Arquivado em 3 de dezembro de 2004, no Wayback Machine.". In Proceedings of the 11th International Congress of Turkish Art, eds. M. Kiel, N. Landman, and H. Theunissen. No. 7, 1–24. Utrecht, The Netherlands, August 23–28, 1999, p. 7
  5. Mehmed Şevki Efendi « Sanat Tarihi
  6. «Cópia arquivada». Consultado em 26 de maio de 2019. Arquivado do original em 29 de dezembro de 2011 
  7. «Türk Ýslam Sanatlarý - Tezyini Sanatlar». Consultado em 8 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 30 de junho de 2012 
  8. «Journal of Ottoman Calligraphy :: RAKIM: 'Mustafa Rakim" (1757 - 1826) :: April :: 2006». Consultado em 9 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 6 de março de 2008 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]