Tipografia União

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Tipografia União
Tipografia União
Rua do Município, em 2017. A tipografia estava sedeada no edifício no lado esquerdo da fotografia, vendo-se também a livraria Paulinas.
Construção 1909 (tipografia)
Geografia
País Portugal Portugal
Região Algarve
Coordenadas 37° 0' 51.3" N 7° 56' 05.0" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Tipografia União é um edifício histórico na cidade de Faro, na região do Algarve, em Portugal. Consiste numa tipografia que funcionou entre 1909 e 2013,[1] tendo em 2016 começado o processo para a sua reconversão num museu.[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O imóvel situa-se na zona histórica de Faro, conhecida como Vila Adentro, na porta 14 da Rua do Município, e anexo ao Paço Episcopal de Faro.[1] No seu interior encontra-se uma antiga tipografia, encerrando um valioso espólio em termos de equipamentos de impressão dos séculos XIX e XX, constituindo assim um testemunho das alterações tecnológicas pelas quais passou esta indústria.[3] Destaca-se também o seu conjunto de documentação, acervo que é considerado muito raro em território nacional.[3]

No número 16 da mesma rua, situa-se um outro museu também dedicado à imprensa algarvia, o Núcleo Histórico da Imprensa de Gutenberg e do Pentateuco de Faro.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Funcionamento[editar | editar código-fonte]

A Tipografia União foi fundada pela Diocese do Algarve, e começou a funcionar em 1909, utilizando inicialmente material de impressão ainda do século XIX, prática comum na época, uma vez que equipamentos usados eram menos dispendiosos, prevendo-se a sua substituição por material mais recente conforme a editora fosse ganhando solidez financeira.[3]

Ao longo da sua história mudou várias vezes de localização, tendo estado inicialmente situada no n.º 16 da Rua do Município, e na década de 1920 passou para o n.º 30 da Rua Tenente Valadim.[3] Só voltou à Rua do Município em 1965, desta vez no n.º 14.[3] Originalmente era utilizado na impressão do periódico Boletim do Algarve: Órgão Official da Diocese e Auxiliar do Ensino Religioso, tendo depois albergado a redacção do jornal da Diocese, a Folha de Domingo.[3] A oficina encerrou em 2013.[1]

Conversão num museu[editar | editar código-fonte]

O processo para a conversão da antiga tipografia num museu iniciou-se em Outubro de 2016, por iniciativa da Direcção Regional de Cultura do Algarve,[2] e em Julho de 2017 foi feita a primeira proposta neste sentido, no âmbito da apresentação de uma reprodução fac-similada de um Pentateuco, que foi o primeiro livro impresso em Faro e em território nacional, em 1487.[1] Em 11 de Dezembro de 2020, foi assinado um acordo entre a Diocese do Algarve, a Câmara Municipal de Faro e a Universidade do Algarve, para a conversão do imóvel num museu, de forma a assegurar a preservação e valorização do seu importante espólio, que era considerado de grande interesse do ponto de vista da história da imprensa.[5] Segundo a professora Alexandra Gonçalves, responsável pela coordenação do estudo da Universidade do Algarve para a formação do museu, «O que vamos fazer é o estudo que conduzirá à criação do Núcleo Museológico da antiga Tipografia União. Além da inventariação, vamos também fazer o levantamento e o estudo documental do que lá existe em torno da imprensa escrita e da história não só da Tipografia, mas também da cultura impressa no Algarve e em Faro».[1] Acrescentou que «A história daquele espaço conta a história de uma região e de vários períodos que demonstram que culturalmente o Algarve teve uma relevância que é muito desconhecida da maior parte da população. Depois da inventariação, é pensar em como é que as narrativas de maior significado vão ser contadas ao público. Vamos tentar tornar a proposta o mais inclusiva e multisensorial, indo também ao encontro das novas tendências de museologia de interatividade».[1] Sobre o espólio da antiga Tipografia União, afirmou que era composto por «máquinas tipográficas e prensas muito relevantes, com grande valor histórico e únicas. Mas também um acervo documental, tipos e toda uma base de maquinaria muito interessante».[1] O reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, explicou que o estudo lançado por aquela instituição não iria ser só «uma proposta de musealização, mas também de um acerto tipográfico pois Faro e o Algarve possuem histórias para contar», além um espaço de «mediação de opiniões e histórias, que não se estabelece apenas como um preservador de memórias, mas também como um promotor de novas ideias».[1] Acrescentou que «através da equipa multidisciplinar, que integra investigadores de vários centros, vai desenvolver um trabalho de estudo, de inventário, de levantamento documental e de investigação que culminará na proposta da criação do Museu. A equipa pretende ir mais longe e fazer um modelo inclusivo, intergeracional, multisensorial, que seja um ponto de encontro entre cultura, escrita e religiões e que perspetive o futuro da impressão, respondendo aos desafios globais», e afirmou que esta intervenção iria fazer parte de um programa maior para o aproveitamento do ponto de vista histórico e cultural dos vários edifícios no centro histórico de Faro, como o Seminário e o Museu Marítimo Ramalho Ortigão, que iria tornar aquela área «num núcleo de cultura e conhecimento que deve ser o nosso ex-libris».[1] O presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, considerou o futuro museu como «história farense, que merece ser preservado e que a sua história seja contada para que todos nos possamos também orgulhar daquilo que fizemos e daquilo que somos».[1] Já César Chantre, vigário geral da Diocese do Algarve, alertou para a situação do edifício, que se encontrava «em estado avançado de degradação», acrescentando que «Ou se toma conta imediatamente, ou então pode-se perder irreversivelmente aquele património muito rico em bens materiais, mas muitíssimo pobre em termos financeiros».[1]

Em Setembro de 2013, a autarquia anunciou que iria arrancar o processo para a instalação do Museu da Imprensa de Faro na antiga tipografia.[6] De acordo com um protocolo assinado com Diocese do Algarve, os direitos sobre o edifício iriam passar para a autarquia durante um período de 25 anos, durante os quais se comprometeria a «reabilitar o imóvel, com vista à instalação do Museu da Imprensa e à preservação de todo o acervo patrimonial a integrar na colecção».[6] Segundo o comunicado da Câmara Municipal, já tinha sido concluída a primeira fase dos estudos da Universidade do Algarve para a reconversão do edifício, que consistiu na «recolha e inventariação do espólio documental e industrial, com a identificação de medidas de conservação e de preservação necessárias e orçamentação, trabalhos que decorreram com o apoio do Museu Municipal de Faro e a sua equipa técnica, num esforço multidisciplinar entre Museu, Biblioteca e Urbanismo e UAlg».[6] Estes dados permitiram criar «um programa expositivo preliminar, com definição de conteúdos e sugestão de peças», tendo sido feita «uma proposta de espaços e funcionalidades, orçamentos e recursos».[6] Informou igualmente que já tinha arrancado a segunda fase, relativa à elaboração de um «estudo de criação do Núcleo Museológico do Mundo da Imprensa a Sul, nomeadamente a conceptualização do local, investigação sobre o espólio e definição de uma narrativa expositiva. [...] Nesse sentido, serão feitas entrevistas e questionários para identificar o público-alvo deste espaço, bem como a definição de uma proposta de experiência a proporcionar na visita.[6] Por seu turno, a autarquia já tinha iniciado o processo de «diagnóstico do estado do edifício e proposta de intervenção, inventário do espólio e organização da documentação da Folha de Domingo».[6]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k SIMIRIS, Maria (14 de Dezembro de 2020). «Museu da antiga Tipografia União de Faro será realidade». Barlavento. Consultado em 2 de Outubro de 2023 
  2. a b «Tipografia União será Museu de Imprensa em Faro». Barlavento. 20 de Julho de 2017. Consultado em 2 de Outubro de 2023 
  3. a b c d e f PALMA, Patrícia de Jesus (Outubro de 2019). «O mundo do impresso: História. Património. Musealização» (PDF). Pentateuco: comemoração dos 530 anos de livro impresso em Portugal (Faro: 1487-2017). Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar e Câmara Municipal de Faro. p. 93-97. ISBN 978-989-99270-7-0. Consultado em 2 de Outubro de 2023 
  4. PIRES, Bruno Filipe (8 de Novembro de 2018). «Faro já tem espaço para lembrar nascimento da imprensa em Portugal». Barlavento. Consultado em 1 de Novembro de 2023 
  5. «Município de Faro cria Núcleo Museológico dedicado à Tipografia União». PPorto dos Museus. 10 de Dezembro de 2020. Consultado em 2 de Outubro de 2023 
  6. a b c d e f Agência Lusa (19 de Setembro de 2023). «Museu da Imprensa de Faro vai ser instalado no antigo espaço da Tipografia União». Público. Consultado em 2 de Outubro de 2023 


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