Tiquira

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Casa das Tulhas, um mercado no Centro Histórico de São Luís, com garrafas de tiquira, que se destaca pela cor roxa.

A tiquira é uma bebida alcoólica artesanal típica de alguns estados do nordeste brasileiro (Maranhão, Piauí[1] e Ceará). De forte teor alcoólico e geralmente de cor roxa, é obtida através da destilação artesanal da mandioca fermentada (não industrializada), sendo encontrada comumente nos mercados de produtos regionais.

História[editar | editar código-fonte]

O origem da tiquira está ligada a métodos indígenas locais de produção de bebidas alcoólicas fermentadas a partir da mandioca. No entanto, a tiquira é uma bebida destilada, e as técnicas de destilação chegaram às Américas somente com os europeus. Assim, ela representa um encontro desses dois saberes. Os primeiros registros históricos da tiquira aparecem em 1855, em documentação fiscal da então chamada "Província do Maranhão". [2]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Tiquira" é proveniente do tupi antigo tykytykyr (ou tukutukur), que significa "destilar".[3]

Produção[editar | editar código-fonte]

Primeiro, é necessário lavar, ralar e prensar a mandioca. Esse processo garante a retirada do veneno (íon cianeto) da matéria prima. Resultando em uma massa, que deve ser desfeita à mão, dando origem a uma grossa farofa. Em seguida, espalhá-la sobre uma superfície quente, até formar uma pasta de aproximadamente trinta centímetros de diâmetro, que deverá ser assado até se tornar beiju.

Quando o beijus resfriarem, são expostos à sombra para ocorrer a proliferação espontânea dos esporos e dos fungos do ambiente durante três ou quatro dias até se formar uma flora de micélios de cor rosada.

O processo leva de doze a catorze dias, quando se diminui o teor de umidade dessas massas e os micélios da superfície chegam ao interior dos beijus, contaminando e sacrificando a massa e desdobrando todo o amido.

É necessário um recipiente que deve ter, em média, duzentos litros de capacidade para se adicionar a pasta e, depois, cobrir com água. Após um dia, virará uma massa desfeita e xaroposa que deve ser mexida e agitada para se uniformizar e arejar o mosto, que, deixado exposto, completará sua fermentação alcoólica em dois dias.

Com o fim da fermentação, o mosto é destilado em alambiques de barro ou de cobre. Em cada operação, serão produzidos de quinze a vinte litros de tiquira, rendendo cerca de cem litros no total. Finalmente, a tiquira é cozida com folhas de tangerina e adquire a sua tradicional cor roxa, que serve para distingui-la da cachaça.[4]

Leituras adicionais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «:: Piauí.com.br ::». www.piaui.com.br. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  2. VENÂNCIO, Renato Pinto; CARNEIRO, Henrique (2005). Álcool e Drogas na História do Brasil. São Paulo: PUC Minas. p. 217. ISBN 85-86480-47-9 
  3. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 486.
  4. «Tiquira. Bebida pra macho » Papo de Bar». Papo de Bar. 25 de novembro de 2009. Consultado em 8 de janeiro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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