Tony Rabatoni

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Antônio Rabatoni Martins, de nome profissional Tony Rabatoni (Pirangi, 12 de março de 1927 - Porto Alegre, 29 de março de 1995) foi um cineasta brasileiro, mais conhecido por seu trabalho como diretor de fotografia.

Biografia [1][editar | editar código-fonte]

Vivendo na capital paulista desde 1948, fez um curso de cinema no CEC (Centro de Estudos Cinematográficos) e, através do amigo Agostinho Martins Pereira, começou a trabalhar na produtora Vera Cruz em 1950. Foi segundo assistente de direção em "Ângela" e "Nadando em dinheiro". Mais interessado pela área da fotografia, passou a acompanhar o trabalho dos fotógrafos do estúdio, como Chick Fowle, Bob Hucke e Ray Sturgess, todos com formação no cinema inglês, e com eles ganhou o apelido de Tony. [2]

Saindo da Vera Cruz, fez sua primeira direção de fotografia em "Queridinha do meu bairro" (1954), de Felipe Ricci, pelo pequeno Estúdio Pinto Filho, no bairro Ipiranga. Entre 1955 e 56 passou um ano nos Estados Unidos, onde fez um curso de fotografia para cinema e estagiou na Rockett Pictures.

De volta ao Brasil, e às pequenas produtoras do Bairro Ipiranga, fez direção de fotografia de filmes como "Dorinha no soçaite" (1957) de Geraldo Vietri e "Cidade Ameaçada" (1960) de Roberto Farias, além de "A morte comanda o cangaço" (1960) de Carlos Coimbra, primeiro de uma série de filmes de cangaço que teriam a sua assinatura. [3]

Em 1960 radicou-se no Rio de Janeiro, passando a ser um dos fotógrafos mais requisitados na primeira fase do Cinema Novo, sendo responsável pelas imagens do longa de estreia de Glauber Rocha, "Barravento" (1962) e do primeiro filme de Ruy Guerra, "Os Cafajestes" (1962). Mas, apesar dos prêmios e elogios ao "uso criativo do preto e branco" em "Os cafajestes" [4] - vencedor dos prêmios Saci e Governador do Estado como "melhor fotografia de filme brasileiro de 1962" -, pesou mais a polêmica com Glauber em torno da busca de uma estética própria para fotografar o sertão nordestino em "Barravento". A partir daí, os cineastas do Cinema Novo passaram a buscar fotógrafos menos influenciados pela "estética clássica europeia", como Waldemar Lima, Luiz Carlos Barreto e Dib Lutfi. [5]

Ainda nos anos 1960, Tony Rabatoni voltou a São Paulo para fotografar filmes sobre cangaço da Cinedistri e participar da coprodução internacional "Quero morrer no carnaval" (1962), do diretor mexicano Fernando Cortés, sua primeira fotografia a cores. [6] Além de fotografar, acabou assinando a codireção do drama "Vidas estranhas" (1964) com o ator e produtor Itamar Borges.

Na década de 1970, alternou trabalhos entre São Paulo e Rio, ora fotografando dramas eróticos da Boca do Lixo paulista, ora comédias do ciclo da pornochanchada carioca. Nesta época, chegou a assumir a direção de alguns filmes eróticos, além de fotografar três filmes de Teixeirinha. Nos anos 1980, mudou-se para Porto Alegre, onde fotografou alguns curtas e muitos comerciais para empresas de publicidade.

Em 1991, juntamente com Milton Barragan, escreveu o argumento da comédia musical "Gaúcho Negro", de Jessel Buss. Morreu em 1995, em Porto Alegre, de complicações decorrentes da AIDS.

Filmografia [7][editar | editar código-fonte]

Como diretor[editar | editar código-fonte]

  • 1984: "A doutora é boa paca"
  • 1983: "Põe devagar... bem devagarinho"
  • 1982: "O vale dos amantes"
  • 1965: "O primeiro salto" (documentário)
  • 1964: "Vidas estranhas" (co-dir. Itamar Borges)

Como diretor de fotografia [8][editar | editar código-fonte]

  • 1990: "Causos" (curta-metragem), dir. Francisco Lima
  • 1990: "Chama crioula" (curta-metragem), dir. Mario Luis dos Santos
  • 1989: "Signos" (curta-metragem), dir. Luis Cabreira
  • 1988: "532" (curta-metragem), dir. Aníbal Damasceno Ferreira e Enio Staub
  • 1984: "A doutora é boa pacas", dir. Tony Rabatoni e Pio Zamuner
  • 1984: "Shock: diversão diabólica", dir. Jair Correia
  • 1983: "Põe devagar... bem devagarinho", dir. Tony Rabatoni
  • 1982: "Retrato falado de uma mulher sem pudor", dir. Jair Correia e Hélio Porto
  • 1982: "O Vale dos amantes", dir. Tony Rabatoni
  • 1981: "Duas estranhas mulheres", dir. Jair Correia
  • 1979: "Tropeiro velho", dir. Milton Barragan
  • 1978: "Gaúcho de Passo Fundo", dir. Pereira Dias
  • 1977: "Presídio de mulheres violentadas", dir. Luiz Castellini e Antonio Polo Galante
  • 1977: "Na trilha da justiça", dir. Milton Barragan
  • 1974: "Ainda agarro essa vizinha", dir. Pedro Carlos Rovai
  • 1974: "As alegres vigaristas", dir. Carlos Alberto de Souza Barros
  • 1974: "Uma tarde, outra tarde", dir. William Cobbett
  • 1973: "Iniciação musical na reforma do ensino" (documentário), dir. Adhemar Gonzaga
  • 1973: "O libertino", dir. Victor Lima
  • 1968: "As três mulheres de Casanova", dir. Victor Lima
  • 1968: "Vidas estranhas", dir. Tony Rabatoni e Itamar Borges
  • 1967: "Cangaceiros de Lampião", dir. Carlos Coimbra
  • 1967: "O anjo assassino", dir. Dionísio Azevedo
  • 1965: "Lampião, o rei do cangaço", dir. Carlos Coimbra
  • 1965: "O monumento" (documentário), dir. Jurandyr Noronha
  • 1964: "O trabalho nas cidades" (documentário), dir. Carlos Alberto de Souza Barros
  • 1964: "Asfalto selvagem", dir. J. B. Tanko
  • 1963: "Os vencidos", dir. Glauro Couto
  • 1962: "Barravento", dir. Glauber Rocha
  • 1962: "Quero morrer no carnaval", dir. Fernando Cortés
  • 1962: "Os cafajestes", dir. Ruy Guerra
  • 1961: "A morte comanda o cangaço", dir. Carlos Coimbra
  • 1960: "Cidade ameaçada", dir. Roberto Farias
  • 1960: "Brasil maravilhoso" (documentário), dir. José Pinto Filho [9]
  • 1957: "Dorinha no soçaite", dir. Geraldo Vietri
  • 1957: "Um marido barra-limpa", dir. Luís Sérgio Person
  • 1955: "A um passo da glória", dir. José Pinto Filho
  • 1955: "Aì vem o General", dir. Alberto Attili [10]
  • 1954: "Queridinha do meu bairro", dir. Felipe Ricci

Referências

  1. Principais dados biográficos retirados de: RAMOS, Fernão e MIRANDA, Luiz Felipe (org.): "Enciclopédia do cinema brasileiro", ed. SENAC, São Paulo, 2000, p. 446-447
  2. MIRANDA, Luiz Felipe: "Dicionário de cineastas brasileiros", Art Editora, São Paulo, 1990, p. 268
  3. CAETANO, Maria do Rosário (org.): "Cangaço, o nordestern no cinema brasileiro", editora Avathar, São Paulo, 2005
  4. «"Imaginar a cidade real: o cinema novo e a representação da modernidade urbana carioca", tese de doutorado de Carlos Eduardo Pinto de Pinto, UFF, Nitrói, 2013, p. 247» (PDF). Consultado em 3 de março de 2014 
  5. «Artigo de Hamilton Oliveira para o 'Caderno de cinema', setembro de 2012». Consultado em 3 de março de 2014 
  6. «Foto de "Quero morrer no carnaval" no Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Braisleira». Consultado em 3 de março de 2014 
  7. «Página sobre Tony Rabatoni no IMDb». Consultado em 3 de março de 2014 
  8. «Página sobre Tony Rabatoni no "Complete Index to World Film"». Consultado em 3 de março de 2014 
  9. SILVA NETO, Antônio Leão da: "Dicionário de filmes brasileiros", Futuro Mundo Gráfica e Editora, São Paulo, 2002, p. 131
  10. SILVA NETO, Antônio Leão da: "Dicionário de filmes brasileiros", Futuro Mundo Gráfica e Editora, São Paulo, 2002, pp. 32-33