Universidade na França

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Uma universidade é uma instituição cujo objetivo é a produção do conhecimento (pesquisa), sua conservação, sua valorização e sua transmissão em várias áreas do conhecimento.

Na França, a primeira universidade foi criada em Paris em 1200. Rejeitadas durante a Revolução e restauradas nos anos seguintes, em 2011, havia 80 universidades francesas.

São instituições públicas, administradas de forma democráticas, e beneficiando certa autonomia. Os ensinos são acessíveis a todas pessoas titulares do baccalauréat. Os estudos universitários clássicos resultam na licence, após três anos de estudo, no master, dois anos após a licence e no doutorado, três anos após o master. Outras áreas do ensino formam profissionais da saúde, do ensino, do direito, engenheiros. Há cerca de 1,5 milhões de estudantes universitários na França, representantdo quase a metade dos estudantes no país.

Os professores-pesquisadores (em Francês enseignants-chercheurs) dão aulas e desenvolvem atividades de pesquisa. Os laboratórios das universidades são frequentemente compartilhados com organismos de pesquisa franceses.

Uma particularidade francesa é possuir outras instituições de ensino superior, como as "Escolas" do ensino superior, além de organismos de pesquisa como o CNRS. Entre 2006 e 2013, com o intuito de melhorar a classificação internacional de suas universidades, criou-se os Polos de pesquisa e de ensino superior,[1] geralmente possuindo o nome de "universidade".

História[editar | editar código-fonte]

As primeiras universidades francesas foram criadas na Idade Média, sendo que a data tradicional da criação da Universidade de Paris é 1200, seguida pela criação da Universidade de Toulouse em 1229.

Em 1789, a França possuía 22 universidades, que foram abolidas pela Convenção Nacional em setembro de 1793.

Napoleão criou em 1808 a Universidade Imperial. Ela englobava todo o sistema de ensino francês na época. O ensino superior se dava através de faculdades: teologia, direito, medicina, ciências e letras.[2] Elas eram muito independentes umas das outras e apenas entregavam graus.[3] Durante a Restauração francesa, certo número de faculdades foram fechadas e a Universidade Imperial torna-se a Universidade Real.[3]

A lei Wallon de 1875 e em seguida modificada em 1880 permitia a existência de instituições privadas do ensino superior, porém proibia essas instituições de utilizar o termo "universidade", "baccalauréat", licence, entre outros.

As universidades foram recriadas em 1896, mas seus domínios de atuação eram limitados, diferentemente das faculdades.[4]

Após as manifestações de Maio de 1968, o estatuto e a organização das universidades foram fortemente modificadas pela lei Faure:[5] as faculdades foram abolidas, e as universidades seriam governadas de forma democrática por todos atores participantes. Observa-se entretanto a criação de várias universidades nas grandes cidades.[6]

Em seguida, a lei Savary[7] permitiu o aumento do número de instâncias de decisão.[8] Instituições tecnológicas foram criadas e a contratualização aparece em 1989.[9]

Várias reformas apareceram nos últimos anos: entre 2003 e 2006, as universidades reformaram seus cursos (Reforma LMD). De 2006 a 2012, elas se comprometeram a constituir polos de pesquisa e do ensino superior (PRES). A lei LRU[10] de 2007 modificou o estatuto das universidades. Desde 2008, estas se sujeitam às "amplas competências", em que as universidades passam a ser autônomas em termos de orçamento e administração do pessoal.[11]

Missões[editar | editar código-fonte]

As universidades participam no ensino superior público, tendo seis missões definidas pela lei:[12]

  1. Formação inicial e contínua;
  2. Pesquisa científica e técnica, além da difusão e valorização de seus resultados;
  3. Orientação e inserção profissional;
  4. Difusão da cultura humanista e da cultura científica e técnica;
  5. Participação na construção do Espaço europeu do ensino superior e da pesquisa;
  6. Cooperação internacional.

Comparações internacionais[editar | editar código-fonte]

Vários rankings internacionais de universidades começaram a aparecer em resposta ao novo fenômeno da mundialização dos estudos. Os rankings internacionais são geralemente bem severos com o sistema universitário francês, e como resposta, as universidades francesas não hesitam denunciar o modo de criação desses rankings.[13]. Na classificação feita pela universidade Jiao Tong de Shanghai em 2010, as primeiras universidades francesas são a Université Pierre-et-Marie-Curie em 39ª colocação, seguida pela Université Paris-Sud em 45ª. A Escola Normal Superior de Paris está em 71ª. Outras aparecem na classificação por disciplinas. Nota-se entretanto que, como as outras universidades européias, mesmo que estejam ausentes das primeiras colocações, elas aparecem em número na classificação global e, em média, a França se encontrava na sexta posição em 2009.[14]

Um estudo do Banco Mundial em 2009, tendo portanto como referência implícita as universidades anglo-saxônicas, atribui o relativo baixo nível das universidades francesas à ausência de seleção; além disso, estima-se que a fragmentação em várias numerosas pequenas universidades é nefasta e fala-se de gastos excessivos com recursos humanos e financeiros; outro ponto citado é a divisão entre universidades e grande écoles, pois a maior parte dos doutorandos não são os melhores alunos, dado que as grande écoles são instituições de elite que formam funcionários de alta hierarquia, mas fazem pouca pesquisa.[15] Diferentemente do sistema anglo-saxônico, o sistema francês de pesquisa é baseado em grandes organismos como o CNRS, INSERM, CEA, INRIA, entre outros, e não nas universidades.

Referências

  1. Comité d'initiative et de propositions (CIP) et ses invités permanents. «Rapport des Etats Généraux de la recherche» (PDF). Consultado em 8 de setembro de 2013  (em francês)
  2. Liard 1890, p. 6
  3. a b Liard 1890, p. 7
  4. Aghion 2004, p. 69
  5. «Loi n° 68-978 du 12 novembre 1968». Consultado em 6 de outubro de 2013. Arquivado do original em 19 de outubro de 2013  (em francês)
  6. Aghion 2004, p. 70
  7. «LOI nº 84-52 du 26 janvier 1984 sur l'enseignement supérieur» 
  8. Aghion 2004, p. 71
  9. Aghion 2004, p. 76
  10. «LOI n° 2007-1199 du 10 août 2007 relative aux libertés et responsabilités des universités»  (em francês)
  11. «90 % des universités en gestion autonome». Consultado em 6 de outubro de 2013  (em francês)
  12. «Code de l'éducation - Article L123-3». Consultado em 6 de outubro de 2013  (em francês)
  13. «Revue d'histoire moderne et contemporaine supplément 2008-4bis»  (em francês)
  14. «Le classement de Shanghai des universités mondiales». Consultado em 6 de outubro de 2013  (em francês)
  15. «Les facs françaises mal notées par la Banque mondiale». Consultado em 6 de outubro de 2013  (em francês)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Liard, Louis (1890). Universités et facultés (em francês). [S.l.]: Armand Colin et Cie. 259 páginas 
  • Aghion, Philippe; Élie Cohen (2004). Éducation et croissance (em francês). [S.l.]: La Documentation française. 144 páginas. ISBN 2-11-05533-2 Verifique |isbn= (ajuda)