Urso-pardo-do-Himalaia

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Urso-pardo-do-Himalaia
Urso-pardo-do-Himalaia
CITES Appendix II (CITES)[1]
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Ursidae
Gênero: Ursus
Espécies:
Subespécies:
U. a. isabellinus
Nome trinomial
Ursus arctos isabellinus
Horsfield, 1826
Distribuição do urso-pardo-do-himalaia

O urso-pardo-do-Himalaia (Ursus arctos isabellinus), também conhecido como urso-vermelho-do-Himalaia, urso-isabelino ou Dzu-Teh, é uma subespécie de urso-pardo encontrada no norte do Afeganistão, do Paquistão e da Índia, e no oeste da China e do Nepal. É o maior mamífero da região, e os machos atingem até 2,2 metros de comprimento, enquanto as fêmeas são um pouco menores. Esses ursos são onívoros e hibernam em uma toca durante o inverno. Enquanto o urso-pardo, como espécie, é classificado como pouco preocupante pela IUCN, essa subespécie encontra-se em perigo de extinção e suas populações estão diminuindo.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os ursos-pardos-do-himalaia exibem dimorfismo sexual. Os machos variam de 1,5 m a 2,2 m de comprimento, enquanto as fêmeas têm de 1,37 m a 1,83 m de comprimento. Eles são os maiores animais do Himalaia e geralmente têm cor castanho-clara ou castanho-avermelhada.

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Os ursos são encontrados no Nepal, Tibete, oeste da China, norte da Índia, norte do Paquistão e sudeste do Cazaquistão. Já se especula que eles tenham sido extintos no Butão. Análises filogenéticas mostraram que grupos de ursos-de-Gobi e o urso marrom do Himalaia e podem representar uma população relíquia dessa subespécie.[2]

Filogenética e evolução[editar | editar código-fonte]

O urso-pardo-do-himalaia consiste em um único clado que é o grupo irmão de todos os outros ursos-pardos (e ursos polares). A datação do evento de ramificação, estimada em 658.000 anos atrás, corresponde ao período de um episódio de glaciação do Pleistoceno Médio no planalto tibetano, sugerindo que durante a glaciação de Nyanyaxungla, a linhagem que daria origem ao urso-pardo-do-Himalaia ficou isolada em um refúgio distinto, levando à sua divergência.[2]

Comportamento e ecologia[editar | editar código-fonte]

Os ursos entram em hibernação por volta de outubro e acordam durante os meses de abril e maio. A hibernação geralmente ocorre em uma toca ou caverna feita pelo próprio urso.

Urso-pardo-do-Himalaia com filhotes no caminho de Gangotri a Gaumukh, em Uttarakhand, Índia.

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Os ursos-pardos-do-Himalaia são onívoros e comem gramíneas, raízes e outras plantas, além de insetos e pequenos mamíferos; eles também gostam de frutas e bagas. Eles também caçam grandes mamíferos, incluindo ovelhas e cabras. Os adultos comem antes do nascer do sol e durante a tarde.

Status e conservação[editar | editar código-fonte]

O comércio internacional é proibido pela Lei de Proteção da Vida Selvagem na Índia.[carece de fontes?] A Fundação Leopardo das Neves (SLF, da sigla em inglês de Snow Leopard Foundation), no Paquistão, realiza pesquisas sobre o status atual dos ursos-pardos-do-Himalaia na Faixa Pamir, em Gilgit-Baltistão, um habitat promissor para os ursos e um corredor da vida selvagem que conecta populações de ursos do Paquistão à Ásia central. O projeto também pretende investigar os conflitos que os seres humanos têm com os ursos, além de promover a tolerância aos ursos na região por meio da educação ambiental. A SLF recebeu financiamento do Prince Bernhard Nature Fund e Alertis.[3] Ao contrário de outras subespécies de urso pardo, encontradas em bons números,[4] o urso-pardo-do-Himalaia está criticamente ameaçado. Eles são caçados por peles e garras para fins ornamentais e órgãos internos para uso em medicamentos. Também são mortos por pastores para proteger seus animais e seu habitat é destruído pela invasão humana. Em Himachal, seu habitat são os santuários da vida selvagem Kugti e Tundah e a região tribal de Chamba. Sua população estimada é de apenas 20 em Kugti e 15 em Tundah. A árvore com a flor do estado de Himachal, buransh, é o ponto de encontro favorito do urso. Devido ao alto valor da árvore, ela está sendo cortada comercialmente, causando mais destruição ao habitat do urso-pardo.[5] O urso-pardo-do-Himalaia é uma espécie criticamente ameaçada em parte de sua faixa, com uma população de apenas 150 a 200 indivíduos no Paquistão. As populações no Paquistão são de reprodução lenta, pequenas e em declínio devido à perda de habitat, fragmentação, caça furtiva e rinhas de urso. Na Índia, os ursos pardos existem em 23 áreas protegidas nos estados do norte de Jammu e Caxemira, Himachal Pradesh e Uttaranchal, mas são consideradas razoavelmente comuns em apenas duas delas; em todo o país, provavelmente há menos de mil indivíduos e, possivelmente, metade disso.[4]

Associação com o Iéti[editar | editar código-fonte]

Crânio

"Dzu-Teh" é um termo nepalês que também tem sido associado com a lenda do Iéti, ou Abominável Homem das Neves, com o qual o urso-pardo-do-Himalaia tem sido por vezes confundido. Durante a Expedição Abominável Homem das Neves, do jornal britânico Daily Mail, de 1954, Tom Stobart encontrou um "Dzu-Teh". Isso é relatado por Ralph Izzard, correspondente do Daily Mail na expedição, em seu livro The Abominable Snowman Adventure (em português, A Aventura do Abominável Homem das Neves).[6] O relatório também foi impresso nos despachos da expedição do Daily Mail em 7 de maio de 1954. O criptozoólogo George Eberhart diz que o problema é o resultado da fusão do "Dzu-Teh" com uma criatura diferente, conhecida como "Dre-Mo", e essa definitivamente é um urso.[7] Uma análise de 2017 do DNA de um animal mumificado que supostamente representava um Iéti mostrou se tratar, na realidade, de um urso-pardo-do-Himalaia.[2]

Referências

  1. «CITES Appendices I, II and III» (PDF). CITES. 2023. Consultado em 16 de maio de 2023 
  2. a b c Lan T., Gill S., Bellemain E., Bischof R., Zawaz M.A., Lindqvist C. (2017). «Evolutionary history of enigmatic bears in the Tibetan Plateau–Himalaya region and the identity of the yeti». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 284. PMC 5740279Acessível livremente. PMID 29187630. doi:10.1098/rspb.2017.1804 
  3. «Alertis Secures Grant». Bears In Mind 
  4. a b McLellan, B.N.; Proctor, M.F.; Huber, D. & Michel, S. (2017). "Ursus arctos". The IUCN Red List of Threatened Species. IUCN. 2017: e.T41688A121229971. doi:10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T41688A121229971.en.
  5. «Missing snowman». The Hindu (em inglês). ISSN 0971-751X 
  6. Ralph Izzard. (1955). «The Abominable Snowman Adventure». Hodder and Staoughton 
  7. Eberhart, George M. (2002). Mysterious Creatures: A Guide to Cryptozoology. ABC-CLIO (em inglês). [S.l.: s.n.] pp. 148–152. ISBN 9781576072837 

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • "Status and Affinities of the Bears of Northeastern Asia", by Ernst Schwarz Journal of Mammalogy 1940 American Society of Mammalogists.
  • Ogonev, S.I. 1932, "The mammals of eastern Europe and northern Asia", vol. 2, pp. 11–118. Moscow.
  • Pocock R.I, "The Black and Brown Bears of Europe and Asia" Part 1. Journal of the Bombay Natural History Society., vol. 35, no. 4, pp. 772–823, figs 1-11. July 15, 1932.
  • Ursus arctos, by Maria Pasitschniak, Published 23 April 1993 by "The American Society of Mammalogists"
  • John A. Jackson, "More than Mountains", Chapter 10 (pp 92) & 11, "Prelude to the Snowman Expedition & The Snowman Expedition", George Harrap & Co, 1954
  • Charles Stonor, "The Sherpa and the Snowman", recounts the 1955 Daily Mail "Abominable Snowman Expedition" by the scientific officer of the expedition, this is a very detailed analysis of not just the "Snowman" but the flora and fauna of the Himalaya and its people. Hollis and Carter, 1955.
  • John A. Jackson, "Adventure Travels in the Himalaya" Chapter 17, "Everest and the Elusive Snowman", 1954 updated material, Indus Publishing Company, 2005.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]