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Predefinição:Preservação digital


Preservação digital é o conjunto de atividades ou processos responsáveis por garantir o acesso continuo a longo-prazo à informação e a todo patrimônio cultural existente em formatos digitais. A preservação digital consiste na capacidade de garantir que a informação digital permaneça acessível e com qualidades de autenticidade suficientes para que possa ser interpretada no futuro ao se recorrer a uma plataforma tecnológica diferente da utilizada no momento da sua criação.[1]


Contexto e importância[editar | editar código-fonte]

A necessidade de preservação da cultura é um preocupação que remete até mesmo a oralidade. Walter Ong mostra em seu livro Oralidade e cultura escrita: a tecnologização da palavra, que na oralidade primária haviam milhares de linguagens faladas e muitas se perderam, por não serem registradas e não produzirem literatura, dentre 3 mil línguas faladas apenas cerca de 78 tinha literatura.

Desde a Antiguidade e Idade Moderna as bibliotecas, arquivos e os museus se estabeleceram como lugares de memória. E exercem a função de preservação da cultura escrita através da preservação do suporte que se inicia com o papiro e pergaminho até o livro impresso através da prensa de tipo móveis surgida no Século XV com a invenção atribuída a Johannes Gutenberg.

O contexto de produção de informações e comunicação científica se manteve basicamente o mesmo até a utilização dos meios digitais e da Web para produção, armazenamento, disponibilização e acesso à informação e ao conhecimento no Século XXI. A informação digital tem alcançado patamares muito elevados desde o surgimento da Internet, e reforça a importância da preservação digital já que o universo digital traduz o estado de desenvolvimento científico, tecnológico e cultural da humanidade atualmente. Corroborando com esse ponto de vista Walter Ong afirma que não podemos viver sem a cultura escrita pois ela recupera a memória do homem e desta maneira ele pode atingir certa potencialidade e ser criativo, e por consequência a ciência, história, filosofia e tecnologia se desenvolvem. Portanto, são necessárias atividades práticas e constantes para evitar o risco de perdas de informações no mundo digital e os gastos na tentativa de recuperá-los.

Surge, então, o conceito de ciberespaço como o novo local onde são criadas, usadas e armazenadas as informações. Lévy (1999, p. 93) já afirmava no fim do século XX que o ciberespaço serio “o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do início do próximo século”[2] e, por isso, deve-se, também, poder garantir a permanência dos conteúdos relevantes criados para as futuras gerações. Para tanto é necessário a a adoção de requisitos que determinem quais informações devem ser preservadas e quais e como as instituições responsáveis devem realizar essa tarefa. A preocupação com a preservação digital é fundamental para as perspectivas futuras da sociedade, das pessoas e das instituições.

É recorrente o uso de bibliotecas digitais e repositórios digitais para realização de tarefa de preservação do conhecimento em meio digital, como pode ser visto na literatura da área de Ciência da Informação.[3][4] Pessoas e instituições ao adotar práticas e políticas efetivas de preservação digital buscam evitar uma “amnésia digital” coletiva da produção intelectual, pois


Desafios[editar | editar código-fonte]

A preservação digital envolve desafios técnicos e políticos de longo prazo para as instituições que se propõem a realizar atividades de preservação digital dos materiais que criam e armazenam (como arquivos, bibliotecas, museus, editoras, instituições governamentais e etc). Entre os principais desafios técnicos estão aqueles decorrentes da dependência do aparato tecnológico (hardware, software, mídias e formatos digitais) utilizado para criar e utilizar os documentos digitais. Existe a inerente fragilidade e rápida degradação física sofrida por esses materiais, além do progressivo aumento da obsolescência dos suportes, sistemas, mídias e formatos, que se devem principalmente pela alta competitividade característica do mercado dos produtos e serviços da tecnologia da informação. Tornando os ciclos de renovação tecnológica cada vez menores e a consequente necessidade de desenvolvimento e aplicação de estratégias de preservação digital.

Desafios políticos envolvem questões relacionadas a aquisição e alocação de recursos, estabelecimento de parcerias para compartilhamento de experiências e equipamentos entre instituições, e adoção de soluções de natureza interdisciplinar, envolvendo, além dos profissionais de informação (bibliotecários, arquivistas e museólogos), profissionais e pesquisadores das áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Direito, História, e etc.

Outro grande desafio da preservação digital é a garantia da autenticidade do documento. Segundo Walter Benjamin até na melhor reprodução, um elemento fica ausente que é a existência única da obra. Não é através da reprodução que se desdobra a história, e sim, pela obras primas pois só através delas podem se fazer análises químicas ou físicas, irrealizáveis na reprodução. "Os vestígios das segundas são o objeto de uma tradição, cuja reconstituição precisa partir do lugar em que se achava original."[6]


Requisitos mínimos para a preservação de documentos digitais[editar | editar código-fonte]

Os métodos de preservação digital devem se preocupar, basicamente, com a preservação física, lógica e intelectual dos objetos digitais. A preservação física relaciona-se com a manutenção das mídias e transferência ou rejuvenescimento das mesmas, caso necessário. A preservação lógica preocupa-se com os formatos, sua interpretação por hardwares e softwares e a necessidade de atualização para a continuidade da leitura e interpretação da cadeia de bits. E a preservação intelectual refere-se ao conteúdo intelectual e as mecanismos que assegurem a integridade e autenticidade.

Desta forma, autores como Arellano (2004)[7] e Thomaz e Soares (2004)[8] citam Bullock (1999) como responsável por enumerar um conjunto de requisitos mínimos para a preservação de documentos digitais, ou seja, os elementos indispensáveis que devem ser pensados e mantidos em um documento digital. São eles:

  • fixar os limites do objeto a ser preservado;
  • preservar a presença física;
  • preservar o conteúdo;
  • preservar a apresentação;
  • preservar a funcionalidade;
  • preservar a autenticidade;
  • localizar e rastrear o objeto digital;
  • preservar a proveniência;
  • preservar o contexto.


Estratégias[editar | editar código-fonte]

As estratégias podem ser divididas em estruturais e operacionais. As estruturais relacionam-se às ações de planejamento, implementação e investimentos incluídos no processo de preservação adotados por uma instituição que pretenda se envolver na questão da preservação digital. E as operacionais são as atividades práticas realizadas com esse intuito.


Estratégias estruturais[editar | editar código-fonte]

São estratégias estruturais:

  • adoção de padrões;
  • elaboração de normas e manuais;
  • metadados de preservação digital;
  • montagem de infra-estrutura;
  • formação de consórcios e parcerias.


Estratégias operacionais[editar | editar código-fonte]

E as estratégias operacionais são:

  • migração;
  • emulação;
  • conservação da tecnologia.
  • encapsulamento


Modelos e projetos internacionais de preservação digital[editar | editar código-fonte]

Existem diversas iniciativas que visam formular modelos, assim como projetos que buscam oferecer subsídios para ações práticas de preservação. Alguns dos principais são:


Open Archival Information System (OAIS)[editar | editar código-fonte]

O OAIS é um modelo para repositórios de metadados de preservação publicado pelo Consultive Committee for Space Data Systems (CCSDS) em 2003. Também é uma iniciativa ISO (International Organization for Standardization), que desde junho 2003 define um alto nível de modelo de referência para arquivos que precisem de uma preservação de longo prazo (ARELLANO, 2004).[9] E pode ser definido como um “esquema conceitual que disciplina e orienta um sistema para a preservação e manutenção do acesso à informação digital por longo prazo” (THOMAS; SOARES, 2004).[10] O OAIS possui um caráter genérico e que pode ser aplicado em diversos tipos de ambientes e documentos.


Projeto InterPARES[editar | editar código-fonte]

Projeto InterPARES (International Research on Permanent Authentic Records in Electronic Systems), sediado na Universidade de British Columbia, no Canadá, e coordenado pela pesquisadora Luciana Duranti. O Projeto busca desenvolver conhecimento teórico-metodológico essencial para a preservação de longo prazo de documentos digitais e foi dividido em três etapas.[11] O Projeto InterPARES 1 (1999-2001) teve como objetivo identificar requisitos conceituais para avaliar e manter a autenticidade dos documentos digitais "tradicionais" produzidos no curso das atividades administrativas e legais. O Projeto InterPARES 2 (2002-2006) teve por foco os documentos arquivísticos digitais gerados no contexto de atividades artísticas, científicas e governamentais, em sistemas experimentais, interativos e dinâmicos. E o InterPARES 3 (2007-2012) visa capacitar programas e organizações responsáveis pela produção e manutenção de documentos arquivísticos digitais a desenvolver estratégias de preservação e acesso de longo prazo a esses documentos. E terá como base o conhecimento teórico-metodológico desenvolvido nas duas primeiras fases do Projeto. No Brasil a instituição escolhida para receber a capacitação para a preservação de documentos digitais foi o Arquivo Nacional.

Referências

  1. FERREIRA, Miguel. Introdução à preservação digital: conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. p. 20. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/5820/1/livro.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2013
  2. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
  3. MÁRDERO ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, mai./ago. 2004. Disponível em:<http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/305>. Acesso em: 27 jan. 2013.
  4. ARELLANO, Miguel A. M.; ANDRADE, Ricardo Sodré. Preservação digital e os profissionais da informação. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, v.7, n.5, out. 2006.Disponível em:<http://www.dgz.org.br/out06/Art_05.htm>. Acesso em: 27 jan. 2013.
  5. TAMMARO, Anna Maria; SALARELLI, Alberto. A biblioteca digital. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2008. p.195
  6. BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e historia da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1985. 253p. (Obras escolhidas; v.1)
  7. MÁRDERO ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, mai./ago. 2004. p. 18. Disponível em:<http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/305>. Acesso em: 27 jan. 2013.
  8. THOMAZ, Katia P.; SOARES, Antonio José. A preservação digital e o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS). DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, v.5, n.1, fev. 2004.Disponível em:<http://www.dgz.org.br/fev04/F_I_aut.htm>. Acesso em: 28 jan. 2013.
  9. MÁRDERO ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, mai./ago. 2004. p. 18. Disponível em:<http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/305>. Acesso em: 27 jan. 2013.
  10. THOMAZ, Katia P.; SOARES, Antonio José. A preservação digital e o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS). DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, v.5, n.1, fev. 2004.Disponível em:<http://www.dgz.org.br/fev04/F_I_aut.htm>. Acesso em: 28 jan. 2013.
  11. http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=328&sid=42