Usuário(a):Alane Paula Peixoto Pannain/Testes

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Animais Peçonhentos[editar | editar código-fonte]

São animais que possuem glândula especializada de veneno. Por meio de um mecanismos de sobrevivência, defesa e caça, esses animais injetam substância tóxica através de estruturas específicas desenvolvida em seus corpos para produzir e inocular a substância, como exemplo quelíceras, agulhões e presas, que são respectivamente, das aranhas, dos escorpiões e das serpentes. Portanto peçonha é termo dado a substância tóxica produzida e inoculada por aparato, por isso os animais são denominados de peçonhentos.[1]

Exemplos desses animais são cobras, aranhas, escorpiões, lacraias, taturanas, vespas, formigas, abelhas e marimbondos, estão presentes tanto em ambientes urbanos e rurais, são responsáveis por inúmeros casos de acidentes, pois ao se sentirem ameaçados, injetam o veneno com o intuito de imobilizar o agressor e fogem pra um lugar seguro.

Segundo o Ministério da Saúde os acidentes ocasionados pelas aranhas, escorpiões e serpentes representam sérios problemas de saúde pública no Brasil, sendo os escorpiões o principal responsável dentre os citados, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2012 os acidentes por escorpiões notificados foram 45%, serpentes causaram 20%, aranhas 18% e 17% demais animais peçonhentos.[2]

Distribuição geográfica e principais espécies de animais peçonhentos de importância[editar | editar código-fonte]

Serpentes:[editar | editar código-fonte]

  • Gênero Bothrops (jararaca): a espécie é B. atroxé encontrada na região norte; B. erythromelas no nordeste; B. neuwiedi no nordeste, sul e sudeste; B. jararaca nos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Tio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul; B. alternatus Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato grosso; B. moojeni região do bioma cerrado.
  • Gênero Crotalus (cascavel): é encontrado nos estados da  Bahia, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Piauí, Maranhão.
  • Gênero Lachesis (surucucu): é encontro no bioma da Floresta Amazônica e Mata Atlântica.
  • Gênero Micrurus (coral verdadeira): a espécie M. carallinus é encontrada nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul; M. frontalis região sul, sudeste e centro-oeste; M. lemniscatus região Amazônica[3]

Escorpiões:[editar | editar código-fonte]

  • Gênero Tityus: T. serrulatus (escorpião amarelo) é entrado nos estados de Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo; T. bahiensis (escorpião marrom) é encontrado nos estados Bahia, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina; T. stigmurus (escorpião do nordeste) região nordeste; T. cambridgei (escorpião preto) região amazônica; T. metuendus são encontrados nos estados Amazonas, Acre e Pará.[4]

Aranhas:[editar | editar código-fonte]

  • Gênero Phoneutria (armadeira): possui as espécies P. fera e P. reidyi na região Amazônica; a P. nigriventer no estado de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina; a P. keyserfingi nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
  • Gênero Loxosceles (aranha-marrom): possui a espécie L. intermedia predominante nos estados do sul do país; a L. laeta ocorre em focos isolados em várias regiões do país, principalmente no estado de Santa Catarina; a L. gaucho predomina no estado de São Paulo.
  • Gênero Latrodectus (viúva-negra): possui a espécie L. curacaviensis nos estados do Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo; a L. geometricus é encontrada praticamente em todo o país.
  • Gênero Mygalomorphae (caranguejeira): a espécie M. theraphosa blondi, que é encontrada na região amazônica; a espécie Lasiodora parahybana é encontrada na Mata Atlântica; as demais espécies são encontradas em todo o país mas possuem predileções por regiões tropicais e subtropicais.
  • Gênero Lycosa (aranha de jardim): há grande número de espécies descritas em todo o país.[5]

Toxinas envolvidas[editar | editar código-fonte]

Há diferentes tipos de toxinas inoculadas por esses animais peçonhentos que geram diferentes reações, tais como:

  • Proteolítica: lesões locais, como edema, bolhas e necrose, decorrem da atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da liberação de mediadores da resposta inflamatória, da ação das hemorraginas sobre o endotélio vascular e da ação pró-coagulante do veneno.
  • Neurotóxica: possui ação pré-sináptica que atua nas terminações nervosas inibindo a liberação de acetilcolina. Esta inibição é o principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular do qual decorrem as paralisias motoras.
  • Miotóxica: Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) com liberação de enzimas e mioglobina para o soro e que são posteriormente excretadas pela urina. Não está identificada a fração do veneno que produz esse efeito miotóxico sistêmico.
  • Hemotóxica: são decorrentes da ação das hemorraginas que provocam lesões na membrana basal dos capilares, associadas à plaquetopenia e alterações da coagulação.
  • Coagulante: produzem distúrbios da coagulação, caracterizados por consumo dos seus fatores, geração de produtos de degradação de fibrina e fibrinogênio, podendo ocasionar incoagulabilidade sanguínea.
  • Citotóxica: afeta células e tecidos ocorre destruição de células e tecidos, seguida de necrose da região afetada.[5]

Prevenções[editar | editar código-fonte]

A gravidade de um acidente também está relacionado ao indivíduo que sofreu, como exemplo, as toxinas injetadas pelas aranhas é adaptada instintivamente para pequenas presas, geralmente o veneno é inofensivo aos seres humanos, ou seja, elas não são inimigos perigosos para a nossa espécie, como também devemos considerar que até as aranhas mais perigosas só picam por razão de defesa, quando sentem-se ameaçadas, contudo para algumas pessoas como crianças e idosos os danos podem ser mais graves do que o esperado, eventualmente podem ser fatais, por isso é necessário um conjunto de práticas e várias medidas preventivas para evitar os acidentes com esses animais peçonhentos, o Ministério da Saúde nos adverte aos seguintes cuidados:[3]

  • Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem.
  • Examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las.
  • Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.
  • Não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção.
  • Limpar o domicílio, observando atrás de móveis, cortinas e quadros.
  • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meia-canas e rodapés. Utilizar vedantes em portas, janelas e ralos.
  • Limpar locais próximos das casas, evitando folhagens densas junto delas e aparar gramados.
  • Combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos preferidos dos aracnídeos.
  • Preservar os inimigos naturais e criar aves domésticas, que se alimentam de aracnídeos.
  • Não colocar as mãos em buracos, ocos de árvores ou vãos de pedras;
  • Não sentar, deitar ou agachar próximo a arbustos, barrancos, pedras, pilhas de madeira ou material de construção sem se certificar de que ali não existem cobras ou outros animais peçonhentos.
  • Nas colheitas de arroz, café, milho, feijão, frutas e nas hortas é preciso verificar onde se colocam as mãos;[2]

As medidas preventivas são essenciais, fazem parte dos cuidados primários, entretanto ainda pode haver uma ocorrência desagradável e em caso de acidentes, o indivíduo deve ser encaminhado o mais rápido possível para o hospital, deve evitar movimentos bruscos e o membro atingindo deve está numa posição mais alta em relação ao resto do corpo, o ferimento pode ser lavado apenas com água e sabão, não utilize nenhuma outra medida caseira, como aplicação de outras substâncias.[6]

Para o tratamento, em alguns casos, faz o uso de soroterapia, que é um soro específico obtido de organismo imunizado, principalmente de animais. A soroterapia antiveneno (SAV), quando indicada, é um passo fundamental no tratamento adequado dos pacientes picados pela maioria dos animais peçonhentos, irá agir para repor líquidos, nutrientes, corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e neutralizar a maior quantidade possível de veneno circulante, sua aplicação, dose e o tipo de soro irá depender do animal, há inúmeros tipos de soros específicos, como soro antibotrópico-crotálica (SABC), antibotrópicolaquética (SABL), antilaquético (SAL) soro antielapídico (SAE) e antilatrodectus (SALatr).[5]

Sintomatologia[editar | editar código-fonte]

Há inúmeras manifestações clínicas ocasionadas dos acidades, a gravidade depende de fatores, como a espécie e tamanho, a quantidade de veneno inoculado, o tipo de toxina envolvida, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno.[5]

Serpentes:[editar | editar código-fonte]

  • Botrópico (jararaca) causam dor e edema endurado no local da picada, de intensidade variável, pode ocorrer com frequência equimoses e sangramentos no ponto da picada.
  • Crotálico (cascavel) causam mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e secura da boca podem aparecer precocemente e estar relacionadas a estímulos de origem diversas, nos quais devem atuar o medo e a tensão emocional desencadeados pelo acidente.
  • Laquético (surucucu) ocorre hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e diarréia (síndrome vagal).
  • Elapídico (cobra-coral) paciente pode apresentar vômitos. Posteriormente, pode surgir um quadro de fraqueza muscular progressiva, ocorrendo ptose palpebral, oftalmoplegia e a presença de fácies miastênica.[7]

Escorpiões:[editar | editar código-fonte]

  • Causam hipertermia e sudorese profusa, náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal, diarréia, arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva, choque,  taquipnéia, dispnéia, edema pulmonar agudo, agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores.

Aranhas:[editar | editar código-fonte]

  • Phoneutria (armadeira) causa dor imediata, aparecem alterações sistêmicas, como taquicardia, hipertensão arterial, sudorese discreta, agitação psicomotora, visão “turva” e vômitos ocasionais.
  • Loxosceles (aranha-marrom) causa dor, edema endurado e eritema no local da picada, geram diferentes lesões, como: lesão incaracterística, bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação; lesão sugestiva, enduração, bolha, equimoses e dor em queimação até; lesão característica, dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose.
  • Latrodectus (viúva-negra) causa tremores, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço. Há relatos de distúrbios de comportamento e choque nos casos graves, como: dor irradiada para os membros inferiores, acompanhada de contraturas musculares periódicas, movimentação incessante, atitude de flexão no leito e hiperreflexia ósteo-músculo-tendinosa constante. [5]  

[5] [4] [6] [7] [1] [3]

  1. a b RAMALHO, Muryelle Gonçalves. Acidentes com Animais Peçonhentos e Assistência em Saúde. Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Brasília – DF, Junho, 2014. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5662/1/TCC%20%20MURYELLE.pdf>. Acesso em: 12 de agosto de 2017
  2. a b Brasil, Portal. «Ministério da Saúde alerta sobre animais peçonhentos». Portal Brasil. Consultado em 16 de agosto de 2017 
  3. a b c SILVA, Selma; et al.Escorpiões, aranhas e serpentes: aspectos gerais e espécies de interesse médico no Estado de Alagoas. Maceió: EDUFAL, 2005. Disponível em: <http://www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/livros-digitais-cadernos-tematicos/Escorpioes_Aranhas_e_Serpentes.pdf>. Acesso em: 12 agosto 2017
  4. a b Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX. Disponível em <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/animais-peconhentos-e-venenosos/891>. Acesso em: 12 agosto 2017
  5. a b c d e f Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2ª ed. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/manu_peconhentos.pdf>. Acesso em: 12 agosto 2017
  6. a b TAVARES, Francisco. Animais Peçonhentos. Disponível em: <http://www.funed.mg.gov.br/wp-content/uploads/2010/03/cartilha.pdf>. Acessado em: 12 de agosto 2017
  7. a b Instituto Butantan. Acidentes por Animais Peçonhentos. Disponível em: <http://www.funed.mg.gov.br/wp-content/uploads/2010/03/cartilha.pdf>. Acessado em: 12 de agosto 2017