Usuário(a):Andrade Thiago/Roberto Mangabeira Unger

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Roberto Mangabeira Unger (Rio de Janeiro, 1947) é um filosofo, pensador, e um destacado teórico social da atualidade. Desde 1971 ensina na Universidade de Harvard (www.law.harvard.edu/unger ). Sua obra de filosofia, teoria social e direito é utilizada em várias partes do mundo e por intelectuais do porte de Jurgen Habermas, Richard Rorty, Zyhuan Cui e Perry Anderson. Este último o descreveu como “uma inteligência filosófica do terceiro mundo que vira a mesa para se tornar crírico e profeta do primeiro mundo”.[1]

Paralelamente ao desenvolvimento de seu projeto teórico, Mangabeira tem atuado na política brasileira desde a abertura política durante o regime militar na década de 70.[2]

Em 2007, após ter sido um crítico do primeiro mandato do governo petista, passou a integrar o ministério do governo Lula, de outubro de 2007 a junho de 2009 foi ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil. Deixou a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) para retornar às suas atividades na Universidade de Harvard.

Trajetória[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Nasceu no Rio de Janeiro em 1947, filho da poetiza e jornalista Edyla Mangabeira e do advogado alemão naturalizado estadunidense Artur Unger. Seu avô, o famoso político baiano Otávio Mangabeira – cuja carreira política consta postos como o de Governador, Senador, Chanceler e Ministro – sempre foi o seu grande exemplo. Através dele Mangabeira conheceu e fascinou-se pelo mundo político. Educado nos Estados Unidos e no Brasil, experimentou desde muito cedo o contraste dos sistemas educacionais e das culturas dessas duas sociedades.[3]

Formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e continuou seus estudos nos Estados Unidos da América, na Universidade de Harvard, onde leciona desde o início da década de 1970. Em 1991, foi professor do atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.[4]

Nos Estados Unidos Mangabeira percorreu, desde o final dos anos 60, notável percurso acadêmico, alcançando muito jovem a posição de professor titular da universidade de Harvard, e, desde meados da década de 80, a de membro vitalício eleito da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos, uma das mais prestigiadas instituições daquele país.[5]

A amplitude e a profundidade de seus interesses no plano da teoria social contemporânea, assim como o impacto de suas formulações no pensamento jurídico americano, “mudando o currículo de muitas de nossas escolas de direito e a auto-imagem de muitos de nossos advogados”, segundo Richard Rorty[6], acompanhada por uma excepcional erudição que lastreava seus primeiros trabalhos, logo deixavam evidentes - não só nos Estados Unidos, mas também em vários círculos acadêmicos da Europa - que surgia um scholar de extração superior que o tempo só fez confirmar.[7]

Projeto Intelectual[editar | editar código-fonte]

O escopo de seu projeto teórico e político é ambicioso. Trata-se de uma reflexão que tem como meta principal reconstruir os estudos sociais a partir de novas perspectivas metodológicas e, em decorrência disso, propor arranjos institucionais que promovam uma “reforma revolucionária” da sociedade[8]. A repercussão de sua obra tem provocado reações contundentes que chegam a descrevê-lo como o autor “da teoria social mais poderosa da segunda metade do século XX[9], segundo Geoffrey Hawthorn, professor da Universidade de Cambridge (Inglaterra).

A dimensão filosófica do pensamento de Mangabeira se exprime de maneira clara na idéia de que o novo é possível, o tempo é real e a história é aberta. Tal concepção é desenvolvida de maneira sistemática, por exemplo, em seu livro The Self Awakaned: Pragmatism Unbound.

A formulação da teoria social e política de Mangabeira se desenvolveu em duas direções bem definidas. Na parte explicativa, esta teoria procura levar às últimas conseqüências a idéia da contingência das instituições contemporâneas. Na parte programática, ela investiga as formas institucionais alternativas do pluralismo político, econômico e social. Paralelamente a esse esforço teórico, tem desenvolvido um trabalho de interpretação do Brasil e de debate programático acerca de suas alternativas.10[10]

Alguns de seus principais livros estão publicados no Brasil: Conhecimento e Política (Forense), Paixão – Um Ensaio sobre a Personalidade (Editora Boitempo), Política (Editora Boitempo), O Direito e o Futuro da Democracia (Editora Boitempo), Democracia Realizada (Editora Boitempo) e O Que a Esquerda Deve Propor (Editora Civilização Brasileira).

Política[editar | editar código-fonte]

A idéia de construir uma sociedade com instituições econômicas e políticas próprias tem emprestado sentido a toda atuação de Mangabeira no Brasil. A sua imersão na política brasileira ocorreu no final do regime militar quando atuou no antigo MDB, sendo inclusive o responsável pela redação do manifesto de criação do PMDB. Em seguida assessorou Leonel Brizola em suas duas tentativas de se eleger Presidente da República em 1989 e 1994. A partir de então se associou a Ciro Gomes com quem participou das eleições presidenciais de 1998 e 2002[11]. Em 2006, tentou se candidatar a presidência da República, obtendo apoio de Caetano Veloso, um dos entusiastas de sua ação pública no Brasil[12].

Todo o engajamento de Mangabeira no debate político nacional tem se pautado pela busca incessante de uma alternativa que interrompa a lógica de transferência maciça de riqueza das mãos de trabalhadores e produtores para os bolsos de rentistas. Mas que não seja apenas mais uma forma de "humanizar o inevitável" por meio de políticas sociais compensatórias e assistencialistas.[13]

Em suas formulações programáticas atuais, Mangabeira tem procurado operar simultaneamente em dois planos: “rebelião nacional e organização internacional”. De um lado, propõe formas alternativas de “globalização” - a reorientação do regime internacional do comércio, a reorganização das instituições multilaterais do sistema Bretton Woods e um conjunto de entendimentos entre as potências médias (China, Rússia, Índia e Brasil) que permitiriam pouco a pouco transformar a natureza da hegemonia americana. Tudo isso para criar uma forma de “globalização” mais propicia ao pluralismo.[14] De outro lado, sustenta que a energia para lutar por essa reconstrução do regime global tem de vir da tentativa de reorientar os projetos nacionais. A construção de um projeto nacional de desenvolvimento baseado na ampliação de oportunidades econômicas e educacionais para a maioria dos brasileiros tem sido o principal sentido de sua ação na vida pública brasileira ao longo de mais de trinta anos.

Plano Amazônia Sustentável (PAS)[editar | editar código-fonte]

Em 8 de maio de 2008, o ministro recebeu do presidente Lula a responsabilidade de coordenar o Conselho Gestor do Plano Amazônia Sustentável (PAS)[15] em detrimento da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Essa decisão do presidente causou, 5 dias após a apresentação do PAS, a renuncia da ministra.[16]

Livros publicados em português[editar | editar código-fonte]

Próprios[editar | editar código-fonte]

  • O Direito na Sociedade Moderna
  • A Alternativa Transformadora
  • Conhecimento e Política, Editora Forense, 1978.
  • Paixão: um Ensaio Sobre a Personalidade, Boitempo Editorial, 1998. ISBN 8585934212
  • Democracia Realizada: a Alternativa Progressista, Boitempo Editorial, 1999. ISBN 8585934425
  • A Segunda Via: Presente e Futuro do Brasil, Boitempo Editorial, 2001. ISBN 858593459X
  • Política: os Textos Centrais, Boitempo Editorial, 2001. ISBN 8585934794
  • O Direito e o Futuro da democracia, Boitempo Editorial, 2004. ISBN 8575590057
  • Necessidades Falsas, Boitempo Editorial, 2005. ISBN 8575590677
  • O que a Esquerda deve propor, Civilização Brasileira, 2008. ISBN 978-85-200-0844-7

Parcerias[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Perry Anderson (Janeiro 1999). Afinidades Seletivas. [S.l.]: Boitempo. 194 páginas  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  2. Revistas Caros Amigos (Janeiro 2009). [S.l.: s.n.] Entrevista  Verifique data em: |ano= (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  3. Revista Playboy (Junho 2008). [S.l.: s.n.] Entrevista  Verifique data em: |ano= (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  4. Estadão Online; Talita Eredia (4 de novembro de 2008). «Mangabeira Unger elogia Barack Obama, seu ex-aluno». Consultado em 12 de novembro de 2008 
  5. Robin Lovin (1987). Critique e Construction: a symposium on Roberto Unger's politics. [S.l.]: Cambridge University Press 
  6. Richard Rorty (1999). Escritores Filosóficos. [S.l.]: Relume-Dumará. pp. 237–238. Vol. 2 
  7. Carlin Romano (2008). The Chronicle Review. [S.l.: s.n.] 
  8. André singer (16/09/2001). Caderno Mais!. [S.l.]: Folha de Sao Paulo  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  9. Geoffrey Hawthorn (1987). Pratical reason and social democracy: reflections on Unger's passion and politics. [S.l.]: Cambridge University Press 
  10. Carlos Sávio Teixeira (2010). Experimentalismo e democracia em Unger. [S.l.]: Lua Nova. 80 páginas 
  11. Consuelo Dieguez (Agosto 2007). [S.l.]: Revista Piauí. Entrevista  Verifique data em: |ano= (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  12. Caetano Veloso (5/12/2010). [S.l.]: O Globo  Verifique data em: |ano= (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  13. [S.l.]: Folha de Sao Paulo. Entrevista  Texto "16/03/2010" ignorado (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  14. FGV/RJ. 8 de dezembro de 2010 Http://direitorio.fgv.br/node/1258  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  15. Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE). «Ministro é coordenador do Conselho Gestor do PAS». Consultado em 17 de maio de 2008 
  16. O Globo Online; Miriam Leitão. «O abate e o fogo». Consultado em 15 de maio de 2008 
  17. Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE). «Grupo Executivo do PAS faz primeira reunião». Consultado em 3 de julho de 2008 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos do Brasil
20072009
Sucedido por
Daniel Barcelos Vargas (interino)

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