Usuário(a):Beatriz Moraes de Lima/Testes

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Beatriz Moraes de Lima/Testes
Nascimento 06 de junho de 1896
São Paulo, Brasil
Morte 03 de fevereiro de 1978 (82 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasileiro, com descendência Italiana
Ocupação escultor
professor

João Batista Ferri (6 de junho de 1896 – 3 de fevereiro de 1978[1]) nasceu em São Paulo e foi um importante professor e escultor brasileiro. Ele trabalhou como mestre de obras do engenheiro Ramos de Azevedo[2], mas se consagrou através de suas esculturas. Construiu obras importantes, como Índio Caçador (1939), e ajudou na construção do Monumento do Ipiranga, ao lado de Ettore Ximenes[3]. Escultor realista, suas obras estão expostas no Brasil e também na Itália.

Início da Vida[editar | editar código-fonte]

Filho de José Ferri e Massimina Ferri, dois imigrantes italianos, João Batista Ferri iniciou seus estudos em 1910[4], no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, escola focada em produção cultural e industrial[5]. Ao completar 17 anos, apenas dois anos depois, em 1913, Ferri se mudou para a Itália e lá morou por quatro anos, onde estudou na Scuola e Laboratório Barolo di Arte Applicata all’Industria, em Varallo Sesia, na região de Piemonte. Lá, estudou ao lado de grandes nomes, como o Mestre Giovanni Mauro[6]. Nesse mesmo período, mudou-se para Milão para estudar na Academia de Belas Artes, que ficava no famoso bairro de Brera.

Ferri precisou voltar ao Brasil após o estopim da Primeira Guerra Mundial, em 1917, e após completar 22 anos, em 1919, começou a trabalhar junto ao renomado escultor italiano Ettore Ximenes para a construção do Monumento do Ipiranga[7], também conhecido como Monumento à Independência do Brasil, local onde Dom Pedro I teria proclamado a independência brasileira de Portugal. Outro monumento realizado em parceria foi o Monumento a Amizade Sírio-Libanesa, feito por encomenda da comunidade sírio-libanesa de São Paulo[8].

Em 1923, Ferri mudou-se novamente para a Itália, onde fez três monumentos em homenagem aos mortos na Primeira Guerra Mundial[9], um em Prato Sesia, outro em Cavaleiro e o último em Boca, comunidades italianas. Um ano depois, em 1924, participou do Quadrienal de Milão, evento de arte importante[10].

Ferri começa a lecionar em 1937 na Escola de Belas Artes de São Paulo, atuando no ensino de Moldagem, e lá permaneceu até 1942[11].

Carreira e exposições[editar | editar código-fonte]

Ferri, adepto à Escola Realista[12], esculpia suas obras com o máximo de detalhes e o mais próximo possível do tamanho real. Ele voltou para o Brasil em 1925 e passou a morar em São Paulo alguns anos estudando fora. Dois anos depois, passou a expor obras e a trabalhar como Secretário da Comissão Executiva do Salão de Arte, organizado pela associação italiana Muse Italiche, que, após sua fundação em 1926, promovia eventos culturais indiretamente com um intuito fascista[13]. Realizou exposições também, com o apoio da Sociedade Italiana de Cultura, no Palácio das Indústrias[14]. Ainda em 1928, Ferri participou pela primeira vez do Salão Nacional de Belas Artes, onde expôs as obras Lenda Heróica, Retracto e Índio.

No ano seguinte, Ferri participou novamente do Salão Nacional de Belas Artes, onde expôs Espasmos, Leopoldo e Silva e uma terceira obra, Raios de Sol, escultura de escala natural com a qual ganhou Medalha de Prata. Suas próximas obras marcantes seriam Herma a Newton Prado, feita em Leme, e, em São José do Rio Pardo, a obra do Coronel Luis Dias[15].

No ano de 1934, o artista também homenageia o médico e ex diretor discente Benedicto Augusto de Freitas Montenegro com uma estátua de bronze que está exposta na Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo[16].

Em 1936, Ferri construiu um marco na Capela Biacica com a escultura Bartira, que é a representação de uma índia em Bronze[17]. Porém, a escultura foi perdida em uma das invasões no local alguns anos depois [18], assim como pias e placas de bronze foram furtadas e o restante do local, depredado.

Ainda em 1936, fez também uma exposição no Palácio das Arcadas em conjunto com Hélios Seelinger e Vicente Leite[19].

Suas obra de maior sucesso viriam depois, em 1938: Índio Caçador e Guanabara foram encomendadas para o então prefeito de São Paulo, Prestes Maia. Índio Caçador[20] foi feita com 1,20 metros de altura, acima de um pedestal, e mostra um índio em bronze no momento da caça, com seus olhos voltados para a Praça da República.

Guanabara[21] foi instalada em um local, onde hoje está a obra "Giuseppe Verdi", e depois foi realocada para o Vale do Anhangabaú. Nos dias de hoje, a obra pode ser encontrada na frente da sede da Prefeitura Municipal de São Paulo. Nessa escultura, Ferri fez uma mulher anfíbia[22], com nadadeiras e algas nos cabelos. Em 2008, esse monumento foi restaurado pela prefeitura[23].

Sua primeira Medalha de Ouro foi em sua exposição no Salão Nacional de Belas Artes de 1941[24]. Já no próximo ano, ajudou a fundar a Associação Paulista de Belas Artes e recebeu Medalha de Honra, no Chile. Outra conquista importante foi o Prêmio Prefeitura de São Paulo no 9º Salão Paulista de Belas Artes[25].

Sua próxima importante participação seria no 13º Salão de Belas Artes, que aconteceu no ano de 1947, em que o escultor expôs outras obras marcantes em sua carreira: Atleta em Descanso[26], concebida em 1945, foi esculpida em granito rosa e recebeu a Grande Medalha de Ouro. A obra possui 88 x 127 x 72,5 cm. Curiosamente, essa é uma das cinco únicas esculturas expostas hoje na Pinacoteca de São Paulo em que é permitido que o público toque na obra[27]. Também exibiu Nu[28], obra representando um corpo feminino despido feito em mármore branco, concebido em 1940, e a obra Maratonista.

Também executou o Monumento a Valentim Gentil em 1949, no município de Itápolis[29] e, dois anos depois (1951), Ferri foi contemplado com o Prêmio Assembleia Legislativa do Estado, na 16ª edição do São Paulista de Belas Artes. Em 1956, foi instalada também no Orquidário Municipal de Santos a obra "Ninfa de Naiade", que se tornou símbolo do local.

A última exposição solo da vida do artista aconteceu no Museu de Arte de São Paulo (MASP), no ano de 1977.

João Batista Ferri faleceu[30] em 1978, em São Paulo.

Paço Municipal de Santos[editar | editar código-fonte]

Quando o Palácio José Bonifácio, também chamado de Paço Municipal de Santos foi construído, em 5 de julho 1940, Ferri encaminhou uma carta[31] para o então prefeito Cyro de Atahyade Carneiro onde dizia querer oferecer seus serviços para a construção de estátuas que embelezariam a fachada do local.

As duas que seriam construídas representariam a Industria e o Comércio, que foram fatores essenciais para o desenvolvimento da cidade de Santos.

Para representá-los, as obras foram simbolizadas através de Hermes, deus grego que simboliza o comércio, e de Atena, deusa da sabedoria, respectivamente[32]. As duas obras ficaram prontas no ano seguinte (1941), feitas com granito e com peso de aproximadamente 12 quilos cada.

Obras Mais Famosas[editar | editar código-fonte]

  • Índio caçador (1938): Escultura feita em bronze - Exposta na Avenida Vieira de Carvalho, em São Paulo. Dimensões Bronze 1,32m x 0,89m x 1,95m, Pedestal Granito 1,20m x 1,10m x 2,20m.
  • Guanabara (1938): Escultura feita em gratino - Exposta atualmente no Parque do Anhangabaú, em São Paulo. Dimensões Granito 1,28m x 1,52m x 0,98m, Pedestal Granito 0,94m x 2,24m x 1,60m.
  • Atleta em Descanso (1945): Escultura feita em pedra - Recebeu a Grande Medalha de Ouro e faz parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Dimensões Granito Rosa 88 x 127 x 72,5 cm.

Principais exposições e prêmios[editar | editar código-fonte]

Individuais[editar | editar código-fonte]

Coletivos[editar | editar código-fonte]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • CAVALCANTI, Carlos. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Brasília: MEC/INL, 1974.
  • GOMES, Luiz Octávio Louro. João Baptista Ferri. In: A Relíquia.

Referências

  1. «João Baptista Ferri, artista consagrado em obras com realismo e qualidade artesanal». www.oexplorador.com.br. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  2. «João Baptista Ferri, artista consagrado em obras com realismo e qualidade artesanal». www.oexplorador.com.br. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  3. «Museu do Ipiranga | Museu Paulista». www.mp.usp.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  4. «FERRI, Joăo Batista». brasilartesenciclopedias.com.br. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  5. «LICEU». www.liceuescola.com.br. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  6. «O que vejo da minha janela – Escultura "Índio Caçador", de João Batista Ferri». A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini. 20 de setembro de 2010 
  7. «O que vejo da minha janela – Escultura "Índio Caçador", de João Batista Ferri». A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini. 20 de setembro de 2010 
  8. «Monumento Amizade Sírio-Libanesa». Gazeta de Beirute 
  9. «FERRI, João Batista - IHGP». wiki.ihgp.org.br. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  10. «O que vejo da minha janela – Escultura "Índio Caçador", de João Batista Ferri». A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini. 20 de setembro de 2010 
  11. «João Baptista Ferri, artista consagrado em obras com realismo e qualidade artesanal». www.oexplorador.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  12. Solutions, Webcore Interactive. «Monumentos de São Paulo». www.monumentos.art.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  13. Bertonha, João Fábio (2001). O fascismo e os imigrantes italianos no Brasil. [S.l.]: EDIPUCRS. ISBN 9788574302089 
  14. «O que vejo da minha janela – Escultura "Índio Caçador", de João Batista Ferri». A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini. 20 de setembro de 2010 
  15. Cultural, Instituto Itaú. «João Batista Ferri | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural 
  16. Homenagem aos mestres: esculturas na USP. [S.l.]: EdUSP. 2002. ISBN 9788531406867 
  17. Silva, Jailson Lima da (2006). I Concurso literário: história do meu bairro, história do meu município. [S.l.]: Arte & Ciência. ISBN 9788574733227 
  18. «Resumo de Dissertação de Mestrado». Cerâmica. 48 (306). Junho de 2002. ISSN 0366-6913. doi:10.1590/s0366-69132002000200011 
  19. Gomes, Luiz Octávio Louro. «A Relíquia». A Relíquia. Consultado em 20 de novembro de 2018 
  20. «O que vejo da minha janela – Escultura "Índio Caçador", de João Batista Ferri». A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini. 20 de setembro de 2010 
  21. Yamagawa, Moyarte. Mônica. «Centro de São Paulo: Escultura: Guanabara, de João Batista Ferri». www.moyarte.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  22. Solutions, Webcore Interactive. «Monumentos de São Paulo». www.monumentos.art.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  23. «G1 > Edição São Paulo - NOTÍCIAS - Trinta monumentos históricos de São Paulo serão restaurados». g1.globo.com. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  24. Cultural, Instituto Itaú. «Salão Nacional de Belas Artes (46. : 1940 : Rio de Janeiro, RJ) | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural 
  25. «Um Percurso, Uma História — O Salão Paulista de Belas Artes | VEJA SÃO PAULO». VEJA SÃO PAULO 
  26. Yamagawa, Moyarte. Mônica. «Pinacoteca do Estado: Atleta em Descanso, escultura de João Batista Ferri». www.moyarte.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  27. ROMERO, ELISABETH LEONE GANDINI (2003). A COMUNICAÇÃO TÁTIL EM EXPOSIÇÕES DE ARTES PLÁSTICAS. São Paulo: Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica. pp. Página 58  line feed character character in |título= at position 20 (ajuda);
  28. «Leilão em 04/12/2017». LeilõesBR. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  29. de Mendonça, Casimiro Xavier (24 de março de 1982). «Edição 707». Veja, 24 de março de 1982 
  30. «FERRI, João Batista». www.brasilartesenciclopedias.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  31. «Memória Santista | HERMES E MINERVA, INDÚSTRIA/COMÉRCIO E MUNICIPALIDADE : A ORIGEM DAS ESTÁTUAS DO PAÇO MUNICIPAL». memoriasantista.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018 
  32. «Memória Santista | HERMES E MINERVA, INDÚSTRIA/COMÉRCIO E MUNICIPALIDADE : A ORIGEM DAS ESTÁTUAS DO PAÇO MUNICIPAL». memoriasantista.com.br. Consultado em 28 de novembro de 2018