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O Depósito de Degredados de Angola foi uma colónia penal urbana nos subúrbios de Luanda, que esteve em funcionamento entre 1866 e 1932.

Localizada na Fortaleza de São Miguel de Luanda, só começou a funcionar com regularidade depois de 1885, depois da sua segunda ou terceira reorganização administrativa. Tinha um estabelecimento irmão em Moçambique, criado na mesma altura, e ambos eram administrados por unidades do Exército, sob regulamentos idênticos. A prisão em Moçambique recebia reclusos de Portugal, de Macau Português, de Timor Português e do Estado Português da Índia. Em cerca de início do século XX, as duas prisões começaram a fazer troca de reclusos, com presos de Moçambique enviados para Angola e vice-versa, por forma a cortar laços com a comunidade local.

A prisão em Moçambique era menor do que o Depósito em Luanda, recebendo cerca de 2 500 dos 16 000 a 20 000 prisioneiros sentenciados ao degredo entre 1880 e 1932. Em finais do século XIX, 12% da população branca de Luanda era constituída por ex-condenados ao degredo, entretanto libertos ou amnistiados.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Conjuração dos Degredados[editar | editar código-fonte]

Em 1763 tem lugar um motim de degredados, liderado por José Álvares. O plano era assassinar o governador de Angola, António de Vasconcelos e outros oficiais, e rechaçar o administrador do contrato real, Manoel Cardoso.[2]

Mulheres no degredo[editar | editar código-fonte]

Relatório do Depósito de Degredados[editar | editar código-fonte]

Hermenegildo Augusto de Faria Blanc Júnior (Lisboa, 30 de março de 1876 - 15 de junho de 1962), Capitão de Infantaria, é comandante do degredo a partir de 1915 e publica no ano seguinte o "Relatório do Depósito de Degredados", um relatório acerca da prisão em Luanda durante o seu primeiro ano de actividade. Este documento contém informação relativa ao movimento dos condenaods entre 1902 e 1914, sobretudo a população feminina.[3] Segundo este documento, cerca de 8% da população do degredo era constituída por mulheres. Muitas delas estavam acompanhadas dos filhos, que estavam por lei autorizadas a trazer para o degredo. A maior parte da população feminina era branca, e proveniente da metrópole.

Como já disse as mulheres estão aqui pessimamente alojadas. As casernas não satisfazem, já por serem pouco ventiladas, já por terem pouca capacidade para o efectivo que existe. As próprias oficinas onde elas trabalham são também muito pequenas. Deveriam estar alojadas em edifício aparte, segundo diz o regulamento, e assim acho de toda a conveniência
— Blanc Júnior

 Relatório do Depósito de Degredados, 1916, p.57

Viviam em más condições de higiene, e trabalhavam nas oficinas de lavandaria, engomadoria, alfaiataria e costura, sob orientação de mestras. Recebiam um salário do qual eram retirados 20% para um fundo especial e 10% para fundo de repatriação. Algumas condenadas eram autorizadas a prestar serviços externos ao degredo, sob fiança; algumas prestavam apoio a hospitais, como ajudantes de enfermagem, e a casas particulares como criadas.[3]

A situação das mulheres no degredo de Luanda é denunciada em 1916 por Domingas Lazary do Amaral num artigo no jornal A Capital, posteriormente publicado também na revista A Semeadora. Ao tentar visitar Maria Fermiana, uma menor de 17 anos que fora condenada a 20 anos de degredo pelo homicídio

Referências

  1. Coates, Timothy J. (agosto de 2018). «The Depósito de Degredados in Luanda, Angola: Binding and Building the Portuguese Empire with Convict Labour, 1880s to 1932». International Review of Social History (em inglês) (S26): 151–167. ISSN 0020-8590. doi:10.1017/S0020859018000263. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  2. Diogo Abrahão, Juliana (1 de dezembro de 2021). «A conjuração dos degredados em Angola, 1763». Revista Crítica Histórica (24). doi:10.28998/rchv12n24.2021.0005. Consultado em 7 de janeiro de 2024 
  3. a b Investigadora integrada do Lab2PT (Laboratório de Paisagens, Património e Território) na Universidade do Minho, Portugal / Membro do projeto WOMASS – Women and Associativism in Portugal, 1914-1974; Espírito Santo, Sílvia (15 de junho de 2019). «Domingas Lazary Amaral – "uma querelada pela liberdade de imprensa"». ex aequo - Revista da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres (39). doi:10.22355/exaequo.2019.39.03. Consultado em 4 de janeiro de 2024 

Obra publicada[editar | editar código-fonte]

  • Terceira Conferencia no Lyceu Nacional: Instrucção e Educação - 4 de julho de 1869[1]

Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro[2]

  • À chegada a Lisboa do cadáver de S. A. I. a princesa D. Maria Amélia ― Elegia, 1853
  • No dia 26 de janeiro, Aniversário natalício do Sr. Dr. A. F. de Castilho ― composição lírica dedicada à sua esposa, 1854
  • Oferta das medalhas no último sarau artístico dado pelo Sr. Dr. A. F. de Castilho em janeiro de 1854 ― discurso de M. J. S. Canuto, 1854
  • A órfã no cemitério, 1855
  • Perdão e amor ― escrito numa página da Imitação de Cristo (de Lamartine)í, 1884
  • O trabalho e a terra, 1885
  • Depois do trabalho, 1886
  • Sufrágios pelos mortos, 1891
  • A superstição e a religião, 1893

Almanaque das Senhoras[2]

  • Adoração à cruz (em sexta-feira santa), 1870
  • Morreu!, 1871
  • Um cavalheiro, 1872
  • Superstições populares, 1874
  • Poetas, 1874
  • Correspondência, 1875
  • O marquês de Sá da Bandeira, 1876
  • Na inauguração do Albergue dos Inválidos do Trabalho, 1876
  • Estilo oriental, 1877
  • Madalena, 1877
  • A religião e o século (Excertos da correspondência de uma preceptora), 1878
  • As águas de Vichy, 1879
  • Deveres da mulher no interior da sua casa, 1880
  • Escavações, 1880
  • Froebel, 1882
  • Mérope, de Voltaire. Cena III. Mérope e Polifonte, 1883
  • Meditação: Ecce homo!, 1884
  • Recordações: epístola ao comissário dos estudos o falecido sr. Francisco Freire de Carvalho (1847), 1885
  • Escavações: certame literário em que se prova que os melhores talentos não são os melhores gramáticos, 1886
  • Última escavação: despedida ao público. A Canuto não é mulher!, 1887

Almanaque das Senhoras Portuenses[2]

  • Noções de economia doméstica. Quadros., 1885

Almanaque Familiar para Portugal e Brasil[2]

  • Poesia (tradução de Jocelyn, de Lamartine), 1868r

Almanaque Ónibus[2]

  • Genuflexão à cruz, em sexta-feira santa, 1854

Anuário do Clube de Literatura[2]

  • Carta a Max Fleiuss, 1887
  • Ofício dirigido à Associação dos Professores Primários de Lisboa, 1887

A Assembleia Literária[2]

  • A órfã no dia de gala, 1849
  • Ao ilustre autor dramático o senhor Mendes Leal ― Saudação lírica, 1849
  • Noites de Young ― imitação, 1849
  • Poesias inéditas, dedicadas à esposa do Il.mo sr. António Feliciano de Castilho, em janeiro de 1846, pelo aniversário natalício do exímio poeta, 1850
  • Rosa mística, 1850

A Cruzada: jornal religioso e literário[2]

  • Ofícios dirigidos a Sua Majestade Fidelíssima, pelo Conselho Superior de Instrução Pública, 1858

O Democrata: jornal do povo[2]

  • [Haverá povo mais sofredor que o português?], 1840
  • A pátria e a liberdade, 1840
  • Povo! À urna!, 1840
  • [É tempo de pagarmos àqueles que amamos, 1840
  • [Vamos tomar a pena em um desses momentos de terror], 1840

Diário de Notícias[2]

  • Cinquenta anos de reinado, quatorze dias felizes, 1865
  • A dama velada, 1865
  • Sonho de Marco Aurélio, 1865
  • 24 de setembro, 1865
  • A vigília das armas, 1865
  • Proteção dos animais, 1867

Diário Ilustrado[2]

  • Proteção aos animais ― Brado humanitário, 1876
  • Necrológio, 1883

Echo das Damas

  • Deveres da mulher no interior da casa, 1888

A Família: jornal moral, religioso e literário

  • O espiritismo, 1888
  • Ecce homo!, 1889
  • A castelã, 1891

A Federação: folha industrial dedicada às classes operarias

  • Arquivo inédito ― carta de pêsames dirigida ao Ex.mo St. A. R. Sampaio, pela morte da sua filha, 1859
  • O Sr. duque de Saldanha e a medicina, 1859
  • Jocelyn, 1859
  • Escolas populares, 1859
  • Grinalda sobre o túmulo de sua majestade a rainha D. Estefânia, 1859
  • Correspondência, 1859
  • 24 de setembro ― comemoração, 1859
  • Resposta a um convite, 1859
  • 15 de novembro de 1853 ― Morte de sua majestade a rainha D. Maria II, 1859
  • O Natal, 1859
  • Grémio Popular, 1859
  • Epifania, 1860
  • Comunicados, 1860
  • Grémio popular, 1860
  • Poesia recitada no benefício da Associação Fraternal dos Fabricantes de Tecidos de Todas as Espécies, 1860
  • Preleção I ― lida em 18 de janeiro, pelo menino Emídio Júlio, de nove anos de idade, 1860
  • Preleção XII ― lida em 24 de fevereiro, pela professora. Moral do Evangelho, 1860
  • Direção do ensino primário ― Relatório ― lido em 2 de março pela professora, 1860
  • Preleção XV ― lida em 2 de março, pela professora. Moral do Evangelho, 1860
  • Preleção XVIII ― lida em 9 de março, pela professora. Moral do Evangelho, 1860
  • Direção do ensino, 1860
  • Preleção XXIII ― lida em 23 de março, pela professora. Moral do Evangelho, 1860
  • Preleção XXV ― lida em 30 de março, pela professora. Moral do Evangelho, 1860
  • Genuflexão à cruz, 1860
  • O Judeu errante ― lenda, 1860
  • Direção do ensino primário, 1860
  • A Ressurreição, 1860
  • Declaração, 1860
  • Preleção II ― lida em 25 de janeiro, pelo menino José Maria Fernandes, de nove anos de idade, 1860
  • Direção do ensino primário ― Relatório ― lido em 30 de abril pela professora, 1860
  • Preleção V ― lida em 4 de fevereiro, pela professora, 1860
  1. «Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 2 de maio de 2024 
  2. a b c d e f g h i j k Cruz, Eduardo da (2018). Maria José da Silva Canuto : 1812-1890 / estudo, antologia e bibliografia. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal. ISBN 978-972-565-621-1