Usuário(a):Clarissa Brait/Testes/Q62064445, Obra de arte

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A casa da vovó
Clarissa Brait/Testes/Q62064445, Obra de arte
Autor Eliseu Visconti
Data 1915
Técnica tinta a óleo, tela
Dimensões 55,3 centímetro x 42,5 centímetro

A casa da vovó é uma pintura produzida pelo artista Eliseu Visconti em 1915,[1] período do Novo Desafio (Paris-Saint Hubert) entre 1913 e 1920. Seu tema principal é sobre a França e seus arredores. Tem dimensões de 55,3 centímetros e 42,5 centímetros. A técnica utilizada foi tinta a óleo, tela.

Descrição[editar | editar código-fonte]

 O tema principal da obra é sobre a França e seus arredores. Tem dimensões de 55,3 centímetros e 42,5 centímetros. A técnica utilizada foi tinta a óleo, tela.

A obra pertence a uma coleção particular. Ficou exposta em algumas exposições individuais, como a Exposição na Galeria Jorge em 1920; a Exposição Retrospectiva no Museu Nacional de Belas Artes em 1949; a Exposição comemorativa do centenário de nascimento de Eliseu Visconti em 1967; e a Exposição “Eliseu Visconti – A Modernidade Antecipada” em 2011/2012.

A casa, localizada em Saint Hubert, próximo a Paris, apresentada pertence a mãe de Louise Palombe, esposa de Visconti. Serviu como um local de refúgio para a família do artista durante o quarto período de sua carreira, entre 1913 e 1920. Época em que Paris não era considerada um local seguro por conta da Primeira Guerra Mundial. Esta casa foi representada, pelo próprio pintor, diversas vezes. Nesta obra, o foco principal são as árvores, com folhas amarelas, lembrando o outono, assim como as cores alegres, que chamam atenção, e os contornos suaves. Por conta da assinatura estar mais evidente do que própria pintura, há uma possibilidade de que ela foi incluída por Eliseu alguns anos após a pintura.[1]

Contexto[editar | editar código-fonte]

A obra é do ano 1915, assim pertence ao período entre 1901 e 1920, destacando a França e o Brasil. No início deste período, em 1901, a esposa de Eliseu, Louise, engravidou na França, logo após a sua chegada no Brasil. Assim, foi necessário que ele conseguisse alguns recursos para sua esposa. Desse modo, organizou sua própria exposição de apresentação na Escola Nacional de Belas Artes, no mesmo ano, 1901 . A apresentação contava com suas telas do período em que estudou na França, mais 28 trabalhos de arte decorativa e de arte que era utilizada para as indústrias, como resultado do que foi estudado com o pintor Eugene Grasset na exposição École Guérin. Mais tarde em 1901, nasceu a primeira filha de Eliseu, Yvonne, em Saint Hubert na França. Sua filha tornou-se, além de aluna, modelo do próprio pai em várias obras, onde investiu na pintura e na arte decorativa, para que pudessem apresentar sensibilidade.

Em novembro de 1908, Visconti voltou para a França e em janeiro de 1909, casou-se com Louise. Logo depois, a família voltou para o Brasil novamente onde sua esposa descobriu que estava grávida novamente. Com isso, os planos do pintor foram apressados novamente, e acabaram construindo uma casa em Copacabana, onde morou até seus últimos dias. No início do ano seguinte, 1910, Eliseu fez uma exposição individual na Casa Vieitas, onde já havia exposto seus trabalhos, quando ainda estudava na Academia de Belas Artes, no ano de 1890. Porém, agora estava voltando como um artista consagrado. Nessa mostra, apresentou pela primeira vez obra conhecida como Retrato de Gonzaga Duque.

Em 1913, Visconti e sua família viajaram para a Europa, e ficaram em Saint Hubert, onde estava a família de Louise. Em Paris, o pintor iniciou os trabalhos do foyer, em que voltou a utilizar o impressionismo para poder decorar o mesmo. A decoração foi composta de um painel central que representava A Música, e mais outros dois painéis laterais que eram menores e retratavam A Arte Lírica e O Drama.

No fim de 1913, Eliseu retorna ao Brasil sem os painéis da decoração do foyer e sem a sua família que permaneceu na Europa. Em 1916, após o término da colocação dos painéis do foyer, o pintor retornou à Paris, quando já havia nascido seu terceiro filho. Durante esse período em que estava trabalhando no foyer e permaneceu na França, Eliseu pintou algumas paisagens de Saint Hubert como a obra descrita, A Casa da Vovó.

O pintor viveu na França junto com a sua família entre 1913 e 1920, onde permanecia tanto no vilarejo, retratado na obra, de Saint Huber e em Paris. A família frequentava o vilarejo aos finais de semana, onde Visconti realizava diversas paisagens na pequena vila, podendo expressar dentro das pinturas a felicidade de sua esposa por estar ao lado de sua mãe.[2]

Eliseu Visconti[editar | editar código-fonte]

Eliseu d’Angelo Visconti nasceu em julho de 1866 na Itália. Em 1973, migrou para o Brasil, junto com a sua irmã, durante sua infância. Por conta de ter se mudado quando era muito novo, acabou naturalizando-se como brasileiro. No ano de 1883, iniciou seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios. Após dois anos, começou a estudar na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Eliseu Visconti - Autorretrato - 1940

No período de 1890, houve algumas rebeliões, resultando no abandono da Academia de Belas Artes, por professores e alunos, e fundaram o “Ateliê Livre”, onde Visconti foi aluno. Esse momento foi considerado uma de suas experiências dentro do contexto artístico brasileiro que o incentivou a começar a fazer pinturas de paisagens, e estudar sensações que as cores e a luz trazem tanto para a obra quanto para o local.

Em 1892, Eliseu voltou a frequentar a Escola Nacional de Belas Artes, quando recebeu um prêmio de Viagem à Europa, financiado pelo governo brasileiro. Assim, foi para a França a fim de aprofundar seus estudos em Paris e continuar com a sua profissão em artes, onde frequentou a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris, a École Guérin, onde foi aluno de Eugène Grasset, e a Académie Julian.[3]

Durante o seu período de estudos na França, Visconti abre-se a inovações, mudando suas pinturas dentro da temática e da realização da formação, utilizando técnicas do impressionismo e fazendo assimilações das técnicas do simbolismo[4] e da art-nouveau. Usou esses estilos de maneira muito pessoal, sem haver rompimento com os conhecimentos que adquiriu em sua formação no Brasil.

Na década de 1900, o artista retornou ao Brasil, casou-se com Louise, de origem francesa, e tiveram três filhos. Em 1901, fez sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Em 1903, conseguiu levar sua exposição a São Paulo, onde participou com mais 16 projetos de selos postais organizado pela Casa da Moeda. Já em 1905, o prefeito do Rio de Janeiro, convidou o artista a fazer as pinturas da sala de espetáculos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.[5]

Entre 1908 e 1913, Eliseu tornou-se professor de Pintura na Escola Nacional de Belas Artes, até que abdicou do cargo para poder voltar a Europa e trabalhar na decoração do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que foi concluída apenas em 1916. Nesse mesmo período, Visconti executou as pinturas de paisagens impressionistas do vilarejo de Saint-Hubert, onde morava a família de Louise. No período entre 1913 e 1920, viveu tanto na França quanto no Brasil, revezando entre os dois países. Até que Eliseu e sua família permaneceram-se apenas no Brasil.[6]

Após 1920, administrou a utilização das cores associando a efeitos de luz que passaram a ser características de suas telas. Também participou do processo de modernização do Rio de Janeiro, fazendo decorações para a Biblioteca Nacional, para o Palácio Tiradentes e para o Palácio Pedro Ernesto.[2]

Nos anos de 1950, a produção historiográfica concebeu Visconti como um dos precursores do modernismo no Brasil, a partir da noção da modernidade e da sua influência impressionista presente em suas obras, onde ficou claro que que o artista está entre dois contextos: o academicismo e o modernismo. [7]

Análise[editar | editar código-fonte]

O crítico Mário Pedrosa, escreveu o texto Visconti diante das modernas gerações, onde faz sua análise sobre as obras do artista Eliseu Visconti, coloca o pintor dentro de dois contextos artísticos: o academicismo e o modernismo. Segundo Pedrosa, o artista parece um desconhecido dentro das gerações modernas e da sociedade brasileira. Porém, Mário faz um esforço para aproximar Eliseu de outros modernistas. O crítico faz uma comparação entre Visconti e outros artistas consagrados pelo academicismo, como Almeida Júnior. Mário considera Eliseu como um mestre e que o mesmo seria considerado o marco divisório da pintura brasileira. Nesse texto, o crítico usa Visconti como reflexão de 1950, em que possui suas consequências ideológicas. Durante o período de 1940 e 1950, o artista foi classificado como o primeiro pintor impressionista brasileiro, segundo Pedrosa e outros historiadores brasileiros. De acordo com o crítico, o impressionismo revelou a verdadeira personalidade de Eliseu. O artista foi caracterizado como precursor de novas tendências dentro do contexto artístico brasileiro. Mário Pedrosa, também diz que os artistas modernos brasileiros poderiam ter estudado sobre a comunicação entre homem e natureza com as pinturas de Visconti, ao invés de apenas terem focado nas ideias das artes europeias, por conta de haver diversas lições para aprender dentro das obras do artista.[8]

De acordo com o crítico Seraphim Teixeira da Rocha, as paisagens de Visconti foram muito bem feitas, com utilização de uma boa luminosidade e de sensações nítidas. Segundo o crítico, Eliseu Visconti é um bravo pintor, com um talento vigoroso e também um trabalhador destemido e audacioso.

Segundo Miriam Seraphim, não havia necessidade do artista ir contra as regras acadêmicas por não se sentir preso a elas. Foram utilizadas suas habilidades que aprendeu durante sua formação, sempre com o seu efeito desejado, seu ideário impressionista, simbolista e pré-rafaelita.

O impressionismo utilizado por Eliseu recebeu diversas críticas, acusando sua influência impressionista atrasada. É possível observar o impressionismo viscontiano a partir das pesquisas sobre o movimento impressionista da Europa, assim possibilita uma compreensão melhor sobre a influência na formação e também na produção de Visconti. De acordo com Ana Cavalcanti, o pintor foi valorizado por ter sido introdutor do impressionismo entre os brasileiros. Porém, ao chegar perto das pinturas, percebe-se que a classificação de “pintor impressionista” não se harmoniza ao que é importante para o seu trabalho. Existe a influência do impressionismo, todavia trata-se apenas da utilização da técnica e não do seu engajamento.[5]

Parecia que Eliseu Visconti possuía uma outra forma de experimentar o mundo, que gerava mais reflexões. Para Meyer Schapiro, representar algo é um ato que utiliza as experiências do criadores de sua cultura e aprendizagem, de seus pensamentos e das disposições emocionais.[7]

Obras[editar | editar código-fonte]

Eliseu Visconti - Maternidade - 1906

É possível perceber nas obras Eliseu Visconti, principalmente em suas pinturas de paisagens, que há uma relação entre o homem e a natureza, com o objetivo do espectador fazer sua apreciação com mais vontade. O artista aprecia a liberdade criativa, interligando diversos estilos e os aproximando aos seus conhecimentos aprendidos no Brasil. Em suas obras, não fica preso à compreensão técnica e formal delas, estendendo em questões filosóficas e outras tendências que gostaria de passar para os espectadores. Em suas pinturas de paisagem, o artista faz uma relação da sua influência impressionista interrompendo ideias de cópia, simulacro e aprendizados técnicos. Durante sua vivência no contexto artístico francês, suas produções foram adicionadas às suas práticas impressionistas, consequentemente deu uma maior visibilidade às cenas de um homem moderno em uma paisagem local. Em que foram utilizadas técnicas de pinceladas mais soltas, aperfeiçoadas e a luminosidade local.[9]

Suas principais obras são Giuventú (1898), A Dança das Oréades (1899), obras premiadas na Exposição Internacional de Paris em 1900; Maternidade (1906), que marcou a época em que o artista destacou-se por suas qualidades de colorista.[7]

Outras obras que podem ser citadas são A Rosa (1909), cuja técnica aproxima-se do pontilhismo; O Retrato de Gonzaga Duque (entre 1908 e 1910), pintura do maior crítico de arte desse período.[10]

As pinturas para os painéis de decoração do foyer do Theatro Municipal que são Música, Inspiração Poética e Inspiração Musical; Cura do Sol (1920), seu cenário é o vilarejo de Saint Hubert; e a obra Moça no Trigal, que apresenta delicadeza dos tons e das tintas entre dourado e amarelo.[11]

Exposições[editar | editar código-fonte]

Abaixo estão algumas exposições coletivas e individuais que o artista participou:

  • 1890 - Exposição Geral de Bellas Artes. Rio de Janeiro, ABA - março - Exposição Coletiva
  • 1900 - Exposition Universelle Internationale, Paris - 14 abr. a 12 nov. - Exposição Coletiva
  • 1901 - Exposição na Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - Pintura e Arte Decorativa (Design) - maio - Exposição Individual
  • 1910 - Exposición Internacional de Bellas Artes, Santiago (Chile) - set. - Exposição Coletiva
  • 1915 - Exposição na Rue Didot 102, Montparnasse, Paris, França - trabalhos executados para o foyer do Theatro Municipal - jul - Exposição Individual
  • 1920 - Mostra de Arte - Exposição Brasileira, para visita do rei dos belgas, Alberto I, no Liceu de Artes e Ofícios, Rio de Janeiro - out - Exposição Coletiva
  • 1928 - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas, São Paulo, SP - Exposição Coletiva
  • 1933 - Exposição na Galeria Jorge, São Paulo - jul. - Exposição coletiva[12]
  • 1949 - Exposição Retrospectiva no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - Pintura, Desenho e Design - nov e dez. - Exposição individual [13]


Ver também[editar | editar código-fonte]


Referências

  1. a b https://eliseuvisconti.com.br/obra/P450
  2. a b Cultural, Instituto Itaú. «Eliseu Visconti». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  3. «Eliseu Visconti». Wikipédia, a enciclopédia livre. 4 de setembro de 2019 
  4. «Simbolismo». Wikipédia, a enciclopédia livre. 30 de outubro de 2019 
  5. a b ALVES , Fabíola Cristina. A Lição Viscontiana. 2016. 264 p. Dissertação (Pós-Graduação e Doutorado em Artes) - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", São Paulo, 2016.
  6. «Sobre o Pintor». Eliseu Visconti. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  7. a b c «Eliseu Visconti - biografia resumida, obras principais e estilo». www.suapesquisa.com. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  8. «Mário Pedrosa». Eliseu Visconti. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  9. «Eliseu Visconti principais obras - Guia das Artes». www.guiadasartes.com.br. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  10. Cultural, Instituto Itaú. «Obras de Eliseu Visconti». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  11. «Lista de pinturas de Eliseu Visconti». Wikipédia, a enciclopédia livre. 31 de julho de 2019 
  12. «Exposições Coletivas». Eliseu Visconti. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  13. «Exposições Individuais». Eliseu Visconti. Consultado em 6 de novembro de 2019 







[1]

Categoria:Pinturas de 1915

Categoria:Pinturas de Eliseu Visconti

  1. «Entre a França e o Brasil – 1901-1920». Eliseu Visconti. Consultado em 5 de novembro de 2019