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Azospirillum
Classificação científica
Reino: Bacteria Filo: Pseudomonadota Classe: Alphaproteobactéria Ordem: Rhodospirillacea Família: Azospirillacea Género: Azospirillum Espécie: Azospirillum agricola

Azospirillum é um gênero bacteriano Gram-negativo, microaerófilo, não fermentativo e fixador de nitrogênio da família Rhodospirillaceae. Essas bactérias podem promover o crescimento das plantas.

Nós vivemos na superfície de um oceano de gás nitrogênio. O ar que respiramos contem aproximadamente 79% de nitrogênio, e acima de acre de solo (a área de um campo de futebol americano, da linha do gol até a linha de 10 jardas opostas) fica uma coluna de nitrogênio pesando por volta de 32.000 toneladas. Porém, as únicas criaturas que conseguem usa-las são algumas espécies de bactérias.

A enzima nitrogenase responsável pela fixação de nitrogênio é anaeróbica, logo, evoluiu cedo na história do planeta, antes que a atmosfera tivesse uma quantidade razoável de oxigênio moléculas e depois que os compostos com nitrogênio estivessem disponíveis a partir da matéria orgânica decomposta.

O gênero Azospirillum inclui no grupo das bactérias promotoras do crescimento, e caracteriza-se por ser uma bactéria de vida livre, podendo ter comportamento de endofítica facultativa, conforme demonstrado em alguns estudos, e pode ser encontrada na maioria dos solos, em condições aerobiose e anaerobiose.

Esses micro-organismos atuam em simbiose com as plantas desempenhando um importante papel na absorção de nutrientes, neste caso, o nitrogênio. O gênero foi descoberto durante a década 1970 pela Dra. Johanna Dobereiner e seus colegas, e inicialmente anunciada como promotor de crescimento vegetal associativo para cereais. Em sequência, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), representada pelo pesquisador Dr. Fábio Pedrosa, também direcionou suas pesquisas com Azospirillum, sendo um polo de referência desse assunto.

O gênero Azospirillum são bactérias de vida livre que são encontrados em quase todos os lugares da terra; há relatos, também, de que as bactérias desse gênero podem ser endofíticas facultativas. A espécie Spirillum lipoferum foi inicialmente descrita por Beijerinck e, em 1978, foi proposta a sua reclassificação como Azospirillum, juntamente com a descrição de duas espécies, Azospirillum lipoferum e Azospirillum brasilense, hoje estão descritas 14 espécies no gênero.

A propriedade de fixar nitrogênio em vida livre foi responsável pela mudança no nome do gênero Spirillum, sendo adicionado o prefixo “azo”, alusivo ao nome utilizado por Lavoisier para denominar o elemento nitrogênio. É curioso mencionar que a palavra “azote” foi dada por Lavoisier por considerar o nitrogênio como um elemento tão inerte que seria “impróprio para manter a vida”. Hoje, porém, sabe-se que o nitrogênio é a base de toda a vida do planeta, por ser constituinte fundamental dos ácidos nucleicos, aminoácidos e proteínas.

Uma comparação de raízes de Arabidopsis com e sem a bactéria Azospirillum. Fotos de Eric Land, usadas com permissão. Layout por TA Toennisson.

Exemplo de aplicabilidade

O milho, um dos cereais mais plantados no mundo, é a base alimentar para milhões de pessoas e uma das espécies de planta mais estudada e melhorada. Pelo seu crescimento rápido, apresenta elevada demanda de nutrientes, especialmente nitrogênio e fósforo; por isso pode se beneficiar da associação com bactérias diazotrófïcas. Estudou-se o desenvolvimento vegetativo da variedade milho Assum Preto, na presença da estirpe de Azospirillum, BR 11084, utilizando-se para comparação a dose de nitrogênio recomendada para a cultura do milho. Foram avaliados a altura das plantas, o diâmetro do coleto, a massa seca da parte aérea e da raiz e a relação massa seca da raiz com a massa seca da parte aérea do milho. O trabalho foi estruturado em delineamento em blocos casualizados com 4 tratamentos (1- controle: sem bactéria e sem nitrogênio; 2- estirpe BR 11084; 3- adubação com nitrogênio; 4-estirpe BR11084+N).

Exceto para diâmetro do coleto, o tratamento 4 apresentou a maior média para as demais características, porém não diferiu dos tratamentos 2 e 3 nas características altura e diâmetro do coleto respectivamente; o controle teve as menores médias e diferiu significativamente em todas as características. O tratamento 2 não diferiu significativamente do tratamento 3; nas características matéria seca da parte aérea e da raiz, a relação da matéria seca da raiz com matéria seca da parte aérea do milho não houve diferença significativa. Baseando-se nas respostas das características estuda, as maiores médias foram obtidas para os tratamentos que foram inoculados com bactéria e recebera adubação nitrogenada.

Espécies conhecidas

Nome	Artigo que primeiro descreveu a espécie	Detalhes sobre a espécie
Azospirillum agricola	Lin et al. 2016	Isolado do solo agrícola no Taiwan
Azospirillum brasilense	corrig. Tarrand et al. 1979	Isolado de raízes de gramíneas na América do Sul; Uma das espécies mais bem estudadas do gênero; Fortemente pesquisado para aplicações na agricultura; Usado comercialmente para promover o crescimento das culturas, especialmente na América do Sul.
Azospirillum canadense	Mehnaz et al. 2007	Isolado de raízes de milho no Canadá
Azospirillum doebereinerae	Eckert et al. 2001	Isolado das raízes de Miscanthus na Alemanha
Azospirillum fermentarium	Lin et al. 2013	Isolado de um tanque de fermentação no Taiwan
Azospirillum formosense	Lin et al. 2012	Isolado do solo agrícola no Taiwan
Azospirillum griseum	Yang et al. 2019	Isolado da água do Lago Baiyang na China
Azospirillum halopraeferens	Reinhold et al. 1987	Isolado de grama Kallar tolerante ao sal no Paquistão; Foi mostrado sobrevivendo na água do mar após inoculação experimental nas raízes de manguezais
Azospirillum humicireducens	Zhou et al. 2013	Isolado de uma célula de combustível microbiana na China
Azospirillum largimobile	corrig. (Skerman et al. 1983) Ben Dekhil et al. 1997	Isolado da água de um lago na Austrália; originalmente chamado Conglomeromonas largomobilis
Azospirillum lipoferum	Tarrand et al. 1979	Primeira espécie a ser descrita no gênero; Primeiro isolado do solo do jardim
Azospirillum melinis	Peng et al. 2006	Isolado da grama de melaço na China
Azospirillum oryzae	Xie and Yokota 2005	Isolado de raízes de arroz no Japão
Azospirillum palustre	Tikhonova et al. 2019	Isolado de turfa de esfagno na Rússia; Pode usar metanol como fonte de alimento
Azospirillum picis	Lin et al. 2009	Isolado do alcatrão no Taiwan
Azospirillum ramasamyi	Anandham et al. 2019	Isolado de produtos de fermentação bovina na Coreia
Azospirillum rugosum	Young et al. 2008	Isolado de solo contaminado com óleo no Taiwan
Azospirillum soli	Lin et al. 2015	Isolado do solo agrícola no Taiwan
Azospirillum thermophilum	Zhao et al. 2020	Isolado de uma fonte termal na China
Azospirillum thiophilum	Lavrinenko et al. 2010	Isolado de uma fonte de sulfeto na Rússia
Azospirillum zeae	Mehnaz et al. 2007	Isolado de raízes de milho no Canadá