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Magelonidae[editar | editar código-fonte]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMagelonidae
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Annelida
Classe: Polychaeta
Ordem: Canalipalpata
Subordem: Spionidae
Família: Magelonidae
Cunningham & Ramage, 1888
Gêneros
Magelona

Octomagelona


Magelonidae é uma família de animais, exclusivamente marinhos, da classe Polychaeta, representantes do filo Annelida. Possuem um corpo alongado e dividido em duas regiões, prostômio e peristômio. Os magelonídeos possuem uma característica exclusiva entre os poliquetas, um prostômio achatado, com a forma de uma pá, provido de longos palpos inseridos ventralmente[1]. São poliquetas bentônicos, ou seja, são encontrados no substrato, geralmente enterrados sob ele, portanto, podem ser considerados animais escavadores.


Morfologia[editar | editar código-fonte]

Morfologia Externa[editar | editar código-fonte]

Os magelonídeos têm uma morfologia única, possuem um corpo longo e fino, porém apresentam um prostômio em forma de pá, com longos palpos preênseis inseridos ventro-lateralmente, que são utilizados na captura de alimento. Esses animais não apresentam olhos ou órgãos nucais. Possuem uma faringe eversível, evertida através da pressão hidrostática do sangue e não por ação direta de músculos, utilizada apenas para escavação[2]. Além disso, não possuem mandíbulas. O corpo desses animais é segmentado e cada segmento contém parapódios birremes, com notopódio e neuropódio lamelares, exceto o primeiro segmento. Não possuem cirros dorsais ou ventrais e as brânquias também estão ausentes neste grupo. Suas cerdas são cerdas simples.[3]

Tubo[editar | editar código-fonte]

A construção de tubos não é um hábito muito comum para a maioria das espécies de magelonídeos. Porém, algumas espécies são capazes de formar tubos mucosos com alguns grãos de areia colados a ele. Outras espécies, como M. polydentata, têm tubos com várias camadas, podendo ter detritos calcários como tecas de foraminíferos em sua estrutura[2]

Morfologia Interna[editar | editar código-fonte]

Esses animais apresentam um sistema circulatório hemal fechado, que consiste de um vaso dorsal anterior, dividido em câmaras por válvulas. [2] Além disso, os magelonídeos são os únicos representantes dos anelídeos que possuem hemeritrina como proteína transportadora de oxigênio. Realizam trocas gasosas através da difusão, e seus palpos preênseis são órgãos respiratórios também, utilizados além da captura de alimento.[1]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Pouco se sabe acerca da reprodução desses animais. Observa-se que são animais dióicos, a fertilização é externa e possuem um estágio larval planctônico.[1][4]

Diversidade[editar | editar código-fonte]

Hábitos[editar | editar código-fonte]

A grande maioria das espécies de magelonídeos habita águas rasas, costeiras e plataformas continentais. Algumas espécies, porém, habitam águas profundas, variando entre 1000 e 4000m de profundidade.[2] Poucas espécies desses animais foram descritas até hoje, devido à uma falta de estudos em relação a esse grupo. Aqui no Brasil observamos algumas espécies, descritas por Bolívar & Lana em 1986.[5] Além disso, observamos um maior número de espécies descritas no Golfo do México, na Tailândia e na Austrália, por conta de outros estudos envolvendo esses animais nessas localidades.[1] Poucas espécies são capazes de perfurar substratos mais duros como rochas, portanto, a grande maioria das espécies de magelonídeos é encontrada em sedimentos "moles" como areia, lodo. Isso os caracteriza como animais bentônicos[1]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Em geral, são considerados animais comedores de depósito de superfície, ou seja, se alimentam do sedimento que pode conter restos de matéria orgânica.[2] Contudo, também podem se alimentar utilizando seus palpos, quando já estão enterrados, deixando-os estendidos na interface coluna d'água-sedimento, capturando partículas de alimento na corrente e movendo ativamente até a boca.[1][2]

A dieta desses animais é bem variada, tendo em vista que podem atuar de diferentes maneiras na obtenção de alimento. Alguns de seus alimentos são detritos, diatomáceas, algas, esporos, foraminíferos, tintinídeos, larvas de crustáceos, moluscos e de outros anelídeos e sedimento.[2]

Taxonomia e Filogenia[editar | editar código-fonte]

Este grupo foi elevado a categoria de família por Cunningham e Ramage em 1888, situando-se dentro do grupo Spionomorpha, junto com grupos como Chaetopteridae e Trochochaetidae. Posteriormente, foi incluído na subordem Spionida, dentro dos Canalipalpata. Porém, os pesquisadores viam que esses animais não apresentavam características tão semelhantes aos outros grupos do mesmo clado. Recentemente, estudos moleculares mostraram que o grupo Magelonidae, na realidade, atua como grupo irmão de Annelida fazendo parte de um grupo chamado Palaeoannelida, em conjunto com o grupo Oweniidae.[6] [4]

Como se trata de um grupo com pouco estudo, não se sabe muito sobre os gêneros de magelonídeos. Ao longo das décadas foram descritos seis gêneros de magelonídeos, porém estudos recentes concluíram que se tratava apenas dois gêneros, sendo eles Magelona e Octomagelona.[4]


Cladograma de Palaeoannelida baseado em artigo da revista Nature
Cladograma de Palaeoannelida baseado em artigo da revista Nature[7]















Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f Beesley, P.L; Ross, G.J.B; Glasby, C.J. (2000). Polychaetas and Allies. [S.l.]: Australian Biological Resources Study/CSIRO Publishing 
  2. a b c d e f g Purschke, Günter 1954- Herausgeber Böggemann, Markus 1968- Herausgeber Westheide, Wilfried 1937- Herausgeber. Annelida basal groups and Pleistoannelida, Sedentaria I. [S.l.: s.n.] OCLC 1100124547 
  3. FAUCHALD, KRISTIAN; ROUSE, GREG (abril de 1997). «Polychaete systematics: Past and present». Zoologica Scripta. 26 (2): 71–138. ISSN 0300-3256. doi:10.1111/j.1463-6409.1997.tb00411.x 
  4. a b c «WoRMS - World Register of Marine Species - Magelonidae Cunningham & Ramage, 1888». www.marinespecies.org. Consultado em 18 de junho de 2020 
  5. Bolívar, Germán Armando; Lana, Paulo da Cunha (1986). «MAGELONIDAE (ANNELIDA, POLYCHAETA) DO LITORAL SUDESTE DO BRASIL». Revista Nerítica. 1 (3). ISSN 0102-6224. doi:10.5380/rn.v1i3.41200 
  6. Weigert, Anne; Bleidorn, Christoph (1 de junho de 2016). «Current status of annelid phylogeny». Organisms Diversity & Evolution (em inglês). 16 (2): 345–362. ISSN 1618-1077. doi:10.1007/s13127-016-0265-7 
  7. Chen, Hong; Parry, Luke A.; Vinther, Jakob; Zhai, Dayou; Hou, Xianguang; Ma, Xiaoya (11 de junho de 2020). «A Cambrian crown annelid reconciles phylogenomics and the fossil record». Nature (em inglês): 1–4. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/s41586-020-2384-8