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Sítio Arqueológico Abrigo Bico de Pedra[editar | editar código-fonte]

O abrigo Bico de Pedra faz parte de um conjunto de sítios arqueológicos que estão localizados ao longo do Rio Tocantins até a interrupção da serra na altura da foz do Rio Lajeado. Nesse trecho estão as menores distâncias entre a escarpa e o rio, bem como as encostas mais íngremes e a visibilidade de maior alcance da Depressão do Médio Tocantins. Sua cronologia regional que iniciou na transição entre o Pleistoceno e o Holoceno, teve sua desenvoltura ao longo de todo o Holoceno, embora não de forma homogênea nesse período.

Em sua totalidade, é o abrigo que apresenta a melhor conservação de pinturas rupestres na área de pesquisa. O sítio possui 29 metros de extensão com abertura para o noroeste, metade dele apresenta uma superfície plana com até 7 metros de profundidade de área abrigada, praticamente livre de matacões e atualmente arborizada. Por outro lado, o restante da área se encontra repleta de blocos abatidos de até 3 metros de altura, os quais formam um corredor juntamente ao paredão, ocupando o espaço abrigado entre a parede e o início do declive.

O intenso intemperismo comum nos demais sítios da região, aqui se limitou apenas às faixas inferiores do suporte. A precipitação de óxido de ferro ocorrida em faixas periféricas ocasionou em grandes manchas alaranjadas, principalmente nas paredes correspondentes ao setor mais “habitável” do abrigo. De um modo geral, o sítio se torna importantíssimo ao oferecer longas paredes lisas em tonalidade cinza claro, de granulometria mais fina, resultado de um nível de decorticação mais recente em relação ao que foi observado na maioria dos sítios vizinhos.

O sítio se divide naturalmente em terreno desimpedido e terreno ocupado por matacões, essas duas metades correspondem a uma diaclase que aparece no suporte rochoso. Existem ainda duas outras diaclases dividindo o suporte na zona de blocos abatidos, e cada uma dessas partes é referido como painel, uma divisão arbitrária que não corresponde a interrupções na mancha gráfica e sim a rupturas no suporte. O primeiro e maior painel, localizado no início do sítio, possui 13 metros de extensão e compreende a parte habitável e plana do abrigo. Os dois painéis seguintes estão em frente a matacões empilhados, alguns com bordas acentuadas de até 3 metros de altura, outros feitos de blocos largos e planos, já no final do sítio.

Território[editar | editar código-fonte]

O Abrigo localiza-se na unidade geomorfológica do Planalto Residual do Tocantins conhecida como Serra do Lajeado. A Serra do Lajeado encontra-se no centro do estado do Tocantins nas proximidades de Palmas, sua capital. Este Sítio insere-se em um complexo de sítios arqueológicos que possuem informações cronológicas e materiais bem como arte rupestre, material lítico, cerâmico, vegetal e faunístico.

O período mais antigo de ocupação identificado até o momento, definido entre 12.000 e 9.000 anos A.P., é caracterizado por sítios arqueológicos com conjuntos líticos nos quais observa-se uma alta seleção de matéria-prima e produção majoritária de artefatos unifaciais, cujas sequências de produção apresentam características similares ao que se identifica em outros locais do Brasil Central no mesmo período e que se convencionou chamar de "T. Itaparica" (BUENO, 2005).

A região da Serra do Lajeado desde a década de 1980 é conhecida por seus sítios rupestres. Os grafismos encontrados nesses sítios em suma, são zoomórficos, antropomórficos e uma vasta variedade de geométricos representados de diversas maneiras, com contorno aberto ou fechado, revelando também seres de aparência híbrida entre as categorias apresentadas, com manifestação em tinta geralmente vermelha ou amarela, ou ainda, as duas, categorizando assim um estilo de bicromia, ou seja, a utilização de duas cores num só grafismo. Especificamente nos Abrigo do Jon e Bico de Pedra, encontramos arte rupestre distribuída pelos paredões, formando diferentes painéis bastante desgastados o que dificulta sua segregação.

Datação[editar | editar código-fonte]

Ao que concerne a datação desse abrigo, organizadas por ordem cronológica, as datas indicam ao menos 4 momentos de ocupação do abrigo: o primeiro no início do Holoceno, entre 8.200-8.900 anos A.P., o segundo no Holoceno recente, com datas entre 1100-1200 A.P. (cerca de 850 A.D.), o terceiro também no Holoceno recente com uma data de 660 A.P. (cerca de 1350 A.D.) e o último com uma data de 350 A.P. (cerca de 1550 A.D.)

Habitação[editar | editar código-fonte]

Segundo estudos recentes, há a hipótese de que a ocupação dos abrigos da Serra do Lajeado se associa a uma ocupação vinculada a Tradição Aratu, que possivelmente parte dos registros gráficos existentes no Abrigo do Jon e Vão Grande foram produzidos durante essa ocupação (BUENO, p. 144).

Referências[editar | editar código-fonte]

BERRA, J. C. A. As pinturas rupestres pré-históricas de contorno aberto na Serra do Lajeado-TO: similaridades e diversidades com as pinturas de contorno aberto no Parque Nacional Serra da Capivara. 2015. Dissertação de Doutorado, Programa de pós-graduação em Arqueologia, UFPE.

BUENO, L. et al. Abrigo do Jon e a dinâmica de ocupação do médio Tocantins ao longo do holoceno. Especiaria - Caderno de Ciências Humanas. v. 17, n. 30, jan/junho. 2017, p. 115-149.