Usuário(a):Gcvr93/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ieda Santos Delgado
Nascimento 09 de julho de 1945
Rio de Janeiro, Brasil
Morte 11 de abril de 1974 (28 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileira
Ocupação advogada, militante, funcionária pública

Ieda Santos Delgado (Rio de Janeiro, 09 de julho de 1945São Paulo, 11 de abril de 1974), filha de Eunice Delgado e Arthur Odorico Delgado, foi uma estudante de Direito da Universidade de Brasília (UNB), militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e desaparecida política na ditadura militar brasileira.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carioca e afro-descendente, Ieda era advogada e funcionária do Ministério de Minas e Energia há cerca de quatro anos. Embora militante da ALN, conseguiu manter a vida em completa legalidade até ser presa em São Paulo, em 11 de abril de 1974, quando desapareceu. Seu nome consta na lista de mortos e desaparecidos políticos na ditadura militar brasileira anexa à Lei nº 9.140/95.[2]

Sua atuação política teve início entre 1967 e 1968, em Brasília, quando estudava Direito na UnB e participava discretamente das mobilizações estudantis que marcaram o período. Formou-se advogada em 1969 e falava francês, italiano, inglês e espanhol. Como funcionária do Ministério de Minas e Energia, fez curso de especialização na PUC do Rio de Janeiro, de setembro de 1971 a março de 1972. No mesmo ano, fez também outros cursos na Universidade Cândido Mendes.

Tinha trabalhado como assistente da assessoria jurídica do Ministério da Educação e Cultura, no Plano Nacional de Educação, de 1967 a 1970. Foi estagiária e, depois, assistente jurídica do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia e, em 1973, foi secretária jurídica do Centro de Pesquisas Experimentais. Ao ser presa, aguardava sua transferência para Brasília. Durante algum tempo, trabalhou também no suplemento literário do jornal Tribuna da Imprensa.

Desaparecimento[editar | editar código-fonte]

Ieda viajou para São Paulo durante os feriados da Semana Santa de 1974, no dia 11 de abril, data oficial de sua morte, para buscar passaportes para um casal de militantes da ALN que precisava deixar o país. Não retornou ao Rio de Janeiro. Por telefonema anônimo, sua família soube que ela tinha sido presa em São Paulo.

Sua mãe, Eunice, imediatamente viajou para São Paulo e iniciou uma busca desesperada pelo paradeiro da filha. Chegou a obter a informação, através de um general seu amigo, de que Ieda estivera presa em Campinas, tendo sido hospitalizada em função das torturas, e também em Piquete onde permanecera por pouco tempo. Tais informações, oficiosas, nunca foram confirmadas.

De acordo com o dossiê da Comissão de Mortos e Desaparecidos, a família conseguiu contatar João Batista Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Informações, que teria afirmado que Ieda era perigosa e deveria estar foragida.[3] Ainda segundo o dossiê, um advogado não nomeado afirmou que Ieda foi assassinada por ter visto um companheiro morrer sob tortura.

Os diversos habeas-corpus impetrados foram negados. Um mês depois da prisão da filha, Eunice passou a receber cartas de Ieda, o que a deixou ainda mais aflita. Inicialmente, em cinco linhas, em carta postada em Belo Horizonte, Ieda dizia para que a família não se preocupasse, que estava bem. Um mês depois outra carta, nos mesmos termos, postada do Uruguai. Nessa última, sua letra estava muito tremida. Eunice fez exames grafológicos e constatou que a letra era de Ieda.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Ieda Santos Delgado foi homenageada, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, com a denominação de ruas em bairros da periferia; no bairro do Jardim Toca, na capital paulista, e outra localizada no bairro carioca de Paciência.

Em 2012, dois ex-estudantes da UNB, onde Ieda estudou - Aldir Nunes e Betty Almeida, jornalista e integrante do Comitê da Verdade do Distrito Federal, respectivamente - realizaram o ato Tortura Não Tem Perdão a fim de prestar homenagem aos três alunos da universidade que desapareceram durante o período militar.

"A Ieda foi uma pessoa pacata e muito humana. Sua participação política se deu basicamente no sentido de apoio. Nunca esteve na luta armada nem nada do gênero", declarou Álvaro Lins[4], que conhecera Ieda, na ocasião.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. «Acervo - Mortos e Desaparecidos Políticos». Consultado em 13 de junho de 2014 
  2. Site oficial do Palácio do Planalto. «Lei nº 9.140/95». Consultado em 14 de junho de 2014 
  3. Daniel Faria. «Em memória de Ieda Santos Delgado». Consultado em 14 de junho de 2014 
  4. Site oficial da Universidade de Brasília. «Ex-estudantes celebram memória de amigos mortos pelo regime militar». Consultado em 14 de junho de 2014