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Biopolítica é um neologismo que pode referir-se a vários conceitos diferentes, embora compatíveis. Ele foi utilizado por diversos autores em diferentes épocas. Contudo, o termo tornou-se mais difundido e ampliado a partir da obra do filósofo francês Michel Foucault.
Antes de abordar biopolítica em Foucault, vale fazer um fazer um traçado histórico sob outros olhares. Neste sentido, temos Rudolf Kjellén (1864-1922) como um dos primeiros estudiosos a fazer o uso desse conceito. Para ele, a biopolítica possuía um princípio organicista, que atribuía à vida o lugar de base para a conceituação do Estado.
De acordo com Ramos e Freitas, o organicismo, citado por Kjellén, é a pedra-de-toque quando o assunto em questão é a origem da biopolítica[1]. Sendo que, através da mesma, foi possível repensar o Estado e as inúmeras formas de interpretá-lo, assim, reconfigurando a tradicional forma jurídico-política para um modus biológico.
Retomando Foucault, no século XIX, havia um tipo de poder soberano, onde a disciplina centrava-se no corpo individual e o rei detinha o poder de vida e morte de seus súditos. Por meio de uma concepção que aproximava-se de "fazer morrer e deixar viver". Na biopolítica, a ideia é “fazer viver e deixar morrer”. Como mencionado, a biopolítica trabalha com a noção de população. Desse modo, o Estado também passa a cuidar da saúde e da higiene das pessoas, além de ser capaz, não somente de disciplinar essa população, mas controlá-la de acordo com padrões normalizadores.
Para Michel Foucault, na biopolítica, esses padrões normalizadores se dão através de algumas instituições de sequestro, outro conceito bastante abordado pelo autor, que coloca o hospital, a escola, o quartel, a polícia, entre outras instituições disciplinares como sendo capazes de adestrar o corpo do indivíduo e alienar suas competências políticas.
Conceitos[editar | editar código-fonte]
- Na obra de Michel Foucault, é o estilo de governo que regulamenta a população através do biopoder (a aplicação e impacto do poder político sobre todos os aspectos da vida humana).[2][3]
- Nas obras de Michael Hardt e Antonio Negri, é a insurreição anticapitalista que usa a vida e o corpo como armas; entre os exemplos, estão os refugiados e o terrorismo suicida. Conceitualizado como o oposto do biopoder, o qual é visto como a prática da soberania em condições biopolíticas.[4]
- A aplicação política da bioética.[5][6]
- Um espectro político que reflita posições no rumo da biotecnologia.[5][6]
- Advocacia política em prol ou em oposição à biotecnologia.[5][6]
- Políticas públicas relativas à biotecnologia.[5][6]
Biopolítica e biopoder[editar | editar código-fonte]
A biopolítica é um campo que permite agregar, aproximar, associar setores da realidade relacionados com a vida, a natureza e o conhecimento, cujas mudanças ao longo do tempo foram provocadas pela indústria, pela ciência e pela tecnologia, que hoje disputam o campo político-econômico mundial.[7]
A origem do conceito de biopolítica, do grego bios politikós, se relaciona com outro conceito, o de biopoder. O último se baseia na vida submetida ao poder da política.
Já o biopoder compreende, justamente, essa tecnologia de poder, um modo de exercer controle de populações inteiras, sendo justificado com argumentos como proteção à vida, regulação do corpo e proteção de outras tecnologias. A emergência do biopoder se dá a partir da firmação da governamentalidade, ou seja, um conjunto de instituições, práticas e formas de pensamentos próprias de como exercer o poder.
As disciplinas, a normalização por meio da medicalização social, a emergência de uma série de biopoderes e a aparição de tecnologias do comportamento são construtos da biopolítica.
Referências
- ↑ «Notas sobre biopolítica: organicismo e politicismo antecedentes a Michel Foucault». UNIFAP. Revista PRACS - Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais. 12. 2019
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em Authors list (ajuda) - ↑ Michel Foucault, editado por Jeremy R. Carrette (1999). Religion and culture: Michel Foucault. [S.l.: s.n.] ISBN 0-415-92362-X
- ↑ Fazer viver é deixar morrer por Susel Oliveira da Rosa in "Dossiê Foucault", n. 3, dezembro 2006/março 2007.
- ↑ Michael Hardt e Antonio Negri. Multitude: War and Democracy in the Age of Empire. Hamish Hamilton, 2005.
- ↑ a b c d Hughes, James (2004). Citizen Cyborg: Why Democratic Societies Must Respond to the Redesigned Human of the Future. [S.l.]: Westview Press. ISBN 0-8133-4198-1
- ↑ a b c d Rifkin, Jeremy (31 de janeiro de 2002). «Fusion Biopolitics». The Nation. Consultado em 16 de março de 2008
- ↑ Cadernos de biopolítica em sermulher.org. Acessado em 14 de setembro de 2021.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Biopolítica: o que é? em ONG Criola. Acessado em 11 de abril de 2008.
- CAPONI, Sandra. A biopolítica da população e a experimentação com seres humanos em Scielo. Acessado em 11 de abril de 2008.
- ROCHA, José Manuel de. Biopolítica: racionalidade e banalidade da violência em Philoterapia. Acessado em 11 de abril de 2008.
- ROTANIA, Alejandra. Aproximações à BIOPOLÍTICA em Fundación Heinrich Böll. Acessado em 11 de abril de 2008.